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Cidinha Santiago e Batista se destacam na gastronomia e na TV como assistentes de luxo

Maria Aparecida de Oliveira, de 60 anos, é natural de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. João Batista Barbosa de Souza, de 50, nasceu em Gurinhém, na Paraíba. Em comum, eles têm a paixão pela cozinha, desenvolvida desde a infância. Cidinha Santiago, nome que a cozinheira adotou após o casamento, preparou o seu primeiro prato – arroz –, aos 5 anos.
Batista se prepara para abrir um restaurante em parceria com o chef Claude Troisgros - Foto: Tricia Vieira/Divulgação
“Sou a mais velha de 12 irmãos. A gente ainda morava em Belmiro Braga, pertinho de Juiz de Fora. Minha mãe saiu para buscar lenha e deixou apenas a mamadeira para o mais novo. Ela demorou demais a voltar, e eu fiquei preocupada de eles passarem fome. Como já tinha visto ela fazer arroz, peguei o tempero que ela tinha deixado pronto, acrescentei um pouco de gordura e fiz.

Mamãe levou um susto quando voltou e viu todo mundo comendo. Ficou tão bom que, dali em diante, ela me pediu para fazer todos os dias”, conta.

Batista, que ficou conhecido apenas pelo sobrenome, tinha 9 anos quando se viu pela primeira vez entre panelas e o fogão. “Minha mãe era dona de um restaurante caseiro para caminhoneiros na minha cidade, e eu já a ajudava nessa época descascando alho e cebola”, diz ele, que faz parte de uma família de 10 irmãos. A dedicação, o talento e, sobretudo, o amor pela culinária levaram os dois para a TV, onde se transformaram em assistentes de luxo de chefs televisivos.

Com mãe doceira e pai padeiro, Cidinha brinca que foi concebida nos fundos da padaria. “Não tinha jeito de fugir desse destino. Os dois sempre amaram cozinha. Está no DNA”, diz a consultora e personal chef, que trabalhou durante 12 anos com a culinarista Ofélia Anunciato (1924-1998) na Band e hoje auxilia Edu Guedes no programa Edu Guedes e você (RedeTV!).

Boa parte do que Cidinha sabe na cozinha se deve aos ensinamentos que recebeu da mãe. Maria de Oliveira morreu com apenas 53 anos e adorava preparar doces.
“Até hoje, gosto de fazer aqueles doces caseiros de mamão, abóbora com coco, figo, compotas. Coisa de mineiro mesmo. Não fui criada com brigadeiro. Até faço, mas não sou muito fã dessa doçaria moderna”, afirma Cidinha, que se formou em enfermagem, mas nunca abandonou o fogão.



Foi nessa época, conciliando curso e panelas, que ela foi trabalhar como empregada doméstica. O trabalho em casas de famílias de origem portuguesa e italiana fez com que ela aprendesse muito sobre a gastronomia desses países. “E eu fazia muito curso de correspondência também. Queria me aperfeiçoar. Nesse período, por volta de 1985, apareci pela primeira vez na TV.

Fiz um livro que trazia receitas típicas de vários países e, claro, também de Minas. Teve muita repercussão, até porque era um feito uma empregada doméstica lançar um livro e ainda aparecer na TV”, recorda.

Logo depois, ela foi convidada por uma conhecida para se mudar para São Paulo e ser babá de seus filhos gêmeos. Ainda assim, ela manteve o propósito de se aprimorar na cozinha. Foi durante uma feira de utilidades domésticas que conheceu Benjamin Abrahão, notório padeiro paulista e fundador das padarias que levam o seu nome. “Ele me chamou para auxiliá-lo e aí as coisas foram acontecendo. Foi o Benjamim quem me indicou para a Ofélia. Ela foi minha musa inspiradora. Aprendi muito com ela. Quando morreu, fiquei na Band ainda com outras pessoas, como a Ritinha (a chef, escritora e apresentadora Rita Lobo), que era modelo e estava voltando para o Brasil. Foi ela quem organizou meu chá de bebê. Também trabalhei com a Olga Bongiovanni, Astrid Fontenelle, Clodovil, por quem tenho grande carinho e saudade. Meu primeiro micro-ondas foi o Clô quem me deu”, comenta.

