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Inspirado no livro 'Ho-ba-la-lá - À Procura de João Gilberto', do escritor e jornalista alemão Marc Fischer (1970-2011), que viaja ao Rio na tentativa de se encontrar com João Gilberto, Gachot refaz os passos do autor pela Cidade Maravilhosa em seu documentário. Com a ajuda de parentes, antigos amigos, parceiros e conhecidos de João, o documentarista tenta desvendar o mistério que envolve sua existência. Entre todos os entrevistados, Miúcha é o destaque. “Não teria como eu fazer meu filme sem a participação dela. Miúcha é a personagem principal. Foi uma parceira mesmo”, diz o diretor ao Estado de Minas.
A mãe de Bebel Gilberto é realmente a figura mais presente no filme. Miúcha conversa diversas vezes com Gachot – pessoalmente e por telefone, em português e em francês. Eles tomam café juntos, ela faz para ele um dueto com João Donato em Até quem sabe (parceria de Donato com Lysias Enio). Nessa passagem, Miúcha “engana” o diretor. Ele comenta que bem que o músico baiano poderia estar ali com eles. E a cantora solta, com ar convicto: “Ele se atrasou um pouco, mas deve estar chegando. Eu pedi a Bebel para trazê-lo”. Georges questiona: “Ele vai chegar agora?” “Já devia estar aqui”, responde a cantora, sorrindo, enquanto João Donato fica intrigado.
BRINCADEIRA
“Como tinha essa história de muita gente querendo encontrar o João, comecei a brincar um pouco com isso. E a Miúcha também entrou no clima. João Donato está realmente com uma cara meio desconfiada. Será mesmo que ele vem?”, diverte-se o diretor.
Mas nem tudo é pilhéria no filme. Durante um dos depoimentos dados ao diretor em sua casa, o celular da irmã de Chico Buarque toca e quem está na linha é João Gilberto. “Ela até comenta que o João tem a capacidade de sentir quando estão falando dele ou quando alguém quer gravar uma de suas músicas. Por isso ligou. Se você reparar bem, dá até para ouvir a voz dele. Aquilo foi interessante”, comenta Gachot.
O diretor, que já fez também filmes sobre Maria Bethânia, Nana Caymmi e Martinho da Vila, diz que Miúcha se mostrou bastante entusiasmada e até emocionada com o projeto sobre o ex-companheiro e, desde o início, se prontificou a ajudá-lo.”Ela chegou a encontrar o Marc Fischer no Brasil. Inclusive, ele dedica um capítulo do livro para a Miúcha. Ela me ajudou em tudo que precisei. Tem um momento, quando embarco para Diamantina (foi dentro de um banheiro na cidade mineira que João Gilberto criou a batida de violão característica da bossa nova), que decido ligar para ela, porque achava importante compartilhar aquele momento. E ela diz: ‘Você viverá coisas que não tem ideia. Espero que tudo ocorra melhor do que você imaginou’”.
O primeiro contato entre os dois ocorreu em 2003, durante o show Brasileirinho, de Maria Bethânia, no Canecão, no Rio. Desde então, a amizade foi só se intensificando. “A Miúcha fez um dueto nessa apresentação. A gente se conheceu e não teve jeito. Vira e mexe, a gente se esbarrava. Mesmo eu morando longe (Georges Gachot reside em Zurique, na Suíça), a gente se falava pelo telefone, trocava mensagens”, conta ele.
A última vez que tiveram contato foi em meados de novembro. Enquanto Georges Gachot falava sobre a ótima repercussão de Onde está você, João Gilberto? na Europa, a cantora carioca lamentava a situação política do país. “Ela se referia, principalmente, à eleição do novo presidente e comentou que pelo menos eu estava dando boas notícias a ela. Miúcha vai fazer muita falta. Além de saber muito e ter participado ativamente da cultura brasileira, era uma grade amiga”, afirma. O diretor está preparando para o próximo domingo (21), uma apresentação especial do filme e aproveitará para fazer uma homenagem a ela em Zurique.
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Família famosa e carreira longa
Filha do historiador e jornalista Sérgio Buarque de Holanda e da pintora e pianista Maria Amélia Cesário Alvim, Heloísa Maria Buarque de Hollanda, que ficou conhecida como Miúcha, nasceu em 30 de novembro de 1937. Irmã do cantor e compositor Chico Buarque e das também cantoras Ana de Hollanda e Cristina Buarque. Quando criança, formou um grupo vocal com seus seis irmãos, incluindo Chico. Nos anos 1960, foi estudar história da arte na França e passou a fazer apresentações musicais na Europa. Na Itália, conheceu a cantora chilena Violeta Parra, que a apresentou a João Gilberto, com quem se casou. Eles foram morar em Nova York, tiveram a filha Bebel e ficaram casados durante oito anos. Ao longo de mais de 40 anos de carreira, lançou 14 discos e fez parcerias com artistas da bossa nova e da MPB. A artista morreu em 27 de dezembro de 2018, em decorrência de complicações de um câncer no pulmão.