Desde sua estreia, a novela O outro lado do paraíso, de Walcyr Carrasco, vem provocando as mais variadas reações no público e na crítica. O motivo principal seria que a trama tem temas pesados, como violência contra a mulher, discriminação racial e social, e tudo com muita maldade. Um dos personagens que mais sofre nas mãos do povo do mal é Clara, vivida por Bianca Bin, que já foi estuprada pelo marido e trancada em um manicômio pela família dele. Mas a hora da virada está chegando. E será nesta segunda-feira (27), que haverá esse aguardado salto no tempo e, após dez anos, vamos ver como estão todos e como os personagens mudaram ou não seus destinos.
E Bianca conta que está ansiosa por esse momento. "Sou apaixonada pela Clara e não aguento mais vê-la sofrer. Quero que ela dê logo a volta por cima e tenha consciência do seu verdadeiro valor. Mais do que fazer justiça, quero que ela seja muito feliz e recupere o amor do filho, que é um laço fortíssimo para qualquer mulher", enfatiza a atriz, que mostra sua preocupação com sua personagem, tão massacrada nesse momento da vida.
"A Clara não pôde vivenciar essa maternidade e teve esse direito tomado, foi um pedaço que foi tirado e arrancado dela. Sem contar que essa virada representa sequências mais leves. Até agora foi tudo muito intenso, de muita dor e sofrimento. Nessa volta, eles ainda vão estar ali, mas a Clara vai usá-los para fazer justiça. Vai estar mais forte", afirma.
Independentemente das críticas sobre o andamento das tramas, Bianca destaca a importância de se falar desses assuntos espinhosos. "Acho que os temas abordados na novela são atuais e frequentes fora da ficção. Tratar da violência doméstica, por exemplo, é essencial porque ela existe e precisa ser combatida de forma severa. Espero que estejamos ajudando mulheres que passam por isso a terem coragem de denunciar. Isso é o mais importante", conta.
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Sobre as fortes cenas que sua personagem fez, Bianca fala que mexeram muito com ela. "Violência é um tema muito distante da minha realidade, muito delicado, ainda mais contra a mulher, não tem como não ter empatia com esse tema. Dói em mim, dói na atriz, dói na mulher. A violência contra a mulher em um relacionamento abusivo não se configura só na violência física, sexual."
"Durante a minha preparação, assisti a vídeos verídicos de espancamentos que me fizeram sentir como se tivesse levado um murro no estômago. O negócio foi tão forte que me incomodou fisicamente, fiquei com vontade de vomitar. Apesar disso, é esse incômodo que pode estimular as mulheres a denunciar e lutar", relata.
E se esse marido agressor, o Gael, mudasse completamente? "O Gael é reincidente nesses crimes de violência contra a mulher e não sei se o amor deles sobreviverá a isso", afirma a atriz. "Espero que não. Eu até acredito muito no poder transformador do amor e na regeneração do ser humano, mas jamais perdoaria algo do tipo." "Jamais", enfatiza.
E Bianca mostra sua satisfação ao contar sobre a cumplicidade do público. "Recebo mensagens por meio das redes sociais. Agora, o público, assim como eu, está ansioso por essa virada da personagem".