Há menos de três meses no ar, o programa Sinta-se em casa, de Marcelo Adnet, é um fenômeno de audiência. Tornou-se um dos três conteúdos abertos mais procurados no Globoplay.
Apesar das condições improvisadas, o artista manteve o alto nível e conquistou o público, carente por entretenimento em meio à pandemia. O sucesso elevou em 35% o consumo de conteúdos humorísticos na plataforma de streaming da emissora.
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Além da esposa, um editor e uma supervisora artística estão envolvidas na produção. "O projeto surgiu em casa, eu já 'quarentenado', com alguns vídeos parodiando a situação política do Brasil ou do BBB", descreveu.
No primeiro episódio, de 13 de abril, Adnet ironizou o presidente Jair Bolsonaro numa sauna, no contexto da pandemia. "Já que o vírus, essa gripezinha chinesa, não se propaga aí nos lugares mais quentes. Tá okey?", justificou o personagem.
A trama política logo se tornou tema comum, sem poupar críticas ao governo e a suas ramificações. Aí incluídas figuras como o ex-PM e ex-funcionário de gabinete de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, envolvido no esquema de “rachadinhas”. Ele foi preso em 22 de junho em Atibaia-SP, num imóvel do advogado Frederik Wassef, ligado à família Bolsonaro.
A divulgação da reunião ministerial do dia 22 de abril, na qual o então ministro da Justiça Sergio Moro acusa Bolsonaro de interferência política na PF, bombou. No quadro, o ex-ministro aparece segurando um balde de pipoca para assistir à transmissão. "Vem amor, vai começar a sessão da tarde", imitou Adnet com o sotaque típico do ex-ministro.
A demissão de Moro rendeu mais esquetes, como a simulação de conversa telefônica entre o ex-juiz e Lula. "Eu tou querendo pedir umas dicas porque estão me causando melindre, me acusando de esquerdista, comunista", disse Moro. "Vem cá, você tá gravando isso igual fizeram comigo?", retrucou Lula, fazendo referência ao marcante episódio na operação Lava Jato.
A participação de Bolsonaro nos protestos com apoiadores do governo também virou hit. No dia 1° de junho, Adnet imita a cena do presidente montado em um cavalo na Praça dos Três Poderes, em Brasília. "Tô aí, mostrando o meu histórico de atleta cavalgando nisso daí, me sentido o próprio Rei do Gado. Ta ok?", ironizou.
ATAQUES NAS REDES
O Ministério da Saúde e o combate a pandemia foram outros alvos de deboches. Sobretudo quanto à tentativa de mascarar a escalada do coronavírus no Brasil e o falso relacionamento da propagação da doença com o clima “frio” do Nordeste. As frequentes críticas à gestão Bolsonaro geraram ataques nas redes sociais.
"Praticamente 99,9%, sem exagero, são de fiéis apoiadores do presidente, chateados com alguma piada ou com postura minha. Então, não é nada que me surpreenda”.
O universo artístico também é explorado por Adnet. Como na polêmica entre as cantoras Anitta e Ludmilla. Com a narração do locutor Galvão Bueno, a imagem de dois cachorros e um gato se confrontando foi usada para representar a briga entre os fã-clubes das artistas. E o BBB 20, claro, foi tema frequente. A mineira Ivy Moraes foi o principal alvo, ao ganhar a rejeição dos internautas por constantemente votar no paredão contra Babu, xodó.
SINTA-SE EM CASA
. Com Marcelo Adnet
. De segunda a sexta, às 19h
. Gratuito no Globoplay
*Estagiário sob a supervisão do subeditor Eduardo Murta