No papel de Raymond Reddington, o criminoso com agenda própria que se une ao FBI para caçar criminosos em The blacklist, James Spader pode exercitar vários lados: ser frio e impiedoso, amedrontando quem está em volta, e também terno e sensível, além de dono de um senso de humor peculiar. “Se era para fazer 22 episódios por ano de uma série de canal aberto que duraria um tempo, isso era exatamente o que estava procurando, algo fluido em termos de tom e de linhas narrativas”, conta Spader, de 58 anos, por telefone.
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“No fim, por mais conflituoso que seja esse relacionamento, Elizabeth formou uma conexão com esse homem. Esse relacionamento e o interesse pelos personagens, na verdade, são as coisas importantes, mais até do que o enigma sobre a identidade de Red”, diz o ator.
Na entrevista por telefone com a participação de outros jornalistas, Spader se mostrou tão calmo – e enigmático, mas certamente bem menos assustador – quanto seu personagem, dando longas respostas e verificando se todos conseguiram fazer suas perguntas, além de apontar o fato de que as mulheres eram maioria entre os repórteres presentes.
O que você admira em Raymond Red Reddington?
Não sei se é bem admiração ou apenas um sentimento de constante surpresa e satisfação de interpretar certos aspectos dele. Sempre fico surpreso como ele pode ter compaixão e ser sensível. Ele tem um grande amor e apreço pelo mundo. Porque Red nunca se esquece do quanto a vida é preciosa. Então, ele sente amor, afeição e tem senso de humor, mas também é implacável e às vezes aterrorizante.
Como fica o relacionamento de Reddington com Elizabeth depois dos acontecimentos da quinta temporada?
Como sabemos, Elizabeth faz uma descoberta surpreendente sobre Reddington no fim da última temporada. A relação entre os dois fica cheia de questionamentos, confusão e conflito.
Quais são os pontos altos da nova temporada?
Fiquei muito empolgado com o final da temporada passada e também agora, tendo filmado metade da sexta, porque me fez ter certeza de trabalhar numa série que tem sucesso em ser capaz de constantemente mudar sua forma, surpreendendo os espectadores e a nós mesmos. Sempre variando de tom, indo do emocionante ao intenso e do aterrorizante ao empolgante. Fazer isso, ao longo de tanto tempo, é difícil.
Seu personagem está sempre dois passos adiante dos outros.
Bem, estava falando sobre isso com um de nossos diretores, esses dias. Ele sempre parece estar dois passos adiante, mas, para mim, isso é um engano. Muitas vezes, ele só está um passo adiante ou talvez um milímetro adiante. E, às vezes, ele está atrás. Ainda assim, os outros correm o mais rápido que conseguem, porque nem têm a noção de que ele pode estar um pouco atrás, sempre presumem que Red está adiante.
Muitos mistérios e questões da série ficaram sem respostas – por exemplo, o que Red sussurrou para Kirk. Os fãs podem ter confiança de que todas essas questões serão respondidas?
Há a intenção dos roteiristas, dos criadores e minha de trazer o público conosco nessa jornada e mantê-lo conosco até o fim. Ao final, o espectador vai poder voltar ao primeiro episódio, assistir a tudo de novo e ver que tudo fazia sentido desde o princípio.
Tudo chega ao fim um dia. Se a decisão estivesse nas suas mãos, deixaria a série acabar com Red ainda sendo um mistério ou mostraria quem ele realmente é?
Dá para ser as duas coisas. Criamos um personagem que você pode conhecer e não conhecer ao mesmo tempo.
Se você pudesse viajar no tempo e dar um conselho a si mesmo no início da carreira, qual seria?
Economize dinheiro! Não estou dizendo isso para fazer graça. Realmente, estou falando de verdade. Um ator mais velho com quem trabalhei quando jovem me disse: ‘Economize seu dinheiro’. Ri e, claro, gastei todo o salário. Economizar dinheiro permite a você fazer os trabalhos que quiser, escolher os papéis pelas melhores razões. Isso ajuda muito na carreira, para o ator não ter de tomar decisões com base no dinheiro. .