Há quase 40 anos, Sula Miranda convive com os holofotes, mas sempre exibindo seu lado profissional – como cantora, apresentadora, escritora, empresária ou decoradora, uma de suas facetas mais recentes. Desde o dia 23 de abril, o público tem compartilhado da intimidade não só dela, como de sua família, sobretudo a irmã Gretchen, o cunhado Carlos, e o sobrinho Thammy.
Os Gretchens é um reality exibido pelo Multishow diariamente e a cargo da Production Partners, de Tatiana Issa e Guto Barra, responsável por outros programas como Pedro pelo mundo e Além da conta. De dezembro a março, a equipe da atração acompanhou o cotidiano da família. Mais discreta e avessa à badalações que boa parte dos parentes protagoniza, Sula admite que, em um primeiro momento, não chegou a ficar muito à vontade com a ideia de se expor. “Estou acostumada com as câmeras desde a adolescência, mas é bem diferente você ter uma câmera te acompanhado o tempo todo. Tem horas que a gente até esquece e se solta mais. Por um lado, gostei muito, porque as pessoas acabam conhecendo um outro lado meu. Mas tem o outro aspecto que é meio desconfortável.
Sula chegou a comentar que não aprovou a escolha do nome do programa. Para ela, seria mais adequado que fosse Os Mirandas e seguisse a linha de The Kardashians, o reality norte-americano que foca nas vidas profissionais e pessoais da família de Kim, Khloe e cia limitada. “Acabou havendo algumas mudanças no decorrer da produção. A Gretchen foi contratada pelo Multishow, tanto que o foco está nela. Tem até uma websérie só dela e com o Thammy também. Você é convidada para fazer um projeto X e, no meio do caminho, muda.
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Sula – que na verdade se chama Suely. “Só uma prima me chama assim. Mas eu não gosto muito (risos). Sula é meu apelido desde criança” – está cheia de projetos.
A eterna Rainha dos Caminhoneiros – título que ganhou da imprensa em 1986 quando lançou Caminhoneiro do amor, música que fala das saudades das esposas que ficam longe dos maridos que vão para a estrada – não esquece seu público principal. Há anos desenvolve atividades sociais voltadas para eles e está investindo não só dinheiro, mas tempo e dedicação ao que chama de seu projeto de vida, o Pacam, Ponto de Apoio ao Caminhoneiro. “São 35 unidades que vão ser espalhadas por todo o país para ser não só ponto de parada para os caminhões, mas para abastecimento, alimentação, hospedagem. É um conceito novo. Estou fazendo parcerias com a iniciativa privada e devemos implantar alguns em breve.
SUPERAÇÃO Caçula de uma família de três irmãs – Maria Odete (Gretchen) e Yara completam o trio – Sula nasceu com um grave problema na laringe, que era estreita demais e dificultava a passagem dos alimentos. Como complicador, ela tinha o timo (glândula situada na parte inferior do pescoço) aumentado, o que deixava a alimentação ainda mais difícil. Qualquer secreção na saliva era suficiente para que a recém-nascida engasgasse, colocando em risco sua vida. Examinada por uma junta médica quando tinha menos de um mês de vida, a conclusão foi que Sula deveria se submeter a uma traqueostomia, que a condenaria a passar o resto da vida com uma abertura externa na garganta, por onde falaria.
Sua mãe, dona Maria José, que hoje mora em Vila Velha (ES), e de vez em quando aparece no reality do Multishow, n ão permitiu a operação e entregou o caso a Deus. “Já comecei a minha vida lutando. E o mais curioso é que minha mãe não queria mais ter filhos quando engravidou de mim. Mas quando Deus tem um propósito para a gente, não tem jeito. Era para eu ter problemas de fala, na voz, que acabou virando meu instrumento de trabalho. Deus teve outros planos pra mim”, destaca a paulistana que hoje está com 54 anos e há 14 se converteu. “Não digo que sou evangélica. Sou cristã e pratico os ensinamentos da Bíblia”, frisa.
A trajetória profissional começou no fim da década de 1970 ao lado das irmãs no trio As Mirandas que mais tarde se tornaria o quarteto As Melindrosas, com a inclusão da amiga Paula. O primeiro LP, Disco baby, foi sucesso, alcançando a marca de 1 milhão de cópias vendidas.
A carreira solo teve início em 1986 e, mesmo com algumas pausas, ela nunca deixou de cantar o estilo que a projetou, o sertanejo. Quando surgiu, não havia muitas representantes femininas no gênero. Ela e Roberta Miranda eram praticamente as únicas. Sula afirma achar bom o espaço que as mulheres vêm conquistando nos últimos anos, mas acha que elas deverim se voltar mais para a essência da música e da própria mulher. “A gente teve as Irmãs Galvão, que estão aí até hoje; depois viemos eu e Roberta. Só de uns dois, três anos para cá veio essa leva de mulheres maravilhosas. Acho muito importante essa força da mulher sertaneja, mas acho que elas estão exagerando um pouco na questão do empoderamento feminino. Os homens estão sendo muito mais românticos e cantando mais as coisas da família do que elas. As cantoras estão ficando muito independentes. Acho que elas deveriam ser mais femininas do que feministas. O caminho é esse.”
Abaixo, confira o clipe de Caminhoneiro do amor: