Em 1977, estreava em Portugal Gabriela, cravo e canela, lançada dois anos antes pela Globo. Foi a primeira telenovela brasileira exibida naquele país. Desde então, os folhetins do Brasil se tornaram referência para os portugueses, enquanto a teledramaturgia nacional passou a atrair talentos lusitanos interessados em construir uma carreira internacional.
Prova disso está no ar atualmente. Novelas globais contam com a presença dos portugueses José Fidalgo e Ricardo Pereira (Deus salve o rei) e Pedro Carvalho (O outro lado do paraíso).
Estreante na TV brasileira, Fidalgo, de 38 anos, atrai a atenção do público e da mídia. Primeiramente, porque participa de uma produção ousada. Escrita por Daniel Adjafre e dirigida por Fabrício Mamberti, é a primeira novela medieval da emissora, que tem séries internacionais como clara referência e conta com a maior equipe de computação gráfica já reunida para criar um produto da empresa.
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Além de incorporar personagens portugueses, os atores lusitanos encaram a missão de encenar papéis brasileiros. A adequação do sotaque é um desafio, mas a intimidade com o idioma facilita esse processo. “Tenho uma professora de fonética. A grande batalha tem sido com ela. Nós, portugueses, estamos habituados há anos, pois consumimos muitos produtos brasileiros”, explica Fidalgo.
O ator defende o seu personagem. E diz que atuar no Brasil é um um grande passo para a carreira internacional. “Constantino é vilão, mas um cara íntegro no que diz respeito à honra da luta.
Diferentemente de Fidalgo, Ricardo Pereira, de 38, já é velho conhecido do público brasileiro. O ator português é um dos poucos que conseguiram consolidar a carreira no país. A estreia se deu em Como uma onda (2004), como o protagonista Daniel Cascaes. Além de folhetins da Globo, ele participou de produções da Record (Prova de amor, 2005) e da Band (Floribella, 2007).
Em 2016, Pereira fez história na teledramaturgia brasileira. Em Liberdade, liberdade, atuou na primeira cena de sexo entre dois homens, contracenando com Caio Blat. Para ele, essa produção simbolizava a “luta contra a intolerância”. Em Deus salve o rei, o lisboeta interpreta Virgílio, comerciante de tecidos e namorado de Amália (Marina Ruy Barbosa), a plebeia que se apaixona por Afonso (Romulo Estrela).
Triângulo Pedro Carvalho, de 32, encara a segunda novela brasileira de sua carreira. Ele faz o papel do português Amaro em O outro lado do paraíso.
“Amaro mostra que o amor não escolhe idade, sexo, cor, altura... Amamos com o coração, com a alma. Penso e sinto assim”, declarou ele ao site Gshow.
Paulo Rocha, de 40, também vem consolidando a carreira como ator no país. Em seis anos, o português atuou em Fina estampa (2011), Guerra dos sexos (2012), Império (2015) e Totalmente demais (2016), além de Novo mundo (2017).
DE CÁ PRA LÁ
O Brasil também exporta talentos para além-mar. Em dezembro do ano passado, Thiago Rodrigues (Páginas da vida, Malhação) anunciou o desligamento da Globo, depois de trabalhar 15 anos na emissora. Mudou-se para Portugal, onde deve seguir o caminho dos conterrâneos Silvia Pfeifer, Joana Balaguer e Miguel Thiré.
O GALÃ DOS ANOS 1970 Em meio século de teledramaturgia, atores lusitanos se destacaram em produções brasileiras. Tony Correia, por exemplo, iniciou a carreira de ator no Brasil, na década de 1970, e logo foi alçado ao título de galã português.
Tony atuou em O casarão (1976) e Locomotivas (1977). Depois, mudou-se para Paris e se afastou da televisão. Em 2000, retomou a carreira na telinha – trabalhou em Celebridade (2003), reprisada atualmente pela Globo em Vale a pena ver de novo, e Belíssima (2005).
Recentemente, integrou o elenco da novela Novo mundo, da Globo, encerrada em setembro de 2017. E já está escalado para Orgulho e paixão, o próximo folhetim das 18h da emissora.
OURO VERDE
Exibida entre janeiro e outubro do ano passado pelo canal lusitano TVI, a novela portuguesa Ouro verde contou com a brasileira Silvia Pfeifer entre os protagonistas. A trama é estrelada pelo lisboeta Diogo Morgado, que fez o papel de um empresário do Brasil.