Frank está mais velho, mais gordo e mais canalha. O tempo também passou para Claire. Continua bonita; antes, era linda. A atriz Robin Wright decidiu capitalizar seus 51 anos – não esconde as rugas do pescoço e das mãos. O corpaço está lá e ela mostra orgulho.
No final do 13º e último episódio, Claire, feita presidente, não atende a um telefonema de um ansioso Frank, preocupado em obter dela o perdão de seus crimes, comuns e políticos. Ela ignora o celular. Olha para a frente e diz: “É a minha vez”.
Poderia perfeitamente ter sido assim desde o início. Todavia, sem o roteirista principal, Beau Willimon – trocado pelos experientes Melissa Gibson e Frank Pugliese –, a linha das sutilezas sumiu. A história continua trepidante, claro. Mas, faltou apostar, por exemplo, em um novo Freddy, o churrasqueiro. No começo da série, o personagem, vivido por Reg Cathey, tem uma casa de assados, especializada em preparar costelas à moda sulina, cobertas com seu molho secreto. O então deputado Underwood é um visitante fiel. Os dois pouco se falam, mas as visitas de Frank são fantásticas, reveladoras, psicanalíticas.
Agora, é assim. O presidente Frank tenta convencer a Secretária de Estado (a Secretária de Estado!) a não depor em uma comissão de investigações do Legislativo. Cathy Durant (Jayne Atkinson) se recusa. E Frank a empurra escada abaixo. Na Casa Branca. Hospital, sem depoimento. Bom.
Claire Underwood vira vice e sente que o Salão Oval está ali, bem perto. Para tirar da frente uma ameaça potencial, envenena o amante, Tom Yates (Paul Sparks) – ele morre enquanto fazem sexo. Há mais abrasão. Candidato da oposição esquizofrênico.
Na sexta etapa, em 2018, o comando nuclear dos EUA estará nas mãos de Claire, que já aparece agora brincando com a maleta do fim do mundo. Talvez seja isso mesmo, o fim de tudo. (Rogério Godoy/Estadão Conteúdo).