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Com a dança como pano de fundo, 'Fosse/Verdon' foca casal de famosos

“Eu nunca quis ser diretor. O que sempre quis ser foi Fred Astaire.” Bob Fosse (1927-1987) foi um dançarino, coreógrafo e diretor norte-americano. Fez muito sucesso na Broadway, mas sua consagração ocorreu no cinema, com filmes como Cabaret (1972, que lhe deu o Oscar de melhor diretor), Lenny (1974) e All that jazz (1979, também vencedor de quatro prêmios da Academia de Hollywood).

Um artista genial, um homem genioso, que se utilizava das mulheres de acordo com sua conveniência. É esse o retrato desenhado no primeiro episódio da série Fosse/Verdon, que estreia nesta sexta (30), no Fox Premium (canal e app). Em oito episódios, a produção indicada a 17 Emmys (a premiação será em 22 de setembro) acompanha a relação tóxica (para usar um termo em voga) entre Fosse e sua terceira e última mulher, a atriz e dançarina Gwen Verdon (1925-2000).

Com um apelo visual indiscutível, uma reconstituição de época idem e ótimos números musicais, a série é estrelada por Sam Rockwell e Michelle Williams, aqui em pé de igualdade em atuação. A narrativa tem início com o casal já maduro e vai retrocedendo em flashbacks que exploram sua parceria na vida privada e na carreira.

A pergunta que vem à tona logo no início da série é: quem foi Gwen Verdon?. E a resposta vem rapidamente, quando descobrimos, no primeiro flashback, que Verdon era a celebridade do casal. Uma das maiores estrelas da Broadway nos anos 1950 (venceu quatro Tony, o Oscar do teatro), ela no entanto nunca decolou no cinema, relegada a papéis menores.

No capítulo inicial de Fosse/Verdon, a ação chega rapidamente a 1969.
Charity, meu amor, versão para a tela grande do sucesso da Broadway, é um grande fracasso nos cinemas. Na época, as críticas culpam o insucesso do filme, o primeiro longa-metragem dirigido por Fosse, por um erro de escalação. Por que não teriam colocado Verdon como a protagonista Charity (que ela tinha defendido com bravura nos palcos) no lugar de Shirley MacLaine?

Os anos passam e assistimos a como Fosse coloca a mulher em segundo plano, mesmo que precise dela para sua criação artística. Em 1972, Gwen viaja de Nova York para Munique para ajudá-lo durante as complicadas filmagens de Cabaret. “Bob é como minha língua nativa”, ela diz ao produtor Cy Feuer (Paul Reiser), que bateu de frente com o diretor durante toda a filmagem. Gwen Verdon era a única interlocutora de Fosse, capaz de convencer qualquer um de suas opções artísticas.

Ela só não conseguia que o marido lhe fosse fiel. Enquanto ficava em casa, assistindo à carreira entrar em declínio (e Fosse, pelo que a série mostra, não fazia questão de que ela continuasse brilhando) e cuidando da filha do casal (Nicole Fosse, também dançarina, que atuou como consultora e produtora-executiva da série), o marido não conseguia fugir de um rabo de saia.

A despeito das constantes concessões que fazia aos desejos do marido, Gwen Verdon não é retratada na série como um capacho dele – parece mais uma artista fazendo as trocas que julga necessárias.
Ainda assim, não há como não imaginar se a matemática do casal Fosse/Verdon seria a mesma nos tempos atuais.

FOSSE/VERDON
A minissérie em oito episódios estreia nesta sexta (30), às 22h30, na Fox Premium 1
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