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The Voice Kids: quem são os 'gêmeos sertanejos' de São João del-Rei


“O Lucas é bagunceiro, fica com raiva quando está com fome e joga futebol melhor do que eu”, afirma Vinícius. “O Vinícius é concentrado, divertido, e nasceu um minuto depois de mim, então ele tem que me respeitar”, brinca Lucas. É desse jeito que os gêmeos sertanejos – como se intitulam – de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, definem um ao outro. Os irmãos foram os primeiros a subir ao palco da nova temporada do reality global The voice kids, no dia 6 de janeiro. E também foram os primeiros selecionados para a fase de batalhas, que começa em fevereiro. Nessa etapa, os técnicos formam dentro de sua equipe trios que “batalham”, cantando juntos a mesma música.

Lucas e Vinícius Aguiar Campos têm 11 anos e cantam desde os 4. “A primeira lembrança que a gente tem de música é cantar o dia inteiro nos ouvidos de minha mãe, do meu pai, dos meus avós, irmãos, tios, além de cantar também no chuveiro todos os dias”, diz Lucas.

Como são gêmeos, muita gente costumava brincar que eles formariam uma dupla sertaneja. Não deu outra.
“Então pediam para a gente cantar por diversão. Depois de um tempo, começamos a cantar de verdade, com mais fidelidade, vontade. Nosso avô Vicente sempre pedia para a gente cantar na rua para mostrar para os amigos. Daí tudo começou”, conta Vinícius.

No palco do programa, eles impressionaram os técnicos com seu jeito espontâneo, carisma e talento. Todos os jurados viraram as cadeiras quando a duplinha surgiu interpretando Rapariga não, sucesso nas vozes das duplas Simone & Simaria e João Neto & Frederico. A interpretação teve direito a dancinha do arrocha (aquela em que se coloca a mão na testa para suingar). “Que alegria, que carisma! Eu vi aqui uma Simone & Simaria 2”, comentou Simaria, jurada do programa junto com a irmã.

Por serem grandes fãs da dupla feminina, os meninos optaram por ficar no time delas, preterindo os técnicos Carlinhos Brown e Claudia Leitte.
Lucas e Vinicius não escondem a emoção e a alegria de conhecerem as cantoras de perto. “Nossa Senhora do céu! Foi emocionante demais e até hoje não dá para acreditar. A gente não sabia que elas eram ainda mais legais pessoalmente”, comenta Lucas.

SONHO Participar do The voice kids está sendo a concretização de um sonho para os irmãos. Foi um amigo da família, Davidson Villela, que é técnico de som dos gêmeos cantores, que os inscreveu na atração global, a pedido da mãe deles, Neice Adriana de Aguiar. A rotina dos garotos, que estão de férias da escola e têm mais três irmãos (Kauan, de 15; Gabriel, de 14,e Lorena, de 4), tem sido puxada. Eles ensaiam diariamente em São João e, eventualmente, no Rio de Janeiro, onde o programa é gravado. “Já estamos sendo reconhecidos pra caramba. Impressionante!”, comenta Vinícius, que assegura ser melhor cantor do que o irmão.
“Mentira! Sou eu o melhor (risos)”, retruca Lucas.

Os meninos estão cursando o 6º ano e são colegas de sala. Além da música, eles têm como hobby o futebol e ainda arrumam tempo para ser coroinhas nas missas de domingo na igreja de São Judas Tadeu. “Gostamos muito e somos coroinhas há dois anos. Normalmente, aqui a gente tem que ficar tranquilo e obediente.” Os gêmeos estão se esforçando para ganhar a disputa. Mas mesmo se isso não ocorrer não abrirão mão de cantar. “Gostamos muito de música. E de ver o público cantando e agitando com a gente. Estamos ensaiando duro todos os dias para mostrar o nosso potencial. É o que a gente quer. Quem não vai querer ganhar o The voice, né? Uma coisa dessas nas nossas vidas não acontece sempre e nem com todos”, afirma Vinicius.

Os gêmeos de São João del-Rei não foram os únicos representantes de Minas Gerais a brilhar nessa fase de audições à cegas do The voice kids.
Também com 11 anos e a aprovação dos quatro técnicos, Nicolas Gabriel, natural de Campo do Meio, no Sul do estado, encantou o público e os jurados não só por sua qualidade vocal, mas por sua segurança em cena. Foi com a canção Mala, do sertanejo Hugo Henrique, sósia mirim de Cristiano Araújo, que ele garantiu a sua vaga na etapa das batalhas.

DE JOELHOS Já nos primeiros acordes, Simone & Simaria viraram as suas cadeiras, gesto repetido por Brown e Claudia Leitte. Assim que terminou a apresentação, o jovem cantor se ajoelhou e agradeceu a Deus pela realização de seu sonho. A emoção tomou conta do programa. A cantora Simaria e o pai do menino, Deiles Alves da Silva, não resistiram e foram às lágrimas. Na hora de optar pelo time que integraria, o mineirinho foi bem político. “Simone e Simaria, vocês cantam muito. Claudinha, você tem uma voz linda, suave, impecável. E Carlinhos Brown, nem tem como descrever com palavras. Você é o mestre da música”, disse.

No fim, as “coleguinhas”, como são conhecidas as irmãs sertanejas, foram as escolhidas.
“The voice kids é um sonho para qualquer um. É uma vitrine, mostra talentos, uma emissora reconhecida mundialmente, plin-plin (risos). É abertura para muitas portas. Assisti a todas as edições. Os candidatos dão um show, e eu sempre ficava pensando se um dia estaria ali. E, hoje, Deus realizou mais um sonho meu. É muito gratificante e um momento único”, diz Nicolas, que diz ter começado a cantar com apenas 2 anos de idade.

“Sempre digo que nasci para cantar, levar alegria. Deus me deu esse dom, me abençoou e, com a ajuda d’Ele, vou realizar esse sonho”, afirma. Foi seu pai quem notou que o filho talento para a música. “Ele percebeu que eu gostava muito, porque ele gosta também. Era o sonho dele. Porém, pelas dificuldades da vida, ele foi morar com os avós e ficou difícil seguir esse caminho. Mas hoje estou dando seguimento ao sonho dele e também porque amo a música. Ela vive em mim, e eu vivo nela.”

Aos 6 anos, Nicolas passou a fazer aulas de violão, sempre contando com o suporte do pai. “Ele é meu maior incentivador, sempre corrigindo posturas, voz, afinação. Não sei o que seria sem ele.” Nos fins de semana, o garoto costuma se apresentar ao lado do pai, que faz segunda voz para ele, em restaurantes e bares de sua cidade e região. “Às vezes, o papai se apresenta ao meu lado e adoro. Mas ele é meio tímido, prefere deixar comigo mesmo (risos)”.

Apesar de ter se classificado com uma música sertaneja e de esse ser seu estilo preferido, o cantor mirim defende que o artista deve ter um repertório variado e por isso procura cantar de tudo um pouco. Mas não é só a música que preenche a vida de Nicolas. Além de frequentar a escola, ele não abre mão de jogar futebol e handebol com os amigos. No entanto, comemora o momento ímpar que a disputa musical está proporcionando. “A experiência, as amizades, o carinho da equipe. É muito gratificante isso para mim. Na verdade, digo que ganhei outra família, porque me apego muito a todos. E também é um sonho sendo realizado. Deus realizou.”.