A série The handmaid’s tale precisou vencer o Emmy em oito categorias, incluindo melhor roteiro, série dramática e atriz (Elizabeth Moss), para finalmente alguém tomar a providência de trazê-la para o Brasil.
Lançada em 26 de abril pela plataforma Hulu, concorrente da Netflix que ainda não está disponível no país, a atração vai estrear por aqui só no começo de 2018, no Paramount Channel. Antes tarde do que nunca. Primeiro aviso aos navegantes: é preciso ter estômago para chegar ao fim da primeira temporada. The handmaid’s tale definitivamente não é um passatempo qualquer.
O desconforto é inevitável. A série apresenta uma realidade distópica, mas assustadoramente realista. Se Hitler tivesse sido apenas uma ficção, talvez a considerassem inverossímil. Baseada no livro da canadense Margaret Atwood, a trama apresenta um cenário em que a misoginia se tornou a política oficial de Estado nos Estados Unidos.
Com o mundo enfrentando uma epidemia de infertilidade, o fanatismo religioso ganhou terreno e tomou conta do país. Literalmente. Eis que, em um futuro indeterminado, o impensável ocorre: uma facção religiosa toma o poder por meio de um golpe de Estado e instaura uma ditadura.
Os EUA, então, mudam de nome, passando a se chamar República de Gilead, uma teocracia totalitária em que o povo é dividido em castas e as mulheres se tornam commodities do governo para garantir o futuro da humanidade. Em sequências de flashback, acompanhamos passo a passo a deterioração dos direitos: é proibido dirigir e até ter conta em banco.
Além da força do roteiro, The handmaid’s tale conta com um elenco arrebatador. Depois de interpretar a secretária Peggy Olson em Mad men, Elisabeth Moss foi escolhida para interpretar a protagonista Offred. Ganhou o Emmy e teria levado o Oscar se existisse uma categoria de séries na premiação de Hollywood.
Em abril de 2018, estreia no Hulu a segunda temporada da série. Agora, a trama será centralizada na gravidez de Offred e em sua luta para tirar o futuro filho dos horrores da República de Gilead.
ATWOOD, A
‘PROFETISA’
Lançado no Brasil com o título O conto da aia, o livro The handmaid’s tale (1985), de Margaret Atwood (foto), ganhou novo fôlego depois da vitória de Donald Trump para comandar a Casa Branca, em 2016. O romance sobre fundamentalistas de direita que conquistam o poder nos EUA voltou à lista dos mais vendidos. Na Marcha das Mulheres Contra Trump eram vistos cartazes com os dizeres: “Make Margareth Atwood fiction again”, em referência ao slogan de campanha do republicano (“Make America great again”).