A Netflix anunciou na quarta-feira, 29, que a animação brasileira Super Drags recebeu a classificação indicativa de 16 anos, ou seja, é uma produção que trata de temas considerados impróprios para os menores dessa idade. Segundo as normas definidas pelo Ministério da Justiça, obras com essa classificação contêm "predominantemente conteúdos com inadequações intensas" como violência, sexo ou nudez e drogas.
No vídeo divulgado em primeira mão para o E+, a personagem Vedete Champagne, dublada pela drag Silvetty Montilla, usa do humor que será característico da animação para anunciar a classificação indicativa e fazer piada com os rumores que Super Drags estaria sendo produzido para crianças.
"Tão dizendo por aí que Super Drags é pra criança? Quê? Vocês estão me achando com cara de Galinha Pintadinha?", diz a personagem. "Vai ter desenho de viado na Netflix, sim! Mas só para maiores de 16 anos", continua Vedete, ressaltando que a produção não estará disponível no perfil Kids, dedicado à programação infantil e somente com conteúdo com classificação indicativa livre. Veja:
"Para a Netflix as questões de inclusão e diversidade são extremamente importantes, elas estão no núcleo do que a empresa é, demonstra e conduz nossos negócios no mundo inteiro e com isso, faz todo o sentido que uma animação como a Super Drags venha a existir, seja produzida pela gente e que a nossa plataforma permita que as pessoas tenham acesso à ela", disse um porta-voz da Netflix ao E .
Produzida pelo estúdio de animação brasileiro Combo Estudio, Super Drags ainda não teve sua data de lançamento divulgada.
Fake news
Apesar da plataforma de streaming indicar de maneira clara que se trata de uma animação destinada para adultos (como Rick and Morty, BoJack Horseman e Big Mouth), isso não impediu que grupos de pais, anti-LGBT e religiosos nacionais e internacionais começassem a espalhar notícias falsas dizendo que a Netflix está criando animações para "incentivar a homossexualidade em crianças" e criando campanhas de boicote à plataforma de streaming.- nas últimas semanas.
A repercussão da fake news foi tanta, que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou uma nota na segunda-feira, 16, pedindo o cancelamento da animação sob a falsa premissa de que ela estará disponível para crianças. "A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em nome de cerca de 40 mil especialistas na saúde física, mental e emocional de cerca de 60 de milhões de crianças e adolescentes, vê com preocupação o anúncio de estreia, no segundo semestre de 2018, de um desenho animado, a ser exibido em plataforma de streaming, cuja trama gira ao redor de jovens que se transformam em drag queens super-heroínas", diz a entidade, se colocando contra a exposição de crianças e adolescentes a conteúdos impróprios na televisão.
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De fato, a Netflix tem um perfil próprio para as crianças, chamado Kids, onde somente produções de classificação indicativa livre estão disponíveis. "Nós não sabemos ainda qual será a classificação indicativa porque a animação ainda está em produção, mas o que nós podemos adiantar é que as crianças não vão achar Super Drags lá. Uma das nossas maiores preocupações é passar para os pais que a nossa plataforma Kids é um ambiente seguro, onde eles podem confiar que seus filhos estão explorando títulos e conteúdos apropriados para a idade deles", continua.
"Não só a gente precisa manter essa plataforma infantil saudável, porque os pais vão olhar e controlar, mas também colocar nas mãos deles controle absoluto da experiência que seus filhos têm na Netflix", explica o porta-voz, salientando que mesmo se a criança tiver acesso aos perfis adultos, os pais podem bloquear produções específicas ou de determinada classificação indicativa.
"Para a Netflix as questões de inclusão e diversidade são extremamente importantes, elas estão no núcleo do que a empresa é, demonstra e conduz nossos negócios no mundo inteiro e com isso, faz todo o sentido que uma animação como a Super Drags venha a existir, seja produzida pela gente e que a nossa plataforma permita que as pessoas tenham acesso à ela", afirma. "A gente programa uma plataforma de conteúdo que pode oferecer uma variedade de conteúdos para atender não só todos os tipos de gostos e preferências, mas também de sensibilidade. Nós sabemos que as pessoas têm sensibilidades diferentes, que não existem duas famílias iguais, que pais e mães pensam diferente e cada um sabe o que é melhor e mais apropriado para as crianças e seus filhos", conclui.