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'Realizada', Palmirinha superou infância pobre e um casamento infeliz


A primeira vez em que Palmirinha apareceu na TV foi no fim da década de 1980, no Programa Sílvia Poppovic. Nessa época, ela nem era conhecida ainda pelo apelido carinhoso dado por Ana Maria Braga. Mas Palmira Nery da Silva Onofre já era uma exímia cozinheira, que costumava preparar banquetes e tinha clientes assíduos. Uma de suas clientes era a diretora da atração comandada por Sílvia. “Um dia, ela me sugeriu participar do programa, porque eu sempre fui muito comunicativa, falava muito e tinha uma história de vida pela qual o público iria se interessar”, diz a culinarista.

Palmirinha conta que, nessa época, não tinha o hábito de ver TV. “Não ligava para isso, porque minha vida sempre foi muito corrida, cuidando de casa e da família. No dia (do programa), o tema era ‘Criei meus filhos sozinha’ e ‘Já fui trocada por outra’. Eu me encaixava nos dois”, diverte-se a simpática senhorinha, que completa 88 anos em junho.

Para fazer um agrado a Sílvia, Palmirinha decidiu preparar uma cesta com salgadinhos e pediu para deixá-la no camarim.

“Ela acabou levando a cesta para o estúdio, ao vivo. E comentou que, além de eu ter uma trajetória bonita, ainda cozinhava muito bem. Quando terminou o programa, foi um sucesso. Uma semana depois,  a Record estava me chamando”, lembra.

Com sua maneira didática e carinhosa de ensinar a cozinhar, Palmirinha ficou no Note e anote, ao lado de Ana Maria Braga, durante seis anos. “Foi ali que comecei a ficar conhecida mesmo. E como eu chamava a Ana de Aninha, ela me devolvia, me chamando de Palmirinha. Aí pegou.
Ninguém mais me chama de Palmira”, conta.

Depois da ida da apresentadora para a Globo, a culinarista chegou a permanecer por um período na emissora de Edir Macedo, mas acabou despertando o interesse da TV Gazeta, onde atuou como colaboradora dos programas Mulheres e Pra você. Lá também comandou pela primeira vez um programa só seu, o TV culinária, no qual mostrava o passo a passo de receitas, tirava dúvidas dos telespectadores e ainda contava com a parceria de Anderson Clayton, intérprete do boneco Guinho.

Ela ficou na Gazeta durante 13 anos e depois de um tempo longe da TV, foi para a Fox Life, onde fez três temporadas. “Chega uma hora em que cansa, porque é diário, ao vivo, e eu queria curtir meus netos, meus bisnetos (ela tem três filhas, seis netos e cinco bisnetos). Cheguei a fazer um canal no YouTube, mas não me dediquei. A gente prioriza outras coisas”, frisa.

WEBCELEBRIDADE Por falar em internet, Palmirinha virou uma webcelebridade sem fazer nenhum esforço. Vira e mexe, ela figurava na lista do Top five, do extinto CQC, da Band, quadro que trazia as cinco melhores “pérolas” da televisão brasileira ao longo da semana, desde notícias estranhas anunciadas em telejornais a gafes cometidas em rede nacional. A cozinheira virou até meme por conta disso. “Acho divertido.
Sabe, eu nunca tive vaidade nenhuma de ser famosa, de ter meu próprio programa. Tudo veio na minha mão como Deus quis. Só tenho a agradecer aos fãs e à imprensa por todo esse carinho”, diz a cozinheira, que ainda fez uma ponta como ela mesmo no cinema, em Internet - O filme (2017). Palmirinha tem um site com dicas, receitas e cursos online (www.vovopalmirinha.com.br).

