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A vida de Sasha, obviamente, nunca mais será a mesma. E não só pela quantidade de remédios que tem que tomar diariamente. Não demora para que a família de Becky Lefevre (Lilliya Scarlett Reid) entre em contato com ela. Quer não apenas conhecer a jovem, como também ajudá-la. Prontamente, os pais, Ben e Nancy (Goldwyn e Thurman), oferecem uma bolsa de estudos para Sasha. E isso é só o começo.
Descendente de indígenas, Sasha vive modestamente com o tio, que tem uma loja de peixes exóticos. Já os Lefevre, que capitaneiam uma comunidade de nova era, moram na parte rica da cidade, um lugar por onde a garota nunca circulou. Mesmo que no início a contragosto, Sasha vai assumir a nova vida, que inclui carro do ano e grandes festas. Só que tudo tem seu preço, o que ela não demora a descobrir.
ESPELHO Sasha logo começa a sentir a presença de Becky. Externamente, por exemplo, enxerga seu rosto nas fotografias da família Lefevre; o rosto da garota loira no lugar do dela, quando se mira no espelho. Em matérias escolares que nunca entendeu, começa a se sair bem. E até em esgrima, que nunca lutou, ela se torna uma vencedora.
Tudo isso vem acompanhado de uma mudança de personalidade da garota, que sempre passou despercebida – ao contrário de Becky, desde criança um destaque, para o bem e para o mal. Além do mistério que envolve a transformação na garota transplantada, há ainda o real motivo de sua morte, que ninguém parece saber ao certo.
Mesmo longe de ser original, o mote de Chambers tem lá seu interesse. Além do mais, coloca no papel principal uma garota como outra qualquer, diferente das protagonistas sempre irônicas e carismáticas que costumam dominar as séries jovens. Ainda que a novata Sivan Alyra Rose seja o cerne da narrativa, ela não consegue se destacar. Os grandes momentos, como não poderia deixar de ser, são da sofrida Nancy – Uma Thurman estampa a dor pela perda precoce da filha a cada momento.
Na parte visual, Chambers tenta seguir a cartilha da produção fantástica. Há muitas (por vezes em excesso) cenas em câmera lenta. Em outros momentos, os movimentos de câmera tendem a ser frenéticos. E, como o elemento sobrenatural permeia a narrativa, são vários os efeitos. No início, é interessante, mas à medida que a série vai se desenvolvendo, eles chegam a cansar. Aliás, a Netflix poderia ter economizado um bocado. Os 10 episódios de Chambers vão muito além do necessário.
Chambers
A série está disponível na Netflix