Há 13 anos Cidinha acompanha Edu Guedes – primeiro na Record e agora na RedeTV!. “Ele é maravilhoso, um menino muito bom e talentoso.
Tenho muto orgulho dessa minha trajetória. Apesar de ter ficado marcada muito tempo como a assistente da Ofélia, hoje já tenho uma identidade. O meio da gastronomia me respeita e me conhece. Minha filha (Luana, de 19 anos, estudante de biologia) brinca que, antes mesmo de surgir essa moda, eu já era empoderada.”

Ela diz não sonhar em ter o próprio programa na TV. “Prefiro lidar mais com a internet, com redes sociais. É o que está mais forte, e a gente tem mais liberdade, tempo. Tenho muita vontade de fazer um documentário sobre gastronomia Sou estudiosa de comidas saudáveis, comidas africanas”, comenta. Sempre que pode, ela vem a Minas visitar seus parentes. “Meu pai tem 93 anos e mora em Belmiro Braga. A gente sai de Minas, mas Minas não sai da gente”, frisa.

FIEL ESCUDEIRO

Quem assiste aos programas de Claude Troisgros no GNT fica com água na boca com as receitas preparadas pelo chef francês.

Mas também se diverte com a sintonia entre ele e seu fiel escudeiro, o paraibano Batista, considerado uma pessoa simples e de poucas palavras. A cumplicidade entre os dois é nítida.

Eles se conheceram quando o sous-chef paraibano tinha 17 anos e se mudou para o Rio de Janeiro, onde vive até hoje. “Fui estoquista em uma loja e ajudante de pedreiro, até descobrir, por intermédio do meu tio, porteiro num prédio em Ipanema, que havia uma vaga no Restaurante Roanne, do chef Claude. Fui o primeiro empregado dele. Depois, o Claude abriu o badalado Claude Troisgros (hoje Olympe, na Lagoa, no Rio), onde passei por todas as praças (funções), até ser chef executivo, quando tomei conta do restaurante, nos cinco anos em que ele morou em Nova York”, narra Batista.

A ida para a televisão foi meio por acaso, em 2005, quando Claude Troisgros começou a gravar seu primeiro programa, o Menu Confiance, no próprio Restaurante Olympe. “Sempre que esquecia algum ingrediente, o chef gritava ‘Batisteeee!’, e eu aparecia correndo, em cenas que iam ao ar sem corte. As aparições se tornaram mais frequentes no Que marravilha!, até a nossa dupla se consolidar na TV. E lá se vão alguns bons anos de parceria”, relata.

O respeito e a admiração são mútuos, e Batista afirma que hoje os dois se entendem apenas com o olhar. “Sei a forma como ele gosta de preparar tudo e sou agradecido pela confiança que deposita em mim.” O paraibano reconhece que a TV deu grande visibilidade ao seu trabalho de cozinheiro, mas, assim como Cidinha, diz que não almeja ter um programa próprio. “As pessoas me procuram para tirar dúvidas, participar de eventos e publicidade. Acho que o público me vê muito ligado ao Claude. Na TV, Batista anda junto com Claude. Não penso em trabalho solo”, diz.

Além de atuar nos programas, Batista diz que faz “coisas pontuais na Brasserie e Boucherie (bistrôs de Claude)”. Recentemente, ele criou o Picadinho do Batista, que fez tanto sucesso que acabou sendo incorporado como prato fixo na nova casa de Claude Troisgros, o Le Blond, no Leblon. Se não sonha em comandar um programa, o mesmo não se pode dizer de um restaurante. “É um projeto que tenho para o ano que vem, junto com o chef Claude. Vai ser o Chez Batista”, avisa.

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