“Ô loco, meu!” O bordão de Fausto Silva é a expressão perfeita para explicar a reviravolta que aconteceu nesta semana no mundo televisivo, após a Globo e o apresentador confirmarem que a parceria de quase 32 anos chegará ao fim em dezembro de 2021.
Faustão optou por não renovar o contrato com a emissora, que teria sugerido ao paulista uma mudança de dia e horário na programação, indo para a grade de quinta-feira. Com a decisão, o Domingão do Faustão, programa criado para colocar a Globo novamente na liderança da audiência aos domingos, também terá a derradeira temporada.
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“Era claro que esse dia chegaria em algum momento. Mas, talvez, o público não esperasse que esse momento chegasse agora”, afirma Fernando Morgado, professor, palestrante e autor do livro Comunicadores S/A (2019). Para o especialista em televisão, o espanto tem a ver com o momento do Domingão do Faustão, que vive uma fase positiva de audiência na emissora, tanto em faturamento, quanto em crítica.
“Nos últimos tempos, o programa conseguiu se aproximar de um público mais jovem, através dos memes da internet. O Domingão conseguiu, digamos assim, se adequar aos tempos atuais de uma forma interessante, considerando um programa que está há 32 anos no ar e passou por várias fases. É um programa que tem um desempenho financeiro para a Globo”, analisa.
“Nos últimos tempos, o programa conseguiu se aproximar de um público mais jovem, através dos memes da internet. O Domingão conseguiu, digamos assim, se adequar aos tempos atuais de uma forma interessante, considerando um programa que está há 32 anos no ar e passou por várias fases. É um programa que tem um desempenho financeiro para a Globo”, analisa.
Até por isso, o espaço que será deixado pelo Domingão do Faustão no final de 2021 será tema de muito debate interno na emissora. As primeiras especulações apontam para um desejo do canal de apostar em realities shows, formato que vem dando certo no canal. A franquia The voice ganhou mais um braço aos domingos, o The voice %2b, e a Globo acabou de lançar uma já bem-sucedida temporada do Big brother Brasil.
“Os realities nesse panorama surgem sempre como alternativas mais baratas em termos de feitura. É mais barato do que novela, do que qualquer outro tipo de programação, com uma alternativa muito rentável economicamente. Tanto na questão de patrocínio tradicional, quanto na inserção de patrocinadores dentro do programa”, avalia Cláudio Ferreira, jornalista e estudioso de realities shows.
“Os realities nesse panorama surgem sempre como alternativas mais baratas em termos de feitura. É mais barato do que novela, do que qualquer outro tipo de programação, com uma alternativa muito rentável economicamente. Tanto na questão de patrocínio tradicional, quanto na inserção de patrocinadores dentro do programa”, avalia Cláudio Ferreira, jornalista e estudioso de realities shows.
Mudança de gênero
A escolha pelos programas sobre a realidade também resolveria um problema evidenciado com a pandemia da COVID-19: a necessidade de aglomeração nos programas de auditório. “Acho que existe uma discussão da própria coisa do programa de auditório, que, cada vez, tem menos espaço na tevê. Talvez a pandemia tenha acelerado essa necessidade de atualização, porque não se sabe quando se poderá fazer com plateia com segurança, e também, hoje em dia, há poucos comunicadores do formato. A pandemia pode ter forçado essa experimentação”, completa Ferreira.
Uma questão em relação ao formato é a não renovação de comunicadores. Há anos fala-se sobre a falta de novos nomes no cenário. Luciano Huck, Rodrigo Faro e Sabrina Sato são, atualmente, os mais jovens talentos na apresentação e condução de programas do tipo. “O primeiro ponto é uma questão de origem. O rádio não está mais fornecendo esses talentos da forma que oferecia há 30 anos. Hebe Camargo, Gugu, Silvio Santos e Fausto Silva, todos esses grandes comunicadores, vieram do rádio. Era uma grande escola de improviso, versatilidade, do ao vivo”, comenta Fernando Morgado.
