Em seu quinto capítulo, o seriado segue a estrutura de conectar o Brasil por meio de um “telefone de lata”, conhecido brinquedo feito com duas latas e um barbante. O artefato, obviamente, é simbólico, mas aparece como meio de comunicação para crianças de diferentes regiões enviarem suas curiosidades sobre a vida no Vale, devidamente respondidas pela garotada de lá.
“O Me liga na lata nasceu com essa perspectiva de poder mostrar realmente com o que as crianças estão brincando, para além daquilo que a gente imagina. É um documento real, dos fatos, um documentário para crianças, feito a partir do diálogo entre crianças”, afirma Renata Meirelles, diretora do seriado com David Reeks.
TRADIÇÃO ORAL Dessa forma, quem imagina uma geração muito ligada às tecnologias e à diversão digital se surpreende com uma realidade ainda bastante marcada pela criatividade e as tradições orais.
No episódio dedicado à região mineira, crianças de diferentes idades mostram uma rotina de brincadeiras de rua, construção dos próprios brinquedos, como bonecas de capim ou carrinhos de madeira, e uma conexão grande com a natureza ao redor.
“Não significa que essas crianças não tenham acesso à tecnologia, mas há um espaço em volta delas de muita natureza e muito tempo livre. Não há uma agenda de atividades e de instituições massificadas em cima delas”, observa a diretora da série.
Na estrutura do documentário, não há falas de adultos ou intervenção dos mesmos em cena. Tudo é dito pelas crianças. Nesse episódio, elas explicam, por exemplo, como é participar da folia de reis na região.
“Nosso material dá bastante ênfase a essa linguagem de deixar que a criança diga e mostre, sem um adulto intermediando. Nossa matéria-prima é o espontâneo, por isso ficamos muito tempo em cada lugar onde filmamos”, comenta a diretora.
Ela observa que “o diálogo entre as crianças acontece muito pelo corpo e pelas expressões verbais que direcionam para a ação”. Renata Meirelles é responsável pela pesquisa Território do brincar, uma investigação audiovisual sobre a cultura infantil, que já originou outros documentários nos últimos cinco anos.
Segundo ela, a inclusão do Vale do Jequitinhonha na temporada se deve a “uma força cultural comunitária impressionante na região, com o artesanato, a ligação com a terra, as tradições orais e as brincadeiras de roda”.
Nos outros episódios, a série visita o sertão, o litoral e centros urbanos, passando por Espírito Santo, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão, São Paulo e Paraná. A programação completa pode ser acessada em www.cinebrasil.tv.