A autora, Elizabeth Jhin, é de Belo Horizonte. E a história se passa numa fictícia cidade mineira do interior, Rosa Branca – as locações são Mariana, Tiradentes, Ouro Preto e Carrancas. Na trilha, artistas como Milton Nascimento. Espelho da vida, novela das 18h da TV Globo, tem DNA mineiro. A protagonista seria interpretada pela atriz Isis Valverde, natural de Aiuruoca, no Sul do Estado. Grávida, Isis foi substituída pela gaúcha Vitória Strada como Cris e Júlia, já que a história mostra duas encarnações da mesma personagem.
Mas os mineiros continuam marcando presença no elenco do folhetim. Ângelo Antonio vive o marceneiro e restaurador Flávio, segundo marido de Ana (Júlia Lemmertz) e padrasto da personagem de Vitória. Embora tenha uma longa carreira desde o sucesso como Alcides, de Pantanal (1990), Ângelo Antonio nunca havia gravado uma novela em sua terra natal. “Adoro gravar (cenas) externas. E em Minas, então, é bom demais. Eu me sinto em casa”, afirma.
Natural de Curvelo, na região central, o ator já fez trabalhos cinematográficos em Minas Gerais, como o filme Chico Xavier (2011), no qual interpretou o médium quando mais jovem. “Também gravamos em Tiradentes e em outras cidades. Acho que o de que mais sinto falta é o Cruzeiro, meu time, a cachacinha, os queijos, a música, o gosto pela terra, pelo mato, a espiritualidade. Infelizmente, não tenho ido a Minas o tanto que gostaria. Mas tenho, sim, primos, tias, amigos e muitas saudades daí”, diz.
Rosana Dias também integra o elenco de Espelho da vida. A atriz é de Belo Horizonte, ou melhor, do bairro Mantiqueira, na região de Venda Nova, como faz questão de frisar. “Tenho o maior orgulho das minhas origens. Quando apareci na TV pela primeira vez, em 2004, no quadro Se vira nos 30, do Faustão, brincam comigo que coloquei o Mantiqueira no mapa mundial. É onde nasci, cresci, comecei a fazer teatro”, conta Rosana, que está em sua terceira novela. Ela faz o papel de Valdete, que trabalha na pensão de Gentil (Ana Lucia Torre) e é uma cozinheira de mão cheia e especialista em quitutes mineiros.
“É um presente, pois fui convidada pela própria autora, que é mineira como eu. Fico muito honrada de representar minha terra numa novela da Globo, ainda mais a história se passando e sendo gravada aqui. E o melhor é que nem precisei trabalhar o sotaque”, brinca. Os demais colegas têm acompanhamento de uma profissional de prosódia, Iris Gomes da Costa, que é do interior do Rio de Janeiro. “Cheguei a participar de algumas aulas da Iris, só para dar algumas referências. É muito interessante. Ela trabalha e fala tão bem da nossa cultura. Estou impressionada como muita gente no elenco está se saindo muito bem com o nosso sotaque”, avalia a atriz mineira.
Rosana traça paralelos entre sua trajetória profissional e a de Valdete. “Sempre fui muito trabalhadora. Nunca escolhi emprego. Desde catar lixo na rua até empregada doméstica. Sou 1001 utilidades. Minha história de vida me ajudou a construir minha personagem. O prazer da Valdete é servir as pessoas.” Hoje vivendo no Rio de Janeiro, a atriz cursa faculdade para obter licenciatura em teatro. “Sempre quis fazer esse curso. Quero ser um exemplo para as pessoas que não acreditam no impossível”, afirma.
PARTICIPAÇÕES Atores mineiros têm sido convidados também para fazer participações ou pontas na novela. Logo no segundo capítulo, Léo Quintão, nome conhecido do teatro mineiro, vestiu o hábito de um padre durante o enterro de Vicente (Reginaldo Faria). A cena foi gravada num cemitério em Mariana. “Vez ou outra, faço pontas em novelas e programas da Globo. Mas é especial estar numa trama como Espelho da vida, que é rodada aqui. Valoriza o material humano da nossa cidade, do nosso estado. Você reconhece o seu lugar, a sua região. É bom até para a autoestima, ainda mais no caso de Mariana, que passou por tantas privações. Quando a gente trabalha como ator, quer contar nossas histórias e fazer do nosso quintal algo universal”, diz Léo.
O ator não sabe se seu personagem terá outras cenas na trama. “Novela é uma obra aberta, mutável, então tudo pode acontecer. Fico muito feliz de os atores daqui estarem tendo esse reconhecimento”, diz o ator, que, com a Cia Pierrot Lunar, cumpre temporada do espetáculo Um pouco de ar, por favor entre os dias 2 e 12 de novembro, no CCBB-BH.
Anderson Luri participa pela primeira vez de uma novela da Globo. Ele já havia feito uma ponta na série Sob pressão e participações em produções bíblicas da Record. “A cena (de Espelho da vida) foi rápida, mas importante no contexto da trama, já que o personagem do Felipe Camargo é atropelado pela própria filha, vivida pela Vitória Strada. Fiz um enfermeiro. Gravamos em Mariana, num domingo, e foi bacana, porque tinha muita gente da cidade assistindo. Tivemos até o auxílio de paramédicos reais”, lembra. Anderson acredita que sua função dramática já foi cumprida, mas não descarta voltar.
“Eu mesmo não assisti no dia em que foi ao ar, mas muitas pessoas comentaram comigo que gostaram. Quem sabe não apareço de novo?”, diz o ator, que divide como colega colega Fabiano Persi a Cia Solo de teatro empresarial. Persi também teve sua cena na novela das 18h. “Fiz uma participação em Sob pressão e agora gravei a novela. Foi algo bem pontual, mas não deixa de ser um primeiro passo e um primeiro contato com uma emissora importante”, comenta Fabiano, que tem fascínio pelo cinema desde pequeno. “Não tive tanto acesso nem entendia muito o universo do teatro. Foi quando fiz um curso de violão que fui para as artes cênicas. O próprio teatro vai escolhendo a gente”, diz ele, que está rodando também em Minas o longa A queda, com Daniel Rocha e Gracindo Júnior.
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A atriz e psicóloga Natacha Galante participou das mesmas sequências que Fabiano. Ela fez uma ponta como a recepcionista do hotel em que a produção e o elenco do filme estão hospedados. Mesmo em se tratando de participações menores, Natacha ressalta a importância de ter atores mineiros no elenco de uma trama nacional. “Temos tantos talentos aqui. Por isso é fundamental esse reconhecimento. Para que trazer gente de fora se temos tanta gente boa? Estou na expectativa de minha personagem ter mais espaço, porque foi uma experiência enriquecedora e interessante”, diz.