O especialista ainda destaca outro problema, como a dependência da televisão em formatos estrangeiros. “São formatos muito fortes, e quem apresenta ocupa um papel secundário. Você acaba perdendo um pouco o laço entre o espectador e o apresentador”, explica. Esse problema, inclusive, pode ser potencializado na Globo, se for confirmada a saída de Luciano Huck, apresentador do Caldeirão do Huck, para um eventual lançamento de candidatura em 2022. Especula-se que o marido de Angélica deva sair numa chapa visando a Presidência da República. “Para a televisão e para a Globo, seriam dois desfalques importantes, porque são os principais comunicadores. Luciano conseguiu resultados fantásticos no sábado”, acrescenta.
Outra vertente que a Globo pode apostar, aos domingos, é no futebol, que poderia ser remanejado. “Acredito que eles não tenham nada ainda muito fechado. Acho que a Globo deva passar o ano de 2021 inteiro aprofundando estudos e pesquisas, fazendo exercícios na área de inteligência para se orientar”, completa Morgado.
Futuro do Faustão
Circula a informação de que Faustão possa retornar à antiga emissora, a Band, onde tem boas relações desde a época do Perdidos na noite. “Faustão tem vitalidade e todas as condições de seguir ainda em carreira. Mas, a gente não pode esperar um programa como o Domingão. Ele terá que se adaptar a um novo contexto e uma nova realidade comercial”, pontua.
Fausto Silva pode seguir os passos de Raul Gil e Ratinho, que dividem com as emissoras as receitas dos programas. Ou, ainda, como prevê Morgado, a trajetória de Don Francisco, que ficou 53 anos no ar com o Sábado gigante em um canal de Miami, nos Estados Unidos. “Eles terminaram ciclos semelhantes. Don Francisco passou a fazer programas em outros formatos, especiais. Talvez esse seja um caminho para o Faustão”, conclui.
» Tempo de renovação global
Desde o ano passado, a emissora tem encerrado contratos antigos e de salários altos, adotando uma nova política. Alguns, inclusive, chocaram o público.
Relembre!
» Time de atores:
Antonio Fagundes:
Depois de 44 anos, o ator não renovou com o canal em decorrência da nova dinâmica de relação da empresa com os talentos. Assim como outros, o ator poderá voltar ao canal em trabalhos pontuais, como o remake Pantanal, como ele confirmou ao Correio. O último trabalho dele foi a novela Bom Sucesso (2019), em que interpretou um dos protagonistas, Alberto Prado Monteiro.
Renato Aragão:
O ator e humorista eternizado na mente dos brasileiros como Didi Mocó encerrou o contrato com a emissora após 44 anos de casa. Ele tem parceria com a Globo em projetos pontuais. Ao longo da trajetória na empresa, Renato Aragão trabalhou em Os Trapalhões e A turma do Didi.
Tarcísio Meira e Glória Menezes:
O casal terminou um vínculo de 53 anos na Globo. Eles estrearam na emissora em 1967 na novela Sangue e areia, mas, em setembro do ano passado, foram dispensados, podendo retornar em contratos específicos. A atriz esteve no ar pela última vez em Totalmente demais (2015). Tarcísio Meira, por sua vez, fez o último papel em 2018, em Orgulho e paixão.
Zeca Camargo:
O apresentador e jornalista também não está mais no quadro de funcionários da Globo. Ele deixou a empresa em maio do ano passado após 24 anos. Em 1996, ele começou no Fantástico. Em seguida, apresentou o reality show No limite, O jogo, Hipertensão e Vídeo show. Desde 2015, Zeca fazia parte do time à frente do É de casa.
Mais:
José Loreto, Débora Nascimento, Bruna Marquezine, Bruno Gagliasso, Vera Fischer, Miguel Falabella, José de Abreu, Bianca Bin, Arthur Aguiar, Malu Mader, Carolina Ferraz, Malvino Salvador, Stênio Garcia, Mariana Rios, Camila Pitanga, Malu Galli e Regina Duarte também deixaram de integrar o grupo contratual fixo da emissora.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira