Junte casal de atores – Gustavo Vaz e Débora Falabella – cumprindo rigorosamente os protocolos de isolamento social, com a vontade de ambos, acostumados à agitação criativa, colocar em prática novas ideias.
O resultado: a websérie Se eu estivesse aí, a primeira feita para a televisão com a tecnologia de áudio 3D, que pode ser acessada na plataforma GShow, da TV Globo.
O resultado: a websérie Se eu estivesse aí, a primeira feita para a televisão com a tecnologia de áudio 3D, que pode ser acessada na plataforma GShow, da TV Globo.
Gustavo, que é ator e diretor da ExCompanhia de Teatro, conta que o projeto foi pensando durante conversa com Débora. Como trabalha há muitos anos em pesquisa de formato, mistura de linguagem, a ideia de unir o áudio 3D com dramaturgia surgiu naturalmente. Foram três meses de muito trabalho para que a série, de 10 capítulos, ficasse pronta.
O know-how foi adquirido com sua companhia de teatro criada há oito anos. “Desde aquela época, já pensávamos em expandir a possibilidade da experiência ao vivo, que é o teatro. Descobri no áudio 3D uma ferramenta imersiva capaz de criar sensação de presença física através dos fones ouvidos”, afirma. Os equipamentos de áudio são essenciais para criar todo o clima para quem assiste a produção.
À exceção da supervisão de áudio feita à distância por Gabriel Spinosa, direção de arte, claquete, fotografia, figurino, tudo foi feito pelo casal em um trabalho que, em algumas vezes, se prolongou até a noite.”Tivemos a percepção maior e profunda de como é bonito e importante o trabalho de cada um no set de filmagem, que tem tanta gente”, pondera o ator.
A separação de um casal, tema da série, não é encarada por Gustavo e Débora como mais um peso para quem enfrenta a pandemia. “Estamos passando por momento de luto coletivo. Esse casal estava passando, no micro, um luto individual, que se conecta com esse nosso luto coletivo. Por haver essa similaridade entre micro e macro, uma dinâmica que me interessa como dramaturgo, vejo que falar de um casal que está separando é falar sobre o amor, sobre o pensamento do amor, de pensar sobre importância do outro na nossa vida que se conecta com esse pensamento que nos obriga em tempo de coletividade pensar no outro”, opina.
Débora garante que a série fala sobretudo da delicadeza com o outro. “Sempre resgatamos alguma coisa importante em uma relação. Eles se amam, mas não conseguiam viver juntos.” A atriz reconhece que o processo de adaptação ao novo modelo foi difícil. “O Gustavo tinha trabalhado com áudio, com teatro imersivo, o que para mim é uma grande novidade. Fazer uma série em que não estou na frente da câmera o tempo inteiro e ao mesmo tempo era ator e câmera foi complicado. Só a partir do momento que começamos a editar fui entendendo o resultado.”
Se eu estivesse aí é o primeiro trabalho de Gustavo após seu retorno do Canadá, onde fez oito de nove apresentações do espetáculo Tom na fazenda. Quando chegou ao Brasil, passou 15 dias isolado até reencontrar com Débora.
A pandemia afetou a temporada que a peça faria nos Estados Unidos, na Europa e suspendeu a participação do ator na segunda temporada de Aruanas, série da Globo, paralisada na primeira semana de gravação. “Fazer esse projeto em um momento de isolamento foi espaço de segurança, de equilíbrio. O trabalho acabou criando pequenos objetivos diários para serem alcançados, o que começou a trazer um certo sentido em um momento tão sem sentido para todos”, declara o ator.
A agenda de Débora também foi atingida com suspensão de temporada da peça Love love love, prevista para Portugal, a mostra de repertório que marcaria os 15 anos de sua companhia de teatro e a suspensão de Aruanas.
A agenda de Débora também foi atingida com suspensão de temporada da peça Love love love, prevista para Portugal, a mostra de repertório que marcaria os 15 anos de sua companhia de teatro e a suspensão de Aruanas.
PRIVACIDADE MANTIDA
Discreta em relação à vida pessoal, Débora diz que ao transformar a casa em set de filmagem abriu mão de um pouco dessa privacidade. Mas como ela lembra, em tempos de isolamentos e lives, as casas de todos estão abertas para todo mundo. “A casa é nosso palco, nosso cenário, mas as coisas básicas, o que eu prezo, a vida da minha filha, a minha relação amorosa continuam preservadas.”
A atriz não esconde a saudade dos pais, que moram em Belo Horizonte. Pelo volume de trabalho, por muitas vezes, ela ficou algum tempo sem vir à capital mineira. “Mas a obrigatoriedade de não poder vê-los é muito ruim. Ao mesmo tempo estamos aumentando nossa comunicação. Papai descobriu o WhatsApp e faz ligação com toda a família, o que foi uma conquista”, diverte-se.