O debate sobre os supersalários no Brasil tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente devido ao impacto financeiro significativo que representam para o orçamento público. Em 2023, foi estimado que R$ 11,1 bilhões foram gastos com salários que ultrapassam o teto constitucional, gerando discussões sobre a moralidade e a eficiência do serviço público. Esses valores, isentos de Imposto de Renda, poderiam ser alocados em programas sociais, como o Bolsa Família, beneficiando milhões de famílias brasileiras.
O projeto de lei que visa regulamentar os supersalários está em tramitação no Congresso, mas enfrenta críticas por criar exceções que permitem a manutenção de remunerações acima do teto. Essas exceções incluem benefícios como pagamento em dobro de férias e ressarcimento de planos de saúde, o que, segundo críticos, compromete a moralidade no serviço público.
Quais são as exceções previstas no projeto de lei?

O projeto de lei em discussão no Congresso propõe 32 exceções que permitiriam que certos servidores públicos continuassem a receber salários acima do teto constitucional, atualmente fixado em R$ 46,3 mil. Entre essas exceções, destacam-se pagamentos adicionais por férias e reembolsos de despesas médicas. Quatro dessas exceções, por si só, teriam um custo estimado de R$ 3,4 bilhões em 2025, conforme relatório do Movimento Pessoas à Frente.
Essas exceções são vistas como uma forma de contornar o teto salarial, mantendo altos salários em algumas carreiras específicas do setor público. A percepção pública sobre os servidores é afetada por essa situação, com uma parte significativa da população acreditando que a maioria dos servidores recebe acima do teto, embora apenas uma pequena fração realmente o faça.
Quais são as propostas das organizações do terceiro setor?
Um grupo de organizações do terceiro setor se manifestou contra o projeto de lei dos supersalários, propondo alternativas para lidar com o problema. Entre as propostas, está a criação de um novo projeto de lei que classifique as diferentes verbas recebidas pelos servidores, distinguindo entre remunerações básicas e indenizatórias. As indenizatórias, frequentemente usadas como “penduricalhos“, precisariam atender a critérios específicos, como ressarcir despesas de trabalho e ter caráter eventual.
Além disso, as organizações defendem a aplicação correta do Imposto de Renda sobre os salários dos servidores e que verbas acima do teto sem amparo legislativo sejam tratadas como improbidade administrativa. Essas medidas visam aumentar a transparência e a eficiência no uso dos recursos públicos.
Qual é o impacto dos super salários na percepção pública?
A questão dos supersalários afeta a percepção pública sobre o serviço público no Brasil. Uma pesquisa do Datafolha de 2023 revelou que 25% da população acredita que a maioria dos servidores públicos recebe acima do teto salarial. No entanto, dados do Instituto República.org indicam que apenas 0,06% dos servidores têm supersalários. Essa discrepância entre percepção e realidade destaca a necessidade de maior transparência e comunicação sobre a remuneração no setor público.
O debate sobre os supersalários é um reflexo das tensões entre a necessidade de uma administração pública eficiente e a moralidade na gestão dos recursos públicos. As propostas das organizações do terceiro setor buscam endereçar essas questões, promovendo um serviço público mais justo e transparente.