Nesta segunda-feira tem virada em 'O outro lado do paraíso'

Protagonista da trama, Bianca Bin fala sobre o sofrimento de Clara: ' É preciso cobrar medidas eficazes de proteção para essas vítimas'

por Estadão Conteúdo 27/11/2017 08:43

Raquel Cunha/TV Globo
(foto: Raquel Cunha/TV Globo)
Desde sua estreia, a novela O outro lado do paraíso, de Walcyr Carrasco, vem provocando as mais variadas reações no público e na crítica. O motivo principal seria que a trama tem temas pesados, como violência contra a mulher, discriminação racial e social, e tudo com muita maldade. Um dos personagens que mais sofre nas mãos do povo do mal é Clara, vivida por Bianca Bin, que já foi estuprada pelo marido e trancada em um manicômio pela família dele. Mas a hora da virada está chegando. E será nesta segunda-feira (27), que haverá esse aguardado salto no tempo e, após dez anos, vamos ver como estão todos e como os personagens mudaram ou não seus destinos.

E Bianca conta que está ansiosa por esse momento. "Sou apaixonada pela Clara e não aguento mais vê-la sofrer. Quero que ela dê logo a volta por cima e tenha consciência do seu verdadeiro valor. Mais do que fazer justiça, quero que ela seja muito feliz e recupere o amor do filho, que é um laço fortíssimo para qualquer mulher", enfatiza a atriz, que mostra sua preocupação com sua personagem, tão massacrada nesse momento da vida.

 

"A Clara não pôde vivenciar essa maternidade e teve esse direito tomado, foi um pedaço que foi tirado e arrancado dela. Sem contar que essa virada representa sequências mais leves. Até agora foi tudo muito intenso, de muita dor e sofrimento. Nessa volta, eles ainda vão estar ali, mas a Clara vai usá-los para fazer justiça. Vai estar mais forte", afirma.

Independentemente das críticas sobre o andamento das tramas, Bianca destaca a importância de se falar desses assuntos espinhosos. "Acho que os temas abordados na novela são atuais e frequentes fora da ficção. Tratar da violência doméstica, por exemplo, é essencial porque ela existe e precisa ser combatida de forma severa. Espero que estejamos ajudando mulheres que passam por isso a terem coragem de denunciar. Isso é o mais importante", conta.

 

"Embora hoje, supostamente, a mulher esteja mais protegida legalmente, muitas não confiam nas pessoas responsáveis por fazer cumprir a lei. É preciso cobrar medidas eficazes de proteção para essas vítimas. Não dá mais para ler nos jornais todos os dias que mulheres continuam perdendo suas vidas mesmo depois de já terem denunciado seus agressores".

Sobre as fortes cenas que sua personagem fez, Bianca fala que mexeram muito com ela. "Violência é um tema muito distante da minha realidade, muito delicado, ainda mais contra a mulher, não tem como não ter empatia com esse tema. Dói em mim, dói na atriz, dói na mulher. A violência contra a mulher em um relacionamento abusivo não se configura só na violência física, sexual."

"Durante a minha preparação, assisti a vídeos verídicos de espancamentos que me fizeram sentir como se tivesse levado um murro no estômago. O negócio foi tão forte que me incomodou fisicamente, fiquei com vontade de vomitar. Apesar disso, é esse incômodo que pode estimular as mulheres a denunciar e lutar", relata.

E se esse marido agressor, o Gael, mudasse completamente? "O Gael é reincidente nesses crimes de violência contra a mulher e não sei se o amor deles sobreviverá a isso", afirma a atriz. "Espero que não. Eu até acredito muito no poder transformador do amor e na regeneração do ser humano, mas jamais perdoaria algo do tipo." "Jamais", enfatiza.

E Bianca mostra sua satisfação ao contar sobre a cumplicidade do público. "Recebo mensagens por meio das redes sociais. Agora, o público, assim como eu, está ansioso por essa virada da personagem".

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