If it bleeds, it leads (que numa tradução bastante livre poderia ser: se pinga sangue, bomba) é uma máxima do jornalismo de tendência sensacionalista para descrever o apelo popular de notícias em que alguém sai ferido.
A direção do Big brother Brasil parece ter tirado do comportamento sem freios da bacharel em comunicação social Ana Paula Renault a conclusão de que a audiência do programa quer ver, acima de tudo, o sangue escorrer.
Afinal, a mais popular candidata da edição 2016 transformou seu confinamento na casa num ringue em que lutou incansavelmente com saraivadas de golpes verbais e dois tapas que levaram à sua desclassificação, sem no entanto ameaçar a fidelidade que conquistou de uma legião de fãs.
A aposta na tática do “ferimento” se deduz da lista divulgada na semana passada de participantes selecionados para o BBB17, que estreia hoje, na TV Globo. Os candidatos ao prêmio milionário (e ao estrelato) foram rapidamente submetidos ao escrutínio de internautas. As informações pinçadas desse mergulho em suas redes sociais desenham um conjunto que parece ter sido cuidadosamente escalado para um evento do UFC.
Estarão forçados ao convívio diário machistas e feministas (de ambos os sexos), adeptos do pensamento à esquerda e à direita na política e de ideias conservadoras e liberais na esfera do comportamento. Boa parte parece abraçar tanto a tendência de ampliar sua voz via redes sociais (território em que costuma “vencer” o debate aquele que gritar mais alto) quanto o interesse em defender suas posições com firmeza e até beligerância, se necessário for.
DRAMATURGIA Quando os realities eram uma novidade na TV, no final dos anos 1990, alguns especialistas em audiovisual viram com fascínio o surgimento de uma “dramaturgia” que dispensava roteiro prévio e se construía inteiramente na edição. Os “conflitos” que moviam a “trama” eram sobretudo de natureza romântica. Por isso, o “elenco” privilegiava corpos esculpidos em muitas horas de academia e/ou procedimentos estéticos, dos quais se esperava um comportamento condizente com as leis da atração.
Como na maioria das vezes esses corpos não vinham acompanhados de mentes brilhantes, tornou-se comum criticar o nível demasiadamente raso de conversação no BBB. Um tipo de crítica ao qual o diretor Boninho certa vez reagiu com a argumentação de que obviamente seria possível reunir intelectuais que passassem o dia lendo à beira da piscina, o duvidoso é se o público se interessaria em acompanhar tal rotina pela TV.
Agora que o critério do “corpão” parece ter dado lugar ao da língua afiada, o BBB17 estreia com a perspectiva de provocar ferimentos múltiplos. E deve bombar. (Silvana Arantes)
A direção do Big brother Brasil parece ter tirado do comportamento sem freios da bacharel em comunicação social Ana Paula Renault a conclusão de que a audiência do programa quer ver, acima de tudo, o sangue escorrer.
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A aposta na tática do “ferimento” se deduz da lista divulgada na semana passada de participantes selecionados para o BBB17, que estreia hoje, na TV Globo. Os candidatos ao prêmio milionário (e ao estrelato) foram rapidamente submetidos ao escrutínio de internautas. As informações pinçadas desse mergulho em suas redes sociais desenham um conjunto que parece ter sido cuidadosamente escalado para um evento do UFC.
Estarão forçados ao convívio diário machistas e feministas (de ambos os sexos), adeptos do pensamento à esquerda e à direita na política e de ideias conservadoras e liberais na esfera do comportamento. Boa parte parece abraçar tanto a tendência de ampliar sua voz via redes sociais (território em que costuma “vencer” o debate aquele que gritar mais alto) quanto o interesse em defender suas posições com firmeza e até beligerância, se necessário for.
DRAMATURGIA Quando os realities eram uma novidade na TV, no final dos anos 1990, alguns especialistas em audiovisual viram com fascínio o surgimento de uma “dramaturgia” que dispensava roteiro prévio e se construía inteiramente na edição. Os “conflitos” que moviam a “trama” eram sobretudo de natureza romântica. Por isso, o “elenco” privilegiava corpos esculpidos em muitas horas de academia e/ou procedimentos estéticos, dos quais se esperava um comportamento condizente com as leis da atração.
Como na maioria das vezes esses corpos não vinham acompanhados de mentes brilhantes, tornou-se comum criticar o nível demasiadamente raso de conversação no BBB. Um tipo de crítica ao qual o diretor Boninho certa vez reagiu com a argumentação de que obviamente seria possível reunir intelectuais que passassem o dia lendo à beira da piscina, o duvidoso é se o público se interessaria em acompanhar tal rotina pela TV.
Agora que o critério do “corpão” parece ter dado lugar ao da língua afiada, o BBB17 estreia com a perspectiva de provocar ferimentos múltiplos. E deve bombar. (Silvana Arantes)