Efeitos especiais dignos de cinema invadem telinha

Novelas copiam cinema e séries

As atrações televisivas estão cada vez mais próximas das produções de cinema, seja na linguagem ou no visual. Nos últimos anos, criações da TV aberta brasileira passaram a contar com efeitos especiais e visuais no estilo de filmes hollywoodianos.

João Miguel Júnior/TV Globo/divulgação
O diretor Fabrício Mamberti (D) diz que a TV está conectada a novas estéticas (foto: João Miguel Júnior/TV Globo/divulgação)
 

Na próxima terça-feira, a Globo vai lançar um de seus projetos mais ousados envolvendo efeitos especiais: a novela Deus salve o rei. Em um contexto medieval, a trama mostra o confronto entre dois reinos, Artena e Montemor.

 

“Vikings, Game of thrones e Robin Hood nos serviram de inspiração tanto no visual quanto no estilo de direção contemporânea”, revela Fabrício Mamberti, diretor do folhetim. O conceito da novela foi concebido há dois anos. Em março de 2017, começaram as pesquisas de cenário e a captação de imagens, realizada em oito países da Europa. Em maio, a cidade cenográfica foi criada no Projac, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.


O setor reúne 100 profissionais – a maior equipe de efeitos especiais montada pela emissora para se dedicar a uma novela. Coube a eles criar cenários, castelos e vegetação.


“O que buscaríamos como locação conseguimos por meio desse banco de imagens”, revela Fabrício Mamberti. Marcelo Nicacio, supervisor de efeitos visuais de Deus salve o rei, diz que se trata do maior projeto de computação gráfica da história da emissora.

TÉCNICAS

Em 2016, a Globo adotou um projeto semelhante em Supermax. Misturando terror e suspense, a série mostrava o drama de um grupo que participava de reality show dentro de uma prisão de segurança máxima. Os personagens eram obrigados a conviver com criaturas misteriosas.


A equipe de efeitos de Supermax tinha a tarefa de dar vida a criaturas nascidas da computação gráfica. Também ficou encarregada de cenas que envolviam sangue. Tudo isso com o auxílio do 3D.


“Usamos técnicas diferentes para fazer as criaturas cuja fala ia acontecendo. Em situações anteriores, tivemos personagens virtuais, mas os movimentos não dominavam uma cena inteira, como foi o caso de Supermax”, explica Pablo Bioni, responsável pelo setor de pesquisa e desenvolvimento de efeitos especiais da série.


Para dar vida às criaturas foi preciso captar movimentos que lhes conferissem expressões de rostos e movimentos nos momentos em que falavam. Técnica semelhante foi utilizada nos filmes Planeta dos Macacos, O senhor dos anéis e Star wars.

STARGATE Desde 2015, a Record emprega efeitos especiais em algumas novelas. A estreia desse tipo de recurso ocorreu em Os dez mandamentos. A emissora fez parceria com a produtora norte-americana Stargate, que tem no currículo projetos para o filme Spartacus e a série The walking dead.


Os americanos criaram para a Record cenas emblemáticas, como a abertura do Mar Vermelho e a infestação de rãs e gafanhotos no Egito. Posteriormente, a emissora voltou a apostar nesses recursos em Apocalipse. Desta vez, a tarefa ficou a cargo de brasileiros. A equipe de 400 pessoas trabalhava em São Paulo.


Logo no primeiro capítulo de Apocalipse, havia a cena do tsunami criada com diferentes tipos de efeitos. O projeto envolveu engenheiros, dublês e filmagens. Uma delas se deu em Angra dos Reis; a outra na sede da emissora, no Rio de Janeiro, que contava com painéis de cromaqui, três rampas para disparar 27 mil litros de água e uma piscina de 100 metros de comprimento com entulhos, galhos de árvores e carros.

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