Em seus 67 anos de vida e quatro décadas de carreira, a jornalista Leda Nagle “virou notícia” duas vezes. A primeira, em 1980, quando o primo Fernando Gabeira – na época, guerrilheiro recém-anistiado – vestiu a tanga do biquíni dela e foi pegar praia em Ipanema. A outra, em dezembro de 2016, com a repercussão de sua traumática demissão da TV Brasil, onde trabalhou por 20 anos como apresentadora do programa Sem censura. O histórico rolê de Gabeira ainda está fresco na cabeça da repórter. Já do episódio mais recente ela diz nem tomar conhecimento. “Passado total. Foi em outra encarnação, nesta agora sou youtuber!”, brinca.
Leia Mais
Thammy Miranda se casa em Las Vegas'É culpa nossa, do pai e da mãe', diz Maitê Proença sobre machismoLauren, do Fifth Harmony, lamenta assassinato de Marielle FrancoBBB18: Veja como o reality 'imita' a novela de Walcyr CarrascoOlivia de Havilland processa a FX pela minissérie 'Feud'Romance e humor irônico marcam 'Orgulho e paixão', nova novela das 6'Cresci respeitando as mulheres, a vida e o tempo', diz Tony RamosGregório Duvivier, Fábio Porchat, Padre Fábio de Melo, João Gordo e até o controverso deputado Jair Bolsonaro estão entre os entrevistados da juiz-forana. “Ainda bem. Não tenho dificuldade nenhuma de marcar entrevistas. Até hoje, ninguém recusou e as pessoas têm prazer em vir”, comemora.
A internet, conta ela, é um desafio superado. “Não me atrapalhei com questões técnicas. Aprendi tudo na marra – da criação do canal à postagem, passando pela monetização dos vídeos.
Leda costuma gravar duas vezes por semana – uma em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro. O cenário é sempre sua casa, onde, segundo ela, os convidados se soltam mais, ao contrário dos estúdios em que trabalhou a vida inteira. Em cada cidade há uma equipe contratada para gravar e editar o material. A produção fica por conta da jornalista e do filho dela, o ator Duda Nagle.
“Apanhei um pouco na produção. No Sem censura, eu não produzia, tinha uma equipe. O meu canal ainda é de guerrilha, não dá pra pagar produtor. Então, eu e o Duda colocamos a mão na massa”, revela.
Duda Nagle tem se saído melhor do que a encomenda, diz Leda.
O ator tem o seu próprio canal no YouTube. Em breve, Leda pretende se juntar ao filho em outra empreitada.
Namorada do ator há pouco mais de dois anos, Sabrina Satto, por enquanto, está nos planos apenas como entrevistada. Aliás, a nora foi uma das primeiras convidadas para bater papo com Leda no YouTube. “Ela também dá palpite. Muito generosa, nas raras ocasiões em que peço, compartilha contatos comigo”, elogia.
A jornalista jura que não sofre do folclórico ciúme materno. Natural para alguém como ela, que diz ter desenvolvido ótima relação com as mães dos ex-maridos. Aliás, o mito das “megeras” é algo que está no radar para projetos futuros. “Penso em escrever um livro sobre o papel da sogra. Vou ouvir sogras polêmicas, filhos, noras, genros e especialistas. É um assunto que me interessa”, comenta Leda.
POLÍTICA Com mais de 500 mil visualizações, a entrevista com o deputado Jair Bolsonaro (PSC), pré-candidato à Presidência da República, foi a mais popular do canal da apresentadora no YouTube. “Foi a entrevista mais pedida até hoje, disparado.
Possivelmente, o ranking da popularidade dos convidados de Leda surpreenderá os adeptos do noticiário político. Depois de Bolsonaro, a personalidade mais solicitada no canal foi João Amoêdo, presidente do Partido Novo. Leda pretende entrevistar dom Bertrand Orleans e Bragança, herdeiro do trono brasileiro e adepto do monarquismo.
“Não imaginava isso, mas como tem monarquista aqui! Eles são mais bem mais numerosos do que eu imaginava, ou, pelo menos, muito barulhentos. Há vários comentários no canal pedindo a volta do rei. Então, claro que vou chamar dom Bertrand para conversar”, avisa Leda.
Na seara do entretenimento, as visitas mais concorridas à sogra de Sabrina Satto foram as do sambista Zeca Pagodinho, a atriz Luana Piovani, o cantor Zezé di Camargo, o humorista Danilo Gentili e a cantora Preta Gil. “O chato disso tudo é só a trabalheira que dá depois para moderar os comentários. Às vezes, rola muita baixaria. Não deixo passar mensagem ofensiva, com linguagem de baixo calão ou preconceituosa. No mais, permito discordar, protestar e xingar com alguma elegância. Esse contato direto com o público é uma coisa um pouco nova pra mim. No Sem censura, recebia telefonemas e e-mails. Alguns com críticas à minha pessoa, claro, mas nunca com a fúria da internet. Já me acostumei, faz parte”, conforma-se.
LINGUIÇA O que Leda lamenta, de verdade, é o fato de a audiência de seus vídeos não se traduzir em publicidade. A nova youtuber confessa: ainda não descobriu a estratégia para ganhar dinheiro na internet. “Sou virgem nessa área. Preciso realmente ver como funciona, pois por enquanto o dinheiro sai só do meu bolso. Preciso sobreviver, sou uma senhorinha cheia de contas a pagar”, brinca.
Empolgada com posts patrocinados exibidos por influenciadores digitais, a veterana jornalista já imagina parcerias de seu agrado. “Só faria propaganda do que eu uso. Por exemplo, adoro panela elétrica. Aperta um botão e ela faz arroz; aperta outro, faz pipoca. Comprei um monte delas. Então, poderia ser patrocinada pela Polishop, para citar uma marca. Tô sempre pagando algo de lá, não resisto. Também adoro fritadeira sem óleo. Sou mineira. Então, faço frequentemente linguiça nesse aparelho. Acebolada e tudo!.”
.