O nome dela é Gal. Maria Gal. Assim como acontece com todas as Marias das Graças nascidas na Bahia, o apelido sobressai. “Sou Maria das Graças Quaresma dos Santos. Cheguei a adotar o nome artístico de Gal Quaresma durante um tempo, mas depois resolvi assumir o Maria. É simbólico”, destaca a atriz, que até decidiu batizar assim a produtora audiovisual que abriu em 2014.
“Minha empresa é voltada para a produção de conteúdo para TV e cinema. Nosso intuito é gerar mais espaço para artistas e projetos que valorizem o negro e o feminino no Brasil. Num mercado majoritariamente masculino e branco, a Maria Produtora é mais do que apropriada”, ressalta.
A baiana de Salvador é um dos destaques da novela As aventuras de Poliana, sucesso de audiência do SBT/Alterosa. Interpreta Gleyce Soares, integrante do núcleo negro da trama de Iris Abravanel, que conta também com Ciro, o marido dela, vivido por Nando Cunha, e os filhos Késsia (Duda Pimenta) e Jeferson (Vitor Brito).
Mulher forte que segura as pontas da casa e da família praticamente sozinha, Gleyce é “mãe leoa”.
“Ela é uma personagem muito interessante. Além da questão de Gleyce ser batalhadora e empoderada, é importante a gente ver uma família negra retratada na dramaturgia. Apesar de essa questão estar melhorando no país, ainda falta muito”, diz Maria Gal, que, em 2017, ganhou o prêmio de melhor atriz no Madrid International Festival por sua atuação no filme A carga, de Aline Rezende.
Maria Gal decidiu abrir a produtora justamente por sentir falta de negros e mulheres em papéis importantes no cinema e na TV. Um dos projetos em que está trabalhando é o longa-metragem Carolina, sobre a trajetória da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977), mineira de Sacramento. A direção será assinada por Rogério Gomes (A força do querer, Além do tempo e Império).
Além de coproduzir o filme, Gal fará o papel de Carolina, que, de acordo com a atriz, tem uma das biografias mais bonitas e fascinantes da história de Minas e do Brasil.
“Ela escreveu um clássico da nossa literatura, Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicado em 1960. Carolina de Jesus está entre as primeiras e mais relevantes autoras negras do país. Daí a importância de levar para o cinema essa trajetória, que, infelizmente, é desconhecida do grande público.
FACETAS
Maria Gal celebra o fato de participar de As aventuras de Poliana, novela do SBT, que considera uma extensão de sua casa. “A parceria com o Nando e o resto do elenco é muito bacana. Minha personagem vai transitar por outros núcleos, então a Gleyce terá a oportunidade de mostrar suas outras facetas”, revela.
A atriz baiana está impressionada com a dedicação e o talento dos atores mirins e credita boa parte do sucesso de As aventuras de Poliana a eles. “O SBT nos recebe muito bem, e esse clima amistoso se reflete na hora de gravar. Todo mundo está feliz, satisfeito, principalmente as crianças. Realmente, tem sido um presentão fazer parte disso tudo”, conclui.
Os Souza
Além da novela do SBT e da cinebiografia de Carolina Maria de Jesus, Maria Gal se dedica à série de comédia Os Souza, escrita por Cláudio Torres Gonzaga. “Ainda está bem no começo.
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