Estar novamente num projeto de Manuela Dias, com quem havia trabalhado na elogiada minissérie Justiça (2016), também foi uma das motivações desse retorno ao principal produto do audiovisual brasileiro. Aliás, já naquela época, a autora havia comentado com Villamarim sobre o enredo – e de cara ele se interessou.
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PERTO DO ATOR
Para ele, o grande desafio é sair do modelo tradicional de produção de novela, o industrial, para um mais artesanal. “São muitas páginas por dia para gerar um capítulo de 50 minutos. Mas estou tentando reproduzir em Amor de mãe o mesmo jeito que fazia nas séries e superséries. Com menos câmeras, mais perto do ator”, detalha.Com a roda-viva das gravações, Villamarim ainda não conseguiu assistir à reprise de Avenida Brasil. Para ele, não é segredo a novela de João Emanuel Carneiro ainda fazer tanto sucesso sete anos após ser exibida, e ressalta a atemporalidade da trama. “É muito bom saber que você fez um trabalho que não envelheceu, não ficou datado. E isso é difícil de acontecer. Não à toa teve e ainda tem uma grande repercussão e mexe com as pessoas.”
Time tarimbado na telona
A equipe sob o comando de Villamarim em Amor de mãe conta com profissionais que têm ligação ou migraram do cinema. A começar pelo premiado Walter Carvalho, responsável pela fotografia de filmes como Central do Brasil (1998), Lavoura arcaica (2001), Cazuza: o tempo não para (2004) – em que também dirigiu cenas –, Heleno: o príncipe maldito (2011), Chega de saudade (2008), O céu de Suely (2006), além de algumas produções da Globo, como as minisséries O canto da sereia (2012), em que assumiu a câmera pela primeira vez num trabalho de televisão. Isso se repetiu na segunda versão de O rebu (2014). Aliás, os dois trabalhos tinham direção artística de Villamarim. Pela primeira vez, o cineasta e fotógrafo paraibano dirige uma novela longa.
O time de diretores da trama de Manuela Dias também conta com Noa Bressane, filha do cineasta Julio Bressane – Cleópatra (2007) e Brás Cubas (1985). Ela trabalha ao lado do pai desde os 11 anos, atuando e produzindo em filmes como O mandarim (1995) e Dias de Nietzsche em Turim (2001). Estreou na direção de longas com Belair (2009), ao lado de Bruno Safadi. Na Globo, dirigiu projetos como Um só coração (2004), Passione (2010), O astro (2011), Gabriela (2012) e Lado a lado (2012). Já Fellipe Barbosa, que está estreando em direção na TV, ficou conhecido por seus trabalhos na telona com o celebrado Gabriel e a montanha (2017), Casagrande (2015) e Domingo, lançado no mês passado. Philippe Barcinski, responsável por filmes como Não por acaso (2007) e Entre vales (2013), teve alguma experiência dirigindo produções televisivas, como as séries Cidade dos homens (2004), Carcereiros (2019) e alguns capítulos do folhetim Velho Chico (2016). Isabella Teixeira – que tem participado de produções com o diretor mineiro, como Justiça (2016) e Onde nascem os fortes (2018), é outra com experiência cinematográfica em longas, como À beira do caminho (2012) e Olga (2004), enquanto Kiko Marques tem carreira mais centrada na própria emissora.
Villamarim exalta parceiros antigos, como Walter Carvalho e Isabella Teixeira, mas escolheu também abrir parcerias com diretores que vinha acompanhando, como Fellipe Barbosa, Noa Bressane e Philippe Barcinski. “O Walter Carvalho é grande artista. Tem um pensamento sobre o audiovisual. Nesses tempos de falta de diálogo, ter um parceiro com quem trocar/discutir ideias é um privilégio. A Isabella veio de uma carreira sólida no cinema e começou na televisão em Avenida Brasil. Tem um olhar particular, gosto muito da maneira como dirige. Já a Noa vem se destacando na televisão e, por acaso, é filha do Julio Bressane. E ainda tenho na equipe dois diretores de cinema que me procuraram com o desejo de trabalhar na TV, o Fellipe Barbosa e o Philippe Barcinski.”
Daqui para o futuro
Romance vai
virar filme
O diretor acaba de rodar mais uma produção ao lado dos amigos e parceiros de longa data George Moura e Sérgio Goldenberg. Onde está meu coração, série da Globoplay, deve chegar à plataforma entre março e maio. Assim que Amor de mãe terminar, ele vai adaptar para o cinema o romance Crônica da casa assassinada, do escritor e dramaturgo Lúcio Cardoso, de Curvelo, com roteiro de Moura. Mesmo com carreira praticamente dedicada à TV – seu único longa é Redemoinho (2016), inspirado no livro O mundo inimigo – Inferno provisório, vol. II, do mineiro Luiz Ruffato – Villamarim é apaixonado pela sétima arte. “O cinema tem outro tempo, outra concentração, outra audiência. Sempre quis fazer cinema e ainda quero muito fazer”, avisa. De Três Marias, ele se formou em economia na PUC-Minas nos anos 1980, época do boom dos videomakers. Foi um documentário de ficção para a PM que o levou a essa área. “Eu era amigo da Marilene Gondim (então empresária de Milton Nascimento) e ela conhecia o Dennis Carvalho, que viu e gostou. Acabei indo trabalhar com ele na minissérie Anos rebeldes (1992)”.