A Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, revelou um avanço significativo na produção de mudas de abacaxi por meio da microbiolização. Este processo inovador promete acelerar em até 34% o tempo de produção, permitindo três ciclos produtivos no mesmo período em que antes eram realizados apenas dois. O estudo, focado na variedade BRS Imperial, foi publicado na revista Scientia Horticulturae e destaca a importância dessa técnica para a agricultura brasileira.
O cultivo de abacaxi no Brasil enfrenta desafios, principalmente devido ao longo período necessário para a produção de mudas, que pode levar até um ano. Com uma demanda de mais de 30 mil mudas por hectare, a microbiolização surge como uma solução promissora para otimizar o tempo e reduzir custos, tornando o processo mais eficiente e sustentável.
Como a microbiolização funciona para plantar abacaxi?

A microbiolização envolve a aclimatização de mudas micropropagadas, utilizando microrganismos que promovem o crescimento das plantas. No estudo da Embrapa, foram testados microrganismos em diferentes ambientes de produção, desde o estágio de enraizamento in vitro até a aclimatização em casas de vegetação e condições de semicampo. A descoberta de bactérias benéficas no solo onde o abacaxi é cultivado foi crucial para o sucesso da técnica.
Essas bactérias, quando isoladas, mostraram-se promissoras e estão agora em fase de testes de campo. O tempo de aclimatização das mudas foi reduzido de 180 dias para entre 120 e 135 dias, resultando em uma eficiência de 25% a 34%. Isso representa uma economia significativa para as biofábricas e um aumento na viabilidade econômica da multiplicação de mudas.
Quais são os benefícios para os produtores?
Os benefícios da microbiolização vão além da redução do tempo de produção. A técnica proporciona mudas mais resistentes e sadias, essenciais para atender à alta demanda do mercado. Além disso, o uso de microrganismos do próprio microbioma do abacaxi é uma abordagem inovadora que minimiza perdas e promove o crescimento das plantas.
A pesquisa também visa oferecer aos produtores um material propagativo de melhor qualidade, com potencial para transformar a produção de abacaxi no Brasil. A utilização de mudas micropropagadas, livres de doenças, é uma alternativa recomendada para o estabelecimento de matrizes de abacaxi, garantindo um padrão de qualidade e sanidade vegetal.
O futuro da produção de abacaxi no Brasil
Com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Embrapa continua a investir em pesquisas para aprimorar o cultivo do abacaxi. A Rede Ananás, responsável pela multiplicação de mudas em larga escala, utiliza a técnica do corte do talo da planta para atender à demanda crescente.
O próximo passo é verificar se as mudas terão o mesmo desempenho no campo que apresentaram na casa de vegetação. A expectativa é que a microbiolização possa ser adotada amplamente, beneficiando produtores em todo o país e contribuindo para um sistema de produção mais sustentável e eficiente.