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SÉRIE

'Devs' oferece novo olhar sobre a ficção científica

Lily (Sonoya Mizuno) se junta a hackers para investigar a morte do namorado cientista - Foto:

É ficção científica inteligente, quase cabeça, com muita tecnologia envolvida. Mas é também um thriller quase nos padrões convencionais das narrativas de espionagem. Bem-vindo ao mundo de Devs, primeira incursão do cineasta e roteirista Alex Garland (Ex-machina, vencedor do Oscar de efeitos visuais, e Annihilation) no universo das séries.



Com oito episódios, a minissérie, que estreia na próxima quinta-feira (27), na Fox Premium, foi criada e integralmente dirigida por Garland. É o tipo de narrativa sobre a qual não dá para falar muito para não entregar o jogo. Mas vale a pena conferir, ainda que exija alguma paciência do espectador mais acostumado com edições rápidas e reviravoltas intempestivas. Aqui, o clima é diferente. Há uma razão de ser para tudo.

VALE DO SILÍCIO


O cenário é São Francisco e, principalmente, o Vale do Silício, o paraíso da tecnologia no mundo contemporâneo. A série começa apresentando o casal de namorados Sergei (Karl Glusman) e Lily (a atriz japonesa Sonoya Mizuno, que participou dos dois longas supracitados de Garland), ambos funcionários da Amaya. Ele é cientista, ela é engenheira de software.

Aparentemente, a empresa de tecnologia é como qualquer outra daquela região. Seu fundador, o misterioso Forest (Nick Offerman), se apresenta como o estereótipo do messias da nova era. Barba, cabelo comprido, um jeito largadão de quem é capaz de almoçar folhas comendo com as mãos. É nesse cenário que Sergei faz a grande apresentação de sua carreira.



O cientista sai da reunião com Forest com a grande proposta de sua vida, convidado a integrar o Devs, a elite da Amaya. É também um setor ultrassecreto, e Sergei não poderá contar nada do seu trabalho à própria Lily. Localizado no meio de uma floresta, o Devs só dá acesso a um pequeno número de funcionários, que têm liberdade ali dentro desde que nada do que é realizado seja revelado.


Forest acompanha Sergei nesta apresentação ao novo mundo. Mas quando o cientista descobre o que é feito ali, entra em choque. Passa mal e suas ações a partir daquele momento vão determinar seu destino. Não é spoiler revelar que ele morre, pois a trama se desenvolverá a partir do desaparecimento do personagem.

O espectador sabe, já no piloto, como se dá a morte de Sergei. A questão é descobrir o porquê. A partir do segundo episódio é Lily, então apenas coadjuvante, quem se torna a protagonista da trama. Ela não compra a versão do suicídio do cientista e vai atrás de um ex, hacker (papel de Jin Ha), para tentar ajudá-la a investigar o que realmente ocorreu com o namorado e como sua morte se relaciona com o que é realizado em Devs. 



A série concorre a quatro prêmios Emmy, todos em categorias técnicas. O aspecto visual, como nos filmes de Garland, é muito importante. A imagem de uma criança gigante domina todos que trabalham na Amaya.

Já o edifício de Devs tem um visual futurista singular, com cores quentes, contraponto para todo o aspecto amorfo que cerca instalações de empresas tecnológicas.
 
 

MOMENTO


O desenvolvimento das personagens é lento. Como não há subtramas, algo comum em séries, cada personagem tem o seu momento. Além dos já citados, outros destaques são o chefe de segurança da Amaya, Kenton (Zack Grenier) e a física Katie (Alison Pill), o braço direito de Forest.

Com explosões de violência, clima de conspiração e grandes temas como inteligência artificial, livre-arbítrio e a teoria do multiverso, Devs se apresenta como uma das mais inventivas produções deste ano. Mas não é palatável para todos, vale dizer.

DEVS
Minissérie em oito episódios. Estreia na próxima quinta-feira (27), às 22h15, no Fox Premium 1, com exibição de dois novos episódios por semana. A partir da estreia, todos os oito capítulos estarão disponíveis no app da Fox.