No começo do ano, ela voltou à telinha no programa Chef ao pé do ouvido, que vai ao ar todas as quintas-feiras, às 21h, no GNT. Apresentada por Thaynara OG, a atração é uma competição semanal entre dois cozinheiros inexperientes que, observados por meio de monitores, são orientados por um ponto eletrônico – um pela chef Renata Vanzetto e o outro pelo chef Raphael Cesana – para preparar um prato. Ao longo da disputa culinária, Thaynara recorre à ajuda e às dicas da culinarista no quadro Chama a Palmirinha. Com seu jeito autêntico e peculiar, Palmirinha acaba sendo um destaque do programa. Num dos episódios, ela confundiu o nome da apresentadora e se desculpou. “Naira, você é linda. Você me perdoa se eu trocar.
Se eu falar algo errado, não sou a Palmirinha”, brincou.

A culinarista e apresentadora diz que agora só quer fazer participações esporádicas na TV e tem se dedicado a outros projetos, como sua rede de cafés Casa Vovó Palmirinha, que tem duas unidades em São Paulo, onde mora. Tudo que é vendido lá passa pelo seu aval. “As pessoas vão atrás da minha comida. É o meu nome. Então tem que conferir tudo. Em breve, minha filha vai abrir uma espaço que também vai trazer várias de minhas receitas”, conta ela, que tem também a intenção de intensificar a oferta de cursos e o lançamento de livros de receitas.

Na opinião de Palmirinha, o surgimento de cursos e faculdades de gastronomia foi um fator de influência para a tendência de programas de culinária na TV. “Quando comecei, a gente via mais as cozinheiras mesmo, tipo eu, a Ofélia, gente que aprendeu a cozinhar sozinha ou com a família. Mas acho muito importante e bonito essa evolução da cozinha, com os chefs. Adoro todos, principalmente o Felipe Bronze, o (Henrique) Fogaça e o Alex Atala”, diz.

BATALHADORA Nascida em Bauru, no interior de São Paulo, Palmirinha aprendeu a cozinhar com a mãe e com a avó, que era italiana. Por isso, boa parte das receitas em que se especializou são da terra da Bota,  como massas e pães.
Quando se casou, aprendeu muito com a sogra. No entanto, essa vovozinha que é tão amada pelo público não teve uma vida fácil. De família humilde, aos 7 anos foi morar e trabalhar na capital, como dama de companhia de uma francesa. “Meus pais não tinham condições e aí fiquei um tempo aqui em São Paulo com essa senhora. Ela até queria me adotar. Quando papai morreu, eu tinha 14 anos e voltei para Bauru para ajudar minha mãe a criar meus irmãos”, relata.

De volta à sua terra natal, conheceu o pai de suas três filhas – Tânia, Sandra e Nancy –, mas o casamento não deu certo. “Casei uma só vez e fui muito mal casada. Eu que tive que me virar para criar as meninas. A gente não combinava. Ele era uma pessoa muito revoltada e aí cada um seguiu seu rumo”, comenta. Apesar dessas agruras, Palmirinha nunca tirou o sorriso do rosto e ressalta ter muito orgulho de sua trajetória. “Poder ensinar as pessoas alguma coisa é muito bom. E, enquanto Deus quiser, vou continuar fazendo isso. Estou muito bem de saúde, minha médica me ajuda muito a ser tão ativa e com a cabeça boa. Sou uma pessoa muito feliz e realizada. Ver que a gente plantou alguma coisa e que isso vai continuar de alguma forma é muito legal”, afirma.

Chef ao pé do ouvido
GNT
Às quintas, às 21h


”Eu nem assistia à TV. Não ligava para isso, porque minha vida sempre foi muito corrida, cuidando de casa e da família. No dia (do Programa Sílvia Poppovic, no qual estreou), o tema era ‘Criei meus filhos sozinha’ e ‘Já fui trocada por outra’. Eu me encaixava nos dois”

“Chega uma hora em que cansa, porque é diário, ao vivo, e eu queria curtir meus netos, meus bisnetos (ela tem três filhas, seis netos e cinco bisnetos). Cheguei a fazer um canal no YouTube, mas não me dediquei. A gente prioriza outras coisas”

“Poder ensinar às pessoas alguma coisa é muito bom. E, enquanto Deus quiser, vou continuar fazendo isso. Estou muito bem de saúde, minha médica me ajuda muito a ser tão ativa e com a cabeça boa. Sou uma pessoa muito feliz e realizada”

>> Palmirinha, culinarista
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