Sete anos atrás, a cantora Margareth Menezes teve sua primeira experiência como atriz. Interpretou a delegada Marta Pimenta na minissérie da Globo O canto da sereia, adaptação do romance de Nelson Motta sobre os desdobramentos do assassinato de uma estrela do axé. Sua até então única participação em séries foi pequena. Com surpresa, ela recebeu o convite para interpretar uma protagonista.
Margareth é Teresa, personagem central do sitcom Casa da vó. Com cinco episódios de meia hora cada, rodados em São Paulo durante a pandemia, a produção entra no ar em 25 de dezembro. Seu lançamento marca ainda a estreia da Wolo TV, plataforma de streaming brasileira com foco na população negra. Noventa e nove por cento da equipe (cerca de 60 profissionais), na frente e atrás das câmeras, é negra.
A Wolo não é a primeira iniciativa brasileira do gênero focada na população negra. No ar há quatro anos, a Afroflix é uma plataforma colaborativa em que as produções exibidas devem contar com pelo menos um profissional negro nos créditos de suas áreas técnicas e artística. Ela exibe apenas filmes, séries, clipes e demais produções audiovisuais. A Wolo vai produzir seu próprio material.
Realizadas dentro dos protocolos sanitários, as gravações adotaram todos os cuidados. “A cada semana, toda a equipe era testada. Não tivemos nenhum caso de COVID”, diz Margareth. A cantora admite que fazer uma mulher idosa – “Teresa tem 70 anos, eu, 58” – a deixou um pouco insegura. Acabou relaxando ao ler o enredo. “É uma comédia inteligente, com uma avó bem moderna, tecnológica. O fato de ser mulher de algumas conquistas, com padrão social melhor, precisa ser mostrado, além das questões raciais”, continua.
A série, em cinco episódios, estreia em 25 de dezembro no Wolo TV (wolo.tv). O primeiro episódio será gratuito. A série completa vai custar R$ 8,99
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Wolo é uma expressão de felicidade muito comum em Angola e outros países africanos. A plataforma nasce por meio da parceria de um angolano, o ator e diretor Licínio Januário, radicado no Brasil há mais de uma década, com Leandro Lemos, profissional da área de tecnologia que pilota o projeto de Toronto, no Canadá. A plataforma vem sendo desenvolvida há um ano e meio. Para sua produção de estreia, contou com investimento de R$ 1,2 milhão.
“Achamos importante trazer talentos negros para ocupar os cargos mais importantes do projeto. São profissionais que estão na ativa, mas não têm tanta oportunidade. Nossa intenção (para o futuro) é trabalhar sempre com equipe majoritariamente negra, mas indígena e de mulheres também”, comenta Januário.
AFROFLIX
A Wolo não é a primeira iniciativa brasileira do gênero focada na população negra. No ar há quatro anos, a Afroflix é uma plataforma colaborativa em que as produções exibidas devem contar com pelo menos um profissional negro nos créditos de suas áreas técnicas e artística. Ela exibe apenas filmes, séries, clipes e demais produções audiovisuais. A Wolo vai produzir seu próprio material.
“Nossa linha é comercial, diferente das outras que estão no ar. Nossa intenção é sempre chegar ao consumidor final. Para atingir nossas estratégias, estamos nos baseando em cases de sucesso americanos e nigerianos. Os negros americanos conseguiram adentrar no entretenimento dos EUA”, acrescenta Januário.
Para a estreia de Casa da vó, além de Margareth Menezes, a equipe contou com elenco diversificado, que mistura artistas e influenciadores digitais: o rapper Rincon Sapiência, os influenciadores Jacy Lima e Dum Ice e o ator Wilson Rabelo. “Essas pessoas falam com a massa, têm público espontâneo”, continua Licínio Januário.
A série é inspirada em sitcoms norte-americanos de sucesso centrados em famílias negras, como Um maluco no pedaço (1990-1996) e Todo mundo odeia o Chris (2005-2009).
