A ponte área Belo Horizonte Rio de Janeiro passou a fazer parte da rotina do ator Guilherme Oliveira no último mês. Com carreira de 20 anos nos palcos da capital mineira, ele participa, pela primeira vez, de uma telenovela. Em O tempo não para, folhetim das 19h da TV Globo, ele interpreta Percival, maitre de um restaurante. “É um pouquinho cansativo conciliar.” Versátil, o ator transitou por vários gêneros, dramas, teatro do absurdo, mas é na comédia que encontrou sucesso com seus personagens. “A comédia é onde me identifico mais, onde jogo melhor. O segredo da comédia é você estar feliz, intenso, pleno com o personagem e não ter vergonha do que você defende.” No momento, viaja, pelo interior de Minas, com as peças Homem é tudo igual, não vale um real, com direção de Eri Johnson, e Guara-pa-rir!, com direção de Ilvio Amaral e Maurício Canguçu.
Ao longo de duas décadas, Guilherme atuou em 25 espetáculos, sendo oito infantis e 17 adultos. “O meu maior desafio foi o monólogo Homem é tudo igual, não vale um real. É um texto polêmico, tratamos de discussões importantes sobre o universo feminino, desse massacre que a mulher sofre, desse pensamento primata de não a valorizar, não dá o espaço que ela merece ter.”
A entrada no teatro ocorreu por acaso na vida de Guilherme, quando ele trabalhava criando páginas para web. “Nunca pensei em fazer teatro. Nunca tive contato com esse universo. O andar de cima do prédio onde eu trabalhava com informática era uma escola de teatro. Um belo dia, o diretor Cássio Pinheiro foi ao escritório para contratar nossos serviços para criação de homepage. Foi daí que surgiu o convite”, recorda-se.
Na época, Guilherme contou com bolsa de estudos para seguir sua formação teatral. “Fazia as aulas durante as semanas e, nos finais de semana, ajudava o Cássio no Teatro da Praça, abrindo e fechando cortinas. A paixão maior veio, depois de cinco meses de curso, quando me convidou para fazer uma peça profissional, atuando na montagem de Romeu e Julieta.”
Nessa primeira montagem, foi indicado a ator revelação pelo prêmio Amparc (Associação Mineira dos Produtores de Artes Cênicas). “Naquele momento, me apaixonei profundamente pela profissão e lá se vão 20 anos.” Alfredo virou a mão, dirigido por Ilvio Amaral, foi divisor de águas na carreira de Guilherme. “Ter feito parte desse grande sucesso foi muito importante na minha carreira, foi o espetáculo que me abriu portas para outros trabalhos.” O ator destaca que conseguiu construir um personagem “muito interessante”, o que chamou a atenção de diretores e produtores de elenco. Também atuou em montagem para o teatro de Lisbela e o prisioneiro, de Osman Lins. “É um clássico, texto maravilhoso. Não tivemos dificuldade de levar para o teatro.”
Guilherme está no ar na novela O tempo não para e afirma que tem sido um ótimo aprendizado. “Estou tendo pequeno contato com a teledramaturgia, mesmo que embrionário. Tenho muita vontade de estar próximo da televisão”, diz. Guilherme destaca a diferença entre as técnicas de atuação. “É tudo pequenininho, menor. Você trabalha muito com sua expressão facial, pela gesticulação do seu corpo. Televisão é tudo pequeno. A reação é muito contida. É tudo no olhar. A câmara consegue captar os detalhes, diferentemente do teatro”, afirma.
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O preconceito que ainda se tem com profissionais que se dedicam às artes é o principal obstáculo, que ele conseguiu superar. “Algumas pessoas perguntam se sou ator. Digo que sim e logo já perguntam qual novela você faz. Para muitos, a pessoa só é ator se faz alguma novela ou está em cartaz com algum filme. Não valorizam o teatro, arte tão fundamental e tão importante.” No entanto, revela que sempre contou com o apoio incondicional da família, em especial a mãe Iara. “Minha mãe, meus tios sempre me deram a mão, nunca fizeram comentário pejorativo, nunca me deixaram desistir.”