Expressão artística dos corpos em movimento, a dança acessa os sentimentos do público através da visão. Mas seria esse o único sentido capaz de captá-la? A Cia Ananda prova que não. A partir desta semana, o grupo belo-horizontino levará aos centros culturais da capital os espetáculos gratuitos Olhos meus e Lágrimas de floresta, cuja proposta é vendar a plateia e proporcionar uma experiência sensitiva diferenciada de apreciação da dança contemporânea.
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Em Olhos meus, lançado em 2017, cada dançarino acompanha um dos 18 espectadores, que participam da apresentação com uma venda nos olhos. O público percebe os movimentos dos artistas por meio do tato e do som. “Não partimos de um tema. É realmente uma investigação. Temos audiodescrição, o som da voz, o tato, a respiração, o barulho dos movimentos, tudo isso composto para fazer uma peça de dança concebida para outros sentidos”, explica Anamaria. A classificação indicativa é 16 anos.
INFANTIL Com uma proposta parecida, mas adaptada para o público infantil, o inédito Lágrimas da floresta também propõe a apreciação da dança sem a visão, mas sob um enredo linear. A história em questão é inspirada em contos indígenas e trata da importância da proteção à natureza, mas de maneira poética e sensível: com música, sons e coreografias. As crianças (a partir de 7 anos) e seus acompanhantes são guiados pelo elenco no palco.
Anamaria Fernandes faz questão de reforçar que os dois espetáculos “não foram criados com o objetivo de incluir deficientes, porque quando falamos ‘incluir’, estamos rotulando e colocando em condição de exclusão”. Para a artista e pesquisadora, o objetivo “é realmente criar estéticas que abarquem e abracem a diversidade humana”. A partir dessa quinta-feira, 25, Olhos meus e Lágrimas da floresta estarão no Centro Cultural Salgado Filho. Até o mês de setembro ainda passarão por Alto Vera Cruz (15 a 18/5), Usina de Cultura (14/6 e 17/8), Vila Marçola (21 a 23/8) e Bairro das Indústrias (20 e 21/9).
A programação apresenta também a oficina Olhando sem olhos, que compartilha o processo investigativo de criação dos espetáculos. Ela tem duração de três horas e é destinada ao público a partir de 18 anos. Os dois espetáculos são gratuitos e com capacidade sujeita à lotação (18 pessoas em Olhos meus e 40 em Lágrimas da floresta).