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Anjo doido ajuda os humanos na série 'Ninguém tá olhando'

Júlia Rabello, Augusto Madeira e Victor Lamoglia em Ninguém tá olhando, série dirigida por Daniel Rezende - Foto: ALINE ARRUDA/NETFLIX/DIVULGAÇÃOAnjos que se envolvem com humanos são um prato cheio para o cinema. Wim Wenders dirigiu o clássico Asas do desejo (1987), que levou dois anjos para uma Berlim dividida. Nicolas Cage fez a criatura apaixonada pela humana vivida por Meg Ryan em Cidade dos anjos (1998). Ben Affleck e Matt Damon encarnaram dois anjos caídos exilados nos rincões dos EUA, em Dogma (1999).


Em Ninguém tá olhando, série nacional em oito episódios que estreia nesta sexta (22) na Netflix, toda a mitologia foi modificada. Anjos são ângelus, seres de cabelos vermelhos e engravatados, que vivem para salvar humanos de pequenos apuros. Chafurdadas na burocracia (sim, até para ajudar alguém  têm que bater cartão e fazer relatório), as criaturas fazem tudo sempre igual todo santo dia. Até que um novato começa a questionar a ordem.

Com carreira iniciada como montador – sua estreia no cinema foi em 2002, com Cidade de Deus, o que já lhe valeu a indicação ao Oscar na categoria –, Daniel Rezende, desde então, montou uma série de filmes, dirigiu seu próprio longa (Bingo: O rei das manhãs) e enveredou no mundo das séries. Ninguém tá olhando é um novo momento em sua trajetória.
Pela primeira vez, é o criador de uma atração – e também dirige quatro episódios.

“Minha vontade era falar sobre a humanidade, de pessoas que trabalham a vida inteira e nunca questionam nada, por meio de uma comédia irreverente e ácida”, conta ele. O projeto levou três anos. “Mundos fantásticos, que não existem, são pouco utilizados na dramaturgia brasileira”, acrescenta Rezende, que espera que o público, mesmo rindo, consiga refletir sobre os temas tratados na história.

A trama tem início quando Ulisses (Victor Lamoglia) se torna o novo ângelus do 5511º Distrito, comandado por Fred (Augusto Madeira). Apresentado àquele mundo cheio de regras e hierarquia implacável, é recebido pelos veteranos Greta (Júlia Rabello) e Chun (Danilo de Moura).

Quando começa a fazer perguntas, a dupla, praticamente autômata naquele universo, percebe que Uli não é o doido que parece. À revelia do Sistema Ângelus, o novato passa a ajudar os humanos, entre eles Miriam (Kéfera Buchmann), Sandro (Leandro Ramos) e Richard (o rapper Projota).

Com episódios curtos, Ninguém tá olhando ganha pontos pelo humor sutil, que foge ao estilo piada pronta das comédias brasileiras. “É uma série sobre quebrar paradigmas”, diz Rezende. “A gente tem mania de colocar as pessoas em caixinhas”, comenta, ao explicar a escolha nada óbvia do elenco.
“A Kéfera é insegura, nem sabe a atriz que é. Já o Projota tinha feito Carcereiros e foi indicado pela (produtora) Gullane.”



CARICATURA 

Com alguma experiência em cinema e televisão (fez recentemente a novela Espelho da vida) e agora estreando em séries, Kéfera admite que não foi fácil. “Miriam é diferente de tudo que já fiz. Minhas personagens iam muito para o lado mais caricato, expandido, mas aqui tive de ser mais introvertida e séria. Não tem isso de fazer piada”, diz ela.

Revelada no YouTube, Kéfera vem se dedicando mais à atuação do que ao trabalho como influenciadora digital. “Este ano, não coloquei nenhum conteúdo no YouTube, mas estou bem ativa no Instagram, hoje a rede social em que me sinto mais livre. Desde 2010, quando comecei o canal, sempre tive vontade de atuar. O YouTube acabou acontecendo, mas ele nunca foi o plano principal”, conclui.

NINGUÉM TÁ OLHANDO
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Netflix
.Oito episódios


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