Palco de tantas experiências diárias, passando pela comunicação instantânea no ambiente privado ou de trabalho, discussões acaloradas em grupos por conta (ou não) de fake news, memes e áudios de duração questionável, o WhatsApp é usado pela maioria da população brasileira com incontáveis finalidades. Agora, a dramaturgia será uma delas.
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“O que muda é a forma como o texto é dito. Cada artista construiu seu personagem de uma maneira. Um mais alegre e otimista, outro mais afetado com a quarentena. Então, a forma é bem diferente. Além disso, cada um está em um lugar. A Débora está no campo, num sítio no interior. O Jonathan mora no Vidigal (no Rio de Janeiro). Fizemos questão de trazer esses universos diferentes, porque há essa preocupação com a diversidade", detalha Luciana Rossi, tradutora do texto original.
Ela comenta que o contexto da história de amor em uma quarentena vem com contornos ainda mais fortes, já que o país vizinho foi mais rigoroso do que o Brasil nas medidas de isolamento para prevenir a disseminação do novo coronavírus.
"Eles ficaram realmente confinados (na Argentina). Então, o texto teve uma dimensão um pouco diferente daqui. Havia um sentido mais forte em receber uma mensagem na sua casa, sem poder sair. Tivemos que fazer algumas adaptações por conta disso”, afirma.
A tradutora aponta, porém, que “é uma trama muito universal, sobre distância, sobre estarmos confinados, sobre lugares que desejamos revisitar, além de falar desse tema tão comum que é o amor". O texto já foi adaptado na Espanha, Uruguai, Chile, Equador e Paraguai e, em breve, chegará à Alemanha, Austrália, México, Peru, Colômbia, Holanda, França e Portugal.
CONEXÃO
Escolhido para dirigir os artistas brasileiros, Daniel Gaggini diz que o WhatsApp foi também o meio de conexão com o elenco para preparar o trabalho. “Entender o formato é algo que começa no ensaio, mesmo no teatro e no cinema tradicionais. Se vamos usar WhatsApp como forma de difusão desse projeto, temos que começar a usá-lo no ensaio. Então, só conversamos por ele e todas as gravações foram feitas pelo elenco, em suas casas, com seus próprios celulares, e enviadas para mim pelo aplicativo. A arte é contato. Quando vamos ensaiar, em tempos normais, sentimos até a respiração do outro. Extrair isso nessa coisa remota foi o grande desafio”, diz. O diretor afirma ter dado “muita liberdade aos artistas para propor, criar e trazer o próprio cotidiano para a gravação" e cita a diversidade de cenários em que o texto foi gravado. “Temos o Jonathan, no Vidigal, contrapondo o Gianecchini, que está em Ipanema. A Débora vem com essa coisa da natureza, do interior, enquanto a Mariana Ximenes está em São Paulo. Saímos bem da caixinha, sem perder a poesia do texto."
Novas histórias, novos caminhos
Depois de mais de 40 anos dirigindo programas da Globo como Malhação, Armação ilimitada, Força tarefa e Encontro com Fátima Bernardes, Mário Márcio Bandarra aposta em novos formatos para contar histórias. Há mais de um ano fora da emissora, ele lançou no mês passado o podcast Biblioteca Monstro, voltado ao público infantojuvenil.
Em 10 episódios, quatro crianças presas a um feitiço que transformou a maior biblioteca do mundo num monstro capaz de aprisionar pessoas eternamente precisam vencer uma maratona de enigmas mágicos para voltar ao mundo real. Bandarra lançou também a audiossérie policial A soma das horas, de oito episódios, com casos livremente inspirados em crimes reais. As duas produções estão disponíveis na plataforma Orelo (www.orelo.audio).
Em 10 episódios, quatro crianças presas a um feitiço que transformou a maior biblioteca do mundo num monstro capaz de aprisionar pessoas eternamente precisam vencer uma maratona de enigmas mágicos para voltar ao mundo real. Bandarra lançou também a audiossérie policial A soma das horas, de oito episódios, com casos livremente inspirados em crimes reais. As duas produções estão disponíveis na plataforma Orelo (www.orelo.audio).