Nada de forças energéticas, serial killers, fantasmas, realismo fantástico. Vida real, com todas as dores e sabores. A série Merlí, da Netflix, criada e escrita por Héctor Lozano, conta a história apaixonante do professor de filosofia Merlí Bergeron, vivido pelo talentosíssimo Francesc Orella, que usa métodos pouco ortodoxos para incentivar seus alunos a pensar livremente e questionar ideias preconcebidas. A série se passa em Barcelona e é falada em catalão.
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Netflix confirma Helena Bonham Carter como princesa Margaret em 'The Crown'Assédio sexual será o foco da segunda temporada de '13 reasons why''O Nome da Rosa', de Umberto Eco, será tema de série de TVLivro interativo expande o universo da série 'Merlí', da Netflix Clássicos da TV, 'Vale tudo' e 'A indomada' voltam ao ar no Viva ainda em 2018O diferencial da série é se valer dos conceitos filosóficos ensinados por Merlí para questionar o status quo. Cada episódio tem o nome de um filósofo, e suas ideias guiarão ações e diálogos. Sócrates, Aristóteles, Epicuro, Foucault, Nietzsche, Guy Debord e Hannah Arendt vão despertar e provocar discussões sobre morte, amor, política, poder, homossexualidade, gênero, bullying, ciúmes, conservadorismo, redes sociais, independência da Catalunha...
Controverso, instável profissionalmente, pulando de emprego em emprego, cheio de desafetos, separado, Merlí inicia sua jornada na série indo morar com a mãe – uma dama do teatro espanhol (interpretada brilhantemente por Ana Maria Barbany) – e levando consigo o filho homossexual, de quem tenta se reaproximar. Merlí tem também a chance de um novo emprego, desta vez, na escola de seu rebento.
Os ensinamentos do professor ultrapassam o muro do colégio e interferem na vida pessoal dos alunos, das famílias e de seus colegas de profissão. Ele se aproxima de todos. O que gera opiniões controversas e confusões, mas sempre produtivas. Conquistador, o professor chega a se relacionar com mães de alunos. É egocêntrico. Defende certa anarquia de costumes, muitas vezes sem medir as consequências e ferindo até pessoas queridas.
E pensar que, no Brasil, em 2016, o governo, por meio de reforma do ensino médio, quis tirar filosofia, sociologia e artes do quadro de matérias obrigatórias. Um absurdo, já que se trata de matérias que ajudam na construção da cognição.
Merlí vale a pena. Os conceitos filosóficos estão longe de transformar a série numa chatice. Ao contrário, ela oferece diversão de qualidade e envolvente. Tem força, humor, drama, romance, tensão e faz pensar de maneira leve. Em suma, é inspiradora.
Assista ao trailer: