“Ainda não sei muitos detalhes, mas vou ser um dos protagonistas da próxima temporada de Malhação, que está prevista para abril”, revela. Desde que a série inspirada no livro homônimo de Milton Hatoum estreou, o ator, que é natural de Ouro Branco, Região Central de Minas, sente o rebuliço causado por ser um dos astros da trama televisiva. Ele viu duplicar seu número de seguidores nas redes sociais. “Nunca tinha vivido nada semelhante a isso. Mas está sendo bacana. As pessoas já me reconhecem na rua, pedem fotos e a grande maioria dos comentários na internet é bem positiva”, comemora.
Matheus conta que tem se divertido, sobretudo, com os memes inspirados em seus personagens – os gêmeos Omar e Yaqub. “O Omar rende até mais brincadeiras nesse sentido. Eu não imaginava todo esse alvoroço. Até a própria Maria Camargo, autora da série, e o Luiz Fernando Carvalho (diretor) elogiaram minha atuação. E, em Ouro Branco, o carinho tem sido muito grande também
ENERGIA Por falar nos irmãos, Matheus Abreu acredita que tem características dos dois, mas diz que Omar, o caçula, carrega traços que são mais parecidos com ele. “Ele é um cara babaca, escroto, sem limites, mas tem uma autenticidade e uma energia que eu tenho também”, afirma. Como a série – que termina na próxima sexta – não segue uma cronologia linear, provavelmente o ator mineiro vai aparecer novamente, mas em flashbacks.
O interessante é que, até o momento, o que mais o emocionou em Dois irmãos não envolve nenhum dos gêmeos. Matheus elege a cena em que Halim (Bruno Anacleto) se declara para Zana (Gabriella Mustafá) em público como sua preferida. “Achei muito bonito e delicado. Ele lendo aquele poema em árabe. Aquilo me tocou demais”, afirma.
O ouro-branquense começou a fazer teatro aos 9 anos no colégio. Aos 12, o pai o matriculou em um curso do Grupo Galpão, em Belo Horizonte. Matheus tem dois longas-metragens no currículo. Foi o protagonista de O segredo dos diamantes, de Helvécio Ratton, e fez uma pequena participação em Hoje eu quero voltar sozinho, de Daniel Ribeiro.
Cauã destaca parceria no set
Cauã Reymond é um ator que amadureceu diante dos olhos do público
Nessa sequência de bons trabalhos, vale destacar a trinca que ele viveu em projetos recentes, exibidos como minisséries: Leandro em Amores roubados (2014), André em O caçador (2014) e Maurício, em Justiça (2016). Esse caminho ascendente culmina na minissérie Dois irmãos, baseada na obra de Milton Hatoum.
Cauã interpreta os gêmeos Omar e Yaqub (vividos por Matheus Abreu na adolescência), que são opostos entre si. Yaqub é calado e introspectivo, enquanto Omar é rude e selvagem. Dois filhos de imigrantes libaneses unidos apenas na barriga da mãe, Zana (Gabriella Mustafá/Juliana Paes/Eliane Giardