Considerando que Batman é apenas um homem comum vestido de morcego combatendo o crime, é plausível cogitar que o personagem não seja, exatamente, um exemplo de sanidade. As perturbações do Homem-Morcego ganham novas nuances na minissérie Batman: Cavaleiro branco (Panini, 28 páginas, R$ 7,50), mostram o vigilante fora do controle e quase dando fim à vida do Coringa, que após o ocorrido recupera a sanidade busca reparar os erros antigos. A história é dividida em oito edições, com arte e roteiro de Sean Gordon Murphy (Joe, o bárbaro).
No primeiro volume, vemos Batman no encalço ao palhaço psicótico e, na perseguição furiosa, põe em risco a vida de alguns inocentes. Ao finalmente capturar o inimigo, o herói chega perto de matar o Coringa. Após se recuperar do ataque, antigo vilão dá sinais de ter sido curado da loucura e consegue fazer com que Batman seja preso. Abandonando a carreira do crime e agora sob a alcunha de Jack Napier, ele vira uma espécie de defensor moral de Gotham e consegue virar a opinião contra o Homem-Morcego, quem ele considera o principal responsável pela grande criminalidade na cidade.
A premissa de colocar Batman como culpado pela gênese dos vilões de Gotham City já foi explorada em outras histórias do personagem ao longo das décadas, mas a ideia de tornar o Coringa como guia moral traz frescor para a série, que também faz um interessante olhar crítico sobre a atuação frequentemente violenta do herói. Dono de uma arte deslumbrante e texto dinâmico, Sean Gordon faz uma interpretação bastante original dos personagens de Gotham. Ao menos no início, é uma trama promissora.