A Wolo estreia agora só com este sitcom. Para 2021, estão previstas outras produções originais, tanto no formato de série quanto de programas. “Vamos exibir também produções de terceiros, mas não no primeiro momento. Queremos, antes, montar uma base de usuários para provar que as produções podem ser assistidas pela plataforma”, diz Lemos.
Escrita por Licínio Januário e o diretor e roteirista Alex Miranda, com colaboração de Érica Ribeiro e Milena Anjos, Casa da vó é ambientada em São Paulo. Baiana que há anos vive no maior centro urbano brasileiro, funcionária pública aposentada que administra um salão de beleza, Teresa tem quatro netos de diferentes cidades. Em São Paulo, com a ajuda da avó, com boas condições financeiras, eles tentam ganhar a vida.
Casa da vó foi rodado entre outubro e novembro no bairro da Mooca, Zona Leste de São Paulo. “Salão de beleza sempre foi um lugar estratégico para as pessoas negras, pois é ali que falamos das nossas questões. Mesmo que as discussões no salão tenham linguagem pop, há um teor crítico quando necessário”, comenta Januário.
PANDEMIA
Realizadas dentro dos protocolos sanitários, as gravações adotaram todos os cuidados. “A cada semana, toda a equipe era testada. Não tivemos nenhum caso de COVID”, diz Margareth. A cantora admite que fazer uma mulher idosa – “Teresa tem 70 anos, eu, 58” – a deixou um pouco insegura. Acabou relaxando ao ler o enredo. “É uma comédia inteligente, com uma avó bem moderna, tecnológica. O fato de ser mulher de algumas conquistas, com padrão social melhor, precisa ser mostrado, além das questões raciais”, continua.
Todo o elenco trabalhou com o preparador Drayson Menezzes. “Isso foi crucial para todos nós. Tive certo momento de pânico, pois os textos eram grandes. Mas Deus dá o frio conforme o cobertor”, comenta Margareth, que completou 33 anos de carreira em 2020.
Para ela, são necessárias iniciativas como o Wolo. “O país precisa abrir a janela para mostrar a indústria afro-brasileira em todos os seus desdobramentos. Existem profissionais em todos os setores, mas isso não é mostrado. Há um pequeno avanço na luta contra o racismo, mas precisamos ter pessoas negras em lugares de destaque”, conclui.
CASA DA VÓ
A série, em cinco episódios, estreia em 25 de dezembro no Wolo TV (wolo.tv). O primeiro episódio será gratuito. A série completa vai custar R$ 8,99
NOVAS OPÇÕES NO STREAMING
SUPO MUNGAM PLUS
Com lançamento nesta quarta (16), a plataforma da distribuidora de mesmo nome vai exibir cinema independente e autoral. Em seu catálogo estarão filmes contemporâneos e produções clássicas restauradas de todo o mundo. Mensalmente, haverá lançamentos. Entre os títulos já confirmados estão O doce amanhã e Exótica, de Atom Egoyan; Filhos da guerra, de Agnieszka Holland; e Quando éramos bruxas, de Nietzchka Keene e estrelado pela cantora Björk (foto). Acesso via site www.supomungamplus.com.br. Período gratuito de teste de sete dias. Assinaturas: R$ 23,90 (mensal) e R$ 199,90 (anual).
PLUTO TV
Lançado neste mês, a Pluto TV é um serviço de streaming gratuito com canais em português com programação ao vivo, além de filmes e séries sob demanda. Não há necessidade de fazer cadastro ou login. Neste momento, estão disponíveis 24 canais fixos, incluindo Nick Jr. Club, Nick Clássico, Naruto, Pluto TV Anime, Os Três Patetas, cinco filmes e o novo longa do Porta dos Fundos Teocracia em vertigem (foto). A Pluto TV pertence à ViacomCBS, conglomerado de mídia que também comanda MTV, Comedy Central e Paramount Network. Pode ser acessada pela internet (pluto.tv), por aplicativos, além de Amazon Fire TV, Android TV, Apple TV, Chromecast e Roku.