Uma descoberta surpreendente pode mudar tudo o que sabemos sobre a origem da Lua. Segundo um estudo liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, a formação do nosso satélite natural pode ter ocorrido há cerca de 4,53 bilhões de anos, ou seja, mais de 200 milhões de anos antes do que se acreditava anteriormente.
Essa nova datação não apenas reescreve a cronologia lunar, mas também transforma como compreendemos a evolução do Sistema Solar. O que parecia ser um consenso científico foi desafiado por um grupo de cristais com uma história antiga a contar.
Os cristais que contam histórias milenares da Lua
O grande ponto de virada veio da análise de minúsculos cristais de zircão encontrados em amostras lunares. Esses cristais são como cápsulas do tempo: ao se formarem, eles aprisionam elementos como urânio, que lentamente se transforma em chumbo. A partir dessa taxa de transformação, os cientistas conseguem determinar a idade exata das rochas.
A análise revelou idades entre 4,46 e 4,51 bilhões de anos, valores que desafiam a data tradicional de formação lunar. No entanto, a superfície da Lua pode ter passado por um intenso reaquecimento que alterou as evidências originais. Esse processo, conhecido como “aquecimento por maré”, ocorre quando as forças gravitacionais entre Terra e Lua provocam deformações e até o derretimento da crosta lunar.
Efeitos do aquecimento por maré incluem:
- Rejuvenescimento de rochas, apagando sinais mais antigos
- Modificação da crosta, dificultando a análise geológica
- Redistribuição de minerais, alterando a composição observável

Esse cenário ajuda a explicar por que rochas trazidas pelas missões Apollo parecem mais “jovens” do que a Lua realmente é.
O que mais podemos descobrir com essa nova linha do tempo?
Se a Lua se formou antes do que imaginávamos, isso muda completamente nossa visão sobre os primeiros momentos do Sistema Solar. As cicatrizes na sua superfície ou a ausência delas também ganham novas interpretações. A falta de grandes bacias de impacto, por exemplo, pode ser resultado do derretimento que suavizou ou apagou esses registros.
Além disso, há uma intrigante diferença na presença de metais pesados entre a Lua e a Terra. Essa variação pode ser consequência direta do processo de reaquecimento, que teria redistribuído ou até eliminado certos elementos da crosta lunar.
Essas descobertas nos ajudam a:
- Compreender os ciclos térmicos da Lua
- Reavaliar modelos de formação planetária
- Preparar futuras missões de coleta de amostras com novos critérios
A missão Chang’e 6, da China, promete trazer novas amostras que podem confirmar ou refutar essas revelações. Enquanto isso, a ciência lunar ganha fôlego com cada nova descoberta, lembrando-nos de que o passado do universo ainda guarda muitos mistérios à espera de serem revelados.