Mercedes (Brandee Evans) acredita ter chegado a hora de sua “aposentadoria”: ir para os bastidores treinar jovens em grupos de dança. Mas o palco ainda é dela, pois não há ninguém capaz de fazer o que ela faz no Pynk. Quando a rainha está em cena, o tempo para, a respiração fica em suspenso. O que importa é a música e como Mercedes dança na barra.
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Versão televisiva para a peça Pussy Valley, encenada nos EUA em 2015, a série foi criada por Katori Hall, também a autora do espetáculo. “Queria olhar o mundo através dos olhos delas, mostrar a vida tanto dentro quanto fora do clube. A ideia é mudar o ponto de vista, que até então sempre foi dos homens. A série vem humanizar mulheres que foram desumanizadas por tanto tempo”, comenta ela.
CORPO
Além de ser escrita e protagonizada por mulheres, P-Valley também foi dirigida por um time de mulheres (cada um dos oito episódios teve uma diretora). “Como também sou negra, queria inovar a maneira de filmar o corpo de uma negra, principalmente se tomarmos como referência os vídeos de hip- hop, que sempre foram hipersexualizados. A indústria do desejo existe e as mulheres que participam dela, porque o querem ou porque são forçadas, têm histórias que nunca foram apresentadas. Há uma maneira de representar essa perspectiva e não cair nos estereótipos, especialmente nas cenas de nudez. Os movimentos de câmera, a fotografia, tudo isso veio para tentar colocar a mulher no lugar mais confortável possível.”
Com muitas cenas de dança (algumas realmente de tirar o fôlego) e nudez, P-Valley, no entanto, carrega no drama. Mercedes tem que lidar com a mãe manipuladora, que é pastora de uma igreja e exige o dinheiro que ela ganha a cada noite no clube; Autumn tem um passado obscuro, violento e bate na porta do Pynk para tentar um lugar para dançarina exótica; e Miss Mississippi, com um recém-nascido no colo, tem um relacionamento abusivo com o pai da criança.
No meio do grupo, há apenas uma stripper branca, Gidget (Skyler Joy), que faz parte da segunda geração de dançarinas de pole dance. Quem comanda tudo é Tio Clifford (Nicco Annan), a dona do clube, pessoa de gênero fluido que usa em igual medida saltos altíssimos e uma barba sempre por fazer.
Nicco Annan é o único da série que também fez parte da peça. “Foi bom estar com ele por tanto tempo, já que a série demorou a ser desenvolvida (foram quatro anos desde o anúncio até a estreia). Uma das razões para a demora foi o elenco. Foram quase oito meses de testes, pois tínhamos que encontrar atrizes que estivessem confortáveis com a parte corporal e também preparadas para a parte dramática”, afirma Katori.
A música tem bastante espaço na trama, principalmente a trap music. O subgênero do hip-hop é originário do Sul dos EUA e mistura a batida do rap com música eletrônica. Para escrever a peça e desenvolver a série, Katori teve contato com strippers de todas as regiões dos EUA. Mas seu ponto de vista é sempre o do Sul, pois ela é de Memphis, Tennessee.
“Sempre escrevi sobre o Sul, que é um lugar incompreendido, com uma história pesada, de escravidão. Então como sempre escrevo sobre o Sul, escrevo sobre a minha raça, sobre o meu povo. Sempre me preocupei em como criar histórias que honrem o meu povo, ainda que hoje tentem desmantelar nossas conquistas”, diz Katori.
P-VALLEY
A série, em oito episódios, estreia neste
domingo (12), à meia-noite, na
plataforma Starzplay. A cada domingo
um novo episódio entrará no ar.