– Você matou pessoas – diz Luther Swann.
– Não tenho escolha! Tenho o direito de viver. Você nunca vai entender, Luther, sou uma espécie nova, tá entendendo? Mas isso tem um preço: ou me alimento, ou morro – reage Michael.
– Isso é um monte de besteira, Michael. Um monte de baboseira, e você sabe. No fundo, você sabe que o que está acontecendo é errado, que o que você está fazendo é errado – avisa Luther.
Esse diálogo de Perversos como eu, quarto episódio da série Apocalipse V (Netflix), traz outra visão sobre a lenda dos vampiros e a relação deles com os seres humanos. A pergunta crucial é: uma pessoa pode ser culpada por exercer seu instinto básico de sobrevivência?.
Ian Somerhalder, o cruel Damon Salvatore da série The vampires diaries (2009/2017), é um dos protagonistas da nova produção. Desta vez, está do outro lado: é o cientista Luther Swann, dedicado pai de família e totalmente diferente do vampiro Damon.
Depois de perdas pessoais, Luther se dedica a descobrir a cura para os afetados por um vírus “vampiresco”. Enquanto isso, tenta criar o filho, lida com imposições do governo e quer ajudar o vampiro Michael Fayne (Adrian Holmes), seu melhor amigo.
Michael é um dos primeiros afetados pelo vírus que, acredita, torna seres como ele mais poderosos, e não meros mortos- vivos. Porém, há um preço: a necessidade de se alimentar de sangue. No decorrer dos episódios, os infectados passam a ver em Michael o líder que os guiará na conquista de um lugar no mundo, onde poderão se alimentar e viver com liberdade.
Os dois amigos – o vampiro Michael e o humano Luther – se envolvem em uma série de embates, pessoais e ideológicos.
Inspirada no livro homônimo do americano Jonathan Maberry, a série se baseia no mito dos vampiros, mas com outro enfoque. Destaca menos a monstruosidade de criaturas que se alimentam de sangue e mais o fato de que elas são capazes de sentir. Aqui, os vampiros querem ser aceitos e vão a extremos em busca disso.
Apocalipse V traz clichês – os melhores amigos em lados opostos na luta pela sobrevivência; a ação duvidosa das autoridades; o cientista que adverte sobre o perigo das ações do homem e é ignorado. Porém, não é só isso. A trama inteligente oferece uma visão, digamos, mais realista do universo sobrenatural. Com boas atuações, enredo cativante e belos efeitos especiais, a série tem potencial para se tornar uma das melhores “produções vampirescas” do ano.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria