Os criadores de La casa de papel, a série mais popular da Netflix em língua espanhola, apresentaram nesta semana em Cannes El embarcadero, sua nova produção, também filmada na Espanha, que combina suspense com romantismo. Os espanhóis Álex Pina e Esther Martínez Lobato disseram que a nova série prende o telespectador tanto quanto La casa de papel, mas de forma “mais emocional”. Eles apresentaram uma seleção de cenas do primeiro episódio no Mipcom, o principal mercado de programas de entretenimento do mundo.
“Depois de La casa de papel, que era uma série complexa, decidi fazer algo muito diferente, mais simples, com sentimentos e emoções e muitas cenas externas”, disse Pina. “Era muito difícil construir uma história sem se apoiar na ação e nas armas, na qual as relações entre os personagens são as armas”, afirmou Martínez, destacando as similaridades entre as duas séries, sobretudo “as ambiguidades morais dos personagens”. “É também uma viagem emocional para alguns personagens que já não são jovens, mas adultos que construíram uma identidade”, acrescentou.
Rodada em Valência e no Parque Nacional de La Albufera, no Leste da Espanha, El embarcadero conta a história de uma mulher que investiga o suicídio de seu marido e descobre que ele levava uma vida dupla. Os fãs de La casa de papel, cuja terceira temporada começará a ser rodada no fim deste mês, verão em El embarcadero o ator Álvaro Morte, que vive o Professor na série sobre um roubo à Casa da Moeda da Espanha.
SALTO
As atrizes Verónica Sánchez e Irene Arcos também fazem parte do elenco da nova série. “Os personagens (de ambas as séries) não têm nada a ver entre eles, embora todos escondam coisas”, disse Morte. “Com Álex Pina nunca se sabe o que pode acontecer no roteiro, é um salto no vazio, mas tenho que subir no trem”, afirmou o ator. Verónica Sánchez, que interpreta a viúva, diz: “Minha personagem é inesperada, não reage furiosa, mas realmente tenta compreender o que aconteceu”.
A série tem duas temporadas de oito episódios e é uma criação da emissora espanhola Movistar+. Na Espanha, será transmitida em 2019. Christian Gockel, responsável pelas operações internacionais da distribuidora Beta Film, afirmou que a série suscitou “um grande interesse internacional”. “Na Espanha, há uma cultura de televisão de grande qualidade”, disse Domingo Corral, diretor de ficções da Movistar. “Queremos produções muito locais, muito espanholas”, acrescentou.
O sucesso de La casa de papel, que durante vários dias foi a série mais vista na Netflix nos Estados Unidos, levou este ano a gigante americana a abrir o seu primeiro estúdio de produção europeu em Madri. A Netflix também assinou um acordo de exclusividade com Álex Pina para desenvolver novas séries. “A Espanha toma um caminho diferente para explicar histórias. É o que deve ser feito hoje em dia em ficção, porque os telespectadores são exigentes”, diz Pina.
Entre os seus novos projetos, ele citou White lines, com os produtores da série The crown, outro sucesso da Netflix. A trama é baseada em uma mulher que investiga a morte de seu irmão, entre Ibiza e Manchester, com um pano de fundo de drogas. (AFP)