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Série 'Mistérios sem solução' convida espectador a ser detetive

Sucesso nos Estados Unidos, a versão original de Unsolved mysteries estreou em 1987 na NBC. O programa abordava casos reais de desaparecimentos e mortes, assim como relatos de fenômenos paranormais. A ideia era divulgá-los e, quem sabe, desvendá-los, contando com a ajuda do público.



Após 14 temporadas no ar, passando por outros dois canais de TV (CBS e Lifetime), a série foi cancelada em 2010. Segundo os produtores, o programa ajudou a solucionar mais de 260 casos antes arquivados pela Justiça norte-americana. 
 
Passados 10 anos de sua conclusão, a série ganha um revival com a leva de episódios inéditos que desembarcou no catálogo da Netflix no início do mês passado.

Engana-se, no entanto, quem espera que o antigo formato seja mantido nesta nova versão. Mistérios sem solução (o título em português que figura na plataforma de streaming) dispensa um apresentador, figura que, anteriormente, conduzia o público pelas histórias num tom enigmático. 

Outra diferença é que cada um dos seis episódios apresenta um caso distinto. No primeiro, acompanhamos o mistério em torno da morte de Rey Rivera, roteirista de 32 anos, cujo corpo foi encontrado num prédio vizinho ao de um hotel histórico da cidade de Baltimore, em 2006. 



Rey havia desaparecido dias antes e sua mulher, Alisson, nunca se conformou com a tese de suicídio defendida pela polícia ao fim da investigação.

DEPOIMENTOS 

 
Assim como os demais episódios, a história é narrada com imagens de arquivo e uma série de depoimentos. A viúva é a principal entrevistada, mas outros personagens importantes aparecem, como a mãe do roteirista e seus irmãos, além de uma jornalista que cobriu o caso e um policial que esteve envolvido na investigação.

Ainda que tenha como credencial o título de uma série decisiva para o gênero de crimes reais (que inspirou até o extinto Linha direta, da TV Globo), o novo Mistérios sem solução se filia a uma tendência que a Netflix já testou em outras produções do mesmo estilo, como Ma- king a murderer (2015) e O desaparecimento de Madeleine McCann (2019).

Embora, como o título indica, os episódios não cheguem a um desfecho conclusivo, a série tem todos os elementos capazes de empolgar os espectadores que buscam mistérios e finais trágicos. E faz isso com um tratamento melhor do que o dado pelos programas vespertinos da TV aberta brasileira.



Dos seis episódios lançados no que a Netflix chama de ''volume 1'', cinco são sobre desaparecimentos e supostos assassinatos, arquivados por falta de provas. Somente o quinto mostra uma história em que diversas pessoas, de cidades diferentes, alegam que tiveram experiências com óvnis e abduções.

Segundo Terry Dunn Meurer, produtor executivo da nova versão e criador da original, o 'volume 2' deve sair nos próximos meses, com mais casos relacionados a experiências paranormais. Em entrevista à Variety, ele adiantou que os episódios já foram filmados e editados, com previsão de lançamento ainda neste ano.

HISTÓRIAS 

 
Para produzi-los, Meurer explica que a produção parte de “um banco de dados com centenas de envios de histórias, e a escolha é feita com o intuito de ter uma diversidade de casos, atendendo um público diverso. 



Eles queriam “adicionar algumas histórias internacionais” e, entre os primeiros episódios, há um que se passa na França, enquanto outros dois nesse estilo estão a caminho na segunda remessa.

“Temos internacional versus nacional, temos rural versus urbano, temos diversidade etária, temos diversidade étnica e racial”, citou. “Todos eles têm que dar voltas e mais voltas e precisam ser muito intrigantes. Se assim são para nós, sabemos que assim será para o público.”

A se tratar dessa primeira leva, o público parece satisfeito. Desde que chegou à plataforma de streaming, a série é uma das mais comentadas e, graças ao site que é divulgado no final de cada episódio, a equipe da série já recebeu centenas de pistas sobre os casos abordados.



O caso de Alonzo Brooks, tema do quarto episódio, é um dos que mais geraram e-mails com supostas pistas, novos suspeitos e testemunhas. Segundo o produtor, tudo isso foi repassado para o FBI. As pesquisas realizadas para a série incentivaram a reabertura do caso.

Na última semana, o corpo do jovem, morto em 2004 após ir a uma festa no Kansas, Estados Unidos, foi exumado. Segundo o site TMZ, a família do jovem diz que novas pistas estão chegando a cada dia, desde o lançamento de Mistérios sem solução.

Alonzo tinha 23 anos quando foi a uma festa e não voltou para casa. Os investigadores acreditam que ele e os amigos eram dos poucos negros no evento, frequentado principalmente por brancos. Um amigo diz que o jovem quase brigou com outro rapaz por causa de uma garota, o que fez com que o grupo de amigos fosse embora, só que Alonzo continuou no local.



No dia seguinte, as botas e o chapéu de Alonzo foram encontrados do outro lado da rua, em frente ao local da festa. Entretanto, seu corpo só foi encontrado um mês depois, num riacho próximo.

ASSASSINATO 

 
Os relatórios médicos iniciais apontaram a causa da morte como “inconclusiva” devido à decomposição avançada do corpo, e as autoridades ficaram com poucas evidências concretas. Seus familiares e parentes afirmam que ele não cometeu suicídio ou se afogou acidentalmente. As pessoas mais próximas acreditam que ele foi assassinado.

Na série, o FBI anunciou que está oferecendo uma recompensa de US$ 100 mil por qualquer ajuda efetiva no caso, considerado agora como um crime de ódio.

Tema do terceiro episódio, o misterioso desaparecimento de Xavier Dupont parece o mais próximo de ser desvendado. O francês é procurado desde 2011, após supostamente matar a mulher, os quatro filhos e os dois cães da família.

“Alguém que estava em Chicago ouviu um cara falando francês, olharam para ele e tinham acabado de ver o episódio. Eles nos enviaram uma foto, e realmente se parecia com Xavier”, contou Meurer. “Foi impressionante. Então enviamos essa pista (para a polícia). Mas esse é apenas um estranho: não temos nome, não temos nada específico sobre ele.”

MISTÉRIOS SEM SOLUÇÃO

A série, em seis episódios, está disponível na Netflix.