Nada é o que parece em 'Homecoming'. Nem Julia Roberts...

Produção marca a estreia da estrela de Hollywood em seriados de ficção

por Mariana Peixoto 30/11/2018 10:43

A voracidade de lançamentos nos canais pagos e plataformas de streaming é tamanha que por vezes fica difícil separar o joio do trigo. Pois se você tiver que assistir a apenas uma série no apagar das luzes de 2018, fique com a temporada inicial de Homecoming. Lançada no início deste mês na Amazon Prime Video, a produção marca a estreia um tanto tardia de Julia Roberts em seriados de ficção.

Amazon Prime/Divulgação
Heidi Bergman (Julia Roberts) é a terapeuta que vira garçonete de fast food decadente (foto: Amazon Prime/Divulgação)

Essa é uma ótima razão, mas há muitas outras para conferir a atração. Homecoming (Volta à casa) nasceu do podcast homônimo, lançado em 2016 pela plataforma digital Gimlet. Para ouvir as duas temporadas, com Catherine Keener, David Schwimmer e Oscar Isaac, basta clicar em www.gimletmedia.com/homecoming.

A adaptação televisiva manteve os criadores do podcast, Eli Horowitz e Micah Bloomberg (estreantes no formato), que se uniram a Sam Esmail. O autor de Mr. Robot dirige os 10 episódios. Assim como em Mr. Robot, a série aposta no clima de conspiração. A narrativa acompanha Heidi Bergman (Julia Roberts), terapeuta que trabalha em uma instalação patrocinada pelo Departamento de Defesa dos EUA em Tampa, Flórida. O projeto Homecoming pretende ajudar veteranos a superar o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e readaptá-los para a vida civil.

CHEFE

Heidi começa a tratar Walter Cruz (Stephan James), soldado que perdeu amigos no Oriente Médio – pelo menos aparentemente, ele parece afável, e rapidamente se ajusta ao cotidiano de terapias em grupo e conversas. Porém, nada é o que parece, não demoramos a perceber. Ainda mais quando entra em cena o chefe de Heidi, Colin Belfast (Bobby Cannavale), que busca resultados rápidos do tratamento. Ele só conversa com Heidi em insistentes e ríspidos telefonemas.

Tais cenas são ambientadas em 2018. Quatro anos mais tarde, a história é outra. Heidi é garçonete em um diner decadente no interior da Flórida. Thomas Carrasco (Shea Whigham), investigador do Departamento de Defesa, vai atrás dela perguntar sobre o Homecoming. As evasivas da personagem deixam claro: ela não tem a menor ideia do que ele está falando.

A trama trata basicamente de manipulação da consciência. Só que a forma como a história é contada também dialoga com isso. O tempo todo, o espectador sente que algo está muito errado por trás da aparente normalidade.

A estética da série só reforça essa sensação. Em 2018, a história é mais solar, apresentada em widescreen (tela larga). Já as sequências ambientadas em 2022 ganham um tom pastel, apagado, assim como Heidi, que parece ter perdido a vida. Nesse momento, as imagens são exibidas com tarjas pretas nas laterais, com a tela em formato 4:3 – como o das antigas TVs de tubo. A trilha sonora contribui, com muita ênfase, para carregar no clima conspiratório.

Ao contrário de boa parte dos thrillers atuais, Homecoming é enxuta. Os cenários são simples, há poucos personagens, episódios não chegam a meia hora de duração. Não há espaço para gorduras, tampouco para histórias secundárias. A primeira temporada termina sem deixar fios soltos, mas com o mote para o segundo ano – já confirmado pela Amazon. É basicamente o máximo no mínimo.

>> HOMECOMING
Os 10 episódios da primeira temporada estão disponíveis na Amazon Prime Video

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