Qualquer um que tenha passado pela adolescência sabe o quão estranha e difícil pode ser esta fase. As questões que surgem nessa época da vida, em especial na puberdade, quando acontecem as descobertas e mudanças hormonais, têm sido retratadas por séries que buscam captar a complexidade delas, ainda que por meio de situações engraçadas e constrangedoras. Pen15 aborda esse assunto de forma visceral por meio do estranhamento.
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Meio episódio depois, tudo começa a parecer natural. Erskine e Konkle, que criaram e coescreveram a série com Sam Zvibleman, são ótimas atrizes, cuja falta de vaidade permite atuação totalmente entregue, quase sem limites. Além disso, observar a estranheza de seus corpos adultos interpretando crianças de 13 anos é uma lembrança intensa da própria incongruência que a adolescência traz consigo.
No primeiro episódio que marca o início do sétimo ano da atração, Maya é tachada como a “garota mais feia da escola”. Na tentativa de calar seus detratores, ela pede ajuda ao irmão, Shuji (Dallas Liu), que a ensina a xingar da forma mais humilhante possível. O problema é que Maya não aprende direito e acaba se complicando por enfrentar um dos valentões.
Anna é a típica garota romântica que sonha com a atenção do menino mais bonito da escola, Alex (Lincoln Jolly). Enquanto ele não se declara – algo que ela tem certeza que vai acontecer, apesar dos foras já tomados –, aceita namorar o estranho Brendan (Brady Allen), em quem dá o primeiro beijo e se arrepende na mesma hora.
A produção também aborda assuntos como masturbação, assédio moral, divórcio e racismo. Pen15 não poupa o espectador quando se trata de desenterrar angústias da adolescência. O bom é que tudo isso é tratado com uma grande dose de humor e afeto. Não é como em Haters back off, da Netflix, no qual a protagonista Miranda (Colleen Ballinger) é um ser odiável. Maya e Anna são vulneráveis e isso as torna carismáticas.
choro
Por viverem uma versão de si mesmas, as protagonistas e autoras encaram a série como uma espécie de catarse. Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, Erskine se lembra de “chorar histericamente” enquanto filmava. “Quando você está revivendo, parece tortura. Mas também é muito calmante. Parece uma resolução depois de toda essa dor que empurramos para baixo”, explicou.
Na mesma entrevista, Konkle ponderou: “Pode ser um gatilho. É um experimento social estranho que estamos fazendo com nós mesmas. Em 30 anos, vou olhar para trás e pensar: ‘Bem, isso acabou comigo.’ Ou: ‘Isso foi tão curativo’. Ou algo no meio disso.”
A série, produção da norte-americana Hulu, vem colhendo bons frutos. No ano passado, recebeu uma indicação ao Emmy, algo que deve se multiplicar no futuro, já que a segunda temporada acabou de estrear nos Estados Unidos e vem recebendo elogios dos veículos de imprensa norte-americanos.
Por conta da pandemia, o lançamento da segunda leva de episódios foi dividido em dois. A primeira parte contém sete. Serão 14, quatro a mais do que o primeiro ano. No Brasil, os novos episódios não têm previsão de estreia. A primeira temporada está disponível na Paramount%2b.
PEN15
. Primeira temporada
.10 episódios
. Paramount