Regina Casé volta às novelas como a lutadora Lurdes de 'Amor de mãe'

Atriz carioca diz que sua nova personagem não é a 'cópia' das nordestinas Darlene e Val, papéis dela nos filmes 'Eu tu eles' e 'Que horas ela volta?'

Estado de Minas 01/12/2019 08:00
Estevam Avellar/Globo
A nordestina Lurdes se muda para o Rio para encontrar o filho e faz amizade com Thelma (Adriana Esteves) (foto: Estevam Avellar/Globo)
Regina Casé voltou a priorizar a carreira de atriz em Amor de mãe, novela das 21h da Globo, como a batalhadora Lurdes. No folhetim de Manuela Dias, a personagem saiu de Malaquitas, cidade fictícia no Rio Grande do Norte, em busca do filho Domênico (Eros Lazari), que, mais de 20 anos depois, ela descobre ser Sandro (Humberto Carrão). O menino foi vendido pelo pai aos 2 anos. Após essa tragédia, Lurdes seguiu para o Rio de Janeiro com seus outros filhos, na esperança de encontrá-lo.

“Essa personagem não pode ter nenhum momento racional. Lurdes é só coração. Fiquei muito feliz com o que vi. Não só o meu trabalho, mas de todos. São pessoas que já vimos em outros projetos muito mais armadas e, aqui, está todo mundo tão despido e entregue”, elogia.

A vida de Lurdes no Rio de Janeiro com os filhos Magno (Juliano Cazarré), Ryan (Thiago Martins), Érica (Nanda Costa) e a adotiva Camila (Jéssica Ellen) não é fácil. No entanto, ela nunca se abate diante das dificuldades. Sempre trabalhou como doméstica e babá para sustentá-los. Mãe destemida, faz qualquer coisa para proteger as crias e conquistar o amor de Sandro, depois de arrancar da traficante de crianças Kátia (Vera Holtz) a revelação do paradeiro do garoto.

Regina Casé conta que se inspirou em características de diversas mulheres, nordestinas ou não, que conheceu durante suas viagens pelo Brasil, para compor o trabalho. “Sempre que me lembro de alguém em especial, procuro esquecer. Acho injusto escolher só uma mulher para ser a Lurdes. Comecei a viajar com o Asdrúbal Trouxe o Trombone (grupo teatral) nos anos 1970, fui aos lugares mais ermos, ao Brasil mais profundo. Foram tantas mulheres como essa que eu conheci... Tento colocar pelo menos umas 100 ali. Se conseguir, vou colocar mil”, afirma.

Na trama, a maior dor de Lurdes é a demora para achar Domênico. Ao encontrar Kátia, ela finalmente descobre que o herdeiro está vivo, porém preso, por ter participado de uma ação criminosa. Então, se empenha para tirá-lo da cadeia. Regina promete: as cenas com Carrão serão emocionantes.

“Tem sido muito bonito. Recentemente, gravei uma sequência linda, voltando com ele da prisão. Lurdes ama seu filho desde sempre. Mas ele não sabe, pois teve uma vida dura e não imagina que alguém pode gostar dele desse jeito. Sandro se assusta: é a descoberta do que é o amor de mãe", relata.


Histórias diferentes 


Antes de Amor de mãe, a última novela da qual Regina Casé participou do início ao fim foi As filhas da mãe, em 2001. Embora tenha feito pequenas participações em outros folhetins, a atriz se dedicou mais à função de apresentadora. Estava morrendo de saudade de atuar, só não tinha coragem de largar suas outras atividades. Inclusive, estava preparando um novo programa quando recebeu o convite para a trama dirigida por José Luiz Villamarim.

“O que me motivou a voltar às novelas foi a qualidade desse texto da Manuela (Dias), a fotografia do Walter Carvalho e a direção do Zé Luiz Villamarim. E, depois, porque acho que a ficção, atualmente, é uma maneira mais suave de conversar, de chegar nas pessoas, que estão muito arredias. Na dramaturgia é mais fácil ser o que sempre fui e quero continuar sendo: uma ponte entre diferenças”, diz

Lurdes não é a primeira personagem nordestina de Regina Casé. No cinema, a atriz viveu a Darlene de Eu tu eles (2000) e a Val do filme Que horas ela volta? (2015). Mas já está escutando pessoas comparando ambas com Lurdes, por conta do sotaque. Vê isso como preconceito, pois, apesar de características parecidas, as histórias são diferentes.

“Não tento fugir da Val. Todo mundo fala que tem o sotaque e vai ficar igualzinho. É mais um preconceito que descobri para a gente lutar contra. Por que todo rico é diferente e todo pobre é igual? Por que todo mundo do Sul é diferente e todo nordestino é igual? Vamos pensar um pouco sobre isso. Na verdade, a Lurdes não é parente das personagens dos filmes Que horas ela volta? e Eu tu eles. Elas só têm em comum serem nordestinas”, conclui.




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