A entrevista que o ator Pedro Cardoso deu ao jornalista Marcelo Tas no programa da TV Cultura #Provocações deu o que falar nesta quarta-feira (24). Até o início desta tarde, o vídeo oficial publicado no YouTube tinha mais de 30 mil visualizações, enquanto o nome Pedro Cardoso, ocupava as primeiras posições nos trending topics do Twitter.
Na entrevista, a dupla falou sobre família, religião, carreira e, sobretudo, política. Conhecido por sua militância na internet, Pedro Cardoso aproveitou para falar sobre seu livro "Pedro Cardoso #EuMesmo, em busca de um diálogo contra o fascimo brasileiro" – uma coleção de textos publicados por ele no Instagram.
"Fascismo brasileiro é o desejo de uma parte muito grande da população brasileira de eliminar a diferença de pensamento. A diferença de pensamento é interpretada como uma ameaça à própria sobrevivência daqueles que estão do lado de cá", afirmou o ator. Questionado se essa ameaça seria da "direita", Pedro Cardoso diz que não e menciona o Partido dos Trabalhadores, tido como de "esquerda" no Brasil.
"O governo do PT, por exemplo, e na minha opinião, ele foi se tornando um governo protofascista. De fato, se ele se perpetuasse no poder, era muito provável que eles executassem um projeto à feição deles, com enorme desprezo pelos outros", afirmou. O ator também disse que um dos elementos principais do fascismo é a idolatria por alguém. "Foi com o Luiz Inácio, pode ser com o Jair Messias ou Sergio Moro", concluiu.
Outro assunto incluído no bate-papo foi feminismo. Tas, que é amigo de Cardoso, disse que o tema havia se tornado uma das preocupações do ator recentemente e quis saber o motivo. "Eu sou um convertido. Eu vivi, como todo homem, o meu machismo com a maior tranquilidade. Tinha empregada doméstica, entende? O homem brasileiro liberta a mulher dele do serviço doméstico, porque ele escraviza as mulheres mais pobres. Eu não tinha contato com o meu machismo", revelou o ator, que atribuiu à mulher, a atriz e escritora Graziella Moretto, o motivo de sua "conversão".
Agostinho
Em um bloco no qual o apresentador lê perguntas feitas pelo espectador, o tema principal foi o personagem que marcou a carreira de Pedro Cardoso, o Agostinho, de "A Grande Família". Uma das perguntas era se ele tinha ficado rico. "O Agostinho não me deixou rico. Quem ficou rica com o Agostinho foi a Rede Globo. A Rede Globo que é o capitalista naquele negócio, é que tem possibilidade de ficar rica", disse.
Então, justificou por que, pouco tempo antes, havia dito que, se antes era um cara de esquerda, agora é de extrema-esquerda. "Eu tenho 57 anos e não tenho uma economia que me possibilite não trabalhar. Eu venho ao Brasil trabalhar. E venho ao Brasil trabalhar pelo dinheiro da bilheteria. Se eu não acordar de manhã e for trabalhar, não tem uma estrutura de exploração do trabalho de outras pessoas que faz dinheiro pra mim enquanto eu apenas emprego meu capital ali, entende? E eu não acho isso uma relação justa", concluiu, antes de dizer "por isso que eu sou de extrema esquerda, sem o aspecto ditatorial, mas da convicção da responsabilidade social".
Bolsonaro e FHC
O ator ainda falou sobre o lema do governo atual, de Jair Bolsonaro, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
"Deus acima de tudo, que é o lema do fascimento vigente no Brasil. Como Deus pode estar acima de mim, que não creio em Deus? Como alguém pode dizer pra mim que o deus dele está acima de mim? Porque quando a pessoa diz Deus acima de tudo, é o deus da pessoa, não é o deus de qualquer um".
"Deus acima de tudo, que é o lema do fascimento vigente no Brasil. Como Deus pode estar acima de mim, que não creio em Deus? Como alguém pode dizer pra mim que o deus dele está acima de mim? Porque quando a pessoa diz Deus acima de tudo, é o deus da pessoa, não é o deus de qualquer um".
Mesmo declarando-se ateu, Pedro Cardoso disse que ter filhos faz com que nasça nas pessoas o desejo de que Deus exista, já que nenhum pai deseja que seu filho sofra.
Por fim, Marcelo Tas pergunta ao ator sobre a relação dele com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem é primo. Ele ri e diz que, pela primeira vez, vai assumir o grau de parentesco com o político. "Eu sou primo em segundo grau do Fernando Henrique Cardoso. Tenho com ele algum contato, gosto dele familiarmente", relata. Ele aproveita para dizer que nunca votou no parente e conclui, deixando subentendido que, para ele, Lula não cometeu crime algum.
"Eu participava naquele momento (em 1994, ano da primeira disputa eleitoral entre FHC e Lula) da convicção de que o Brasil tinha de se fazer representar pelos seus pobres e não pelos seus intelectuais. Ele não era rico, ele era intelectual".
Marcelo Tas então interrompe e diz: "Pra oposição ele era rico, até hoje, dizem que ele tem apartamento não sei aonde", ao que Pedro responde: "Perante mim, nenhum crime foi cometido".
Marcelo Tas então interrompe e diz: "Pra oposição ele era rico, até hoje, dizem que ele tem apartamento não sei aonde", ao que Pedro responde: "Perante mim, nenhum crime foi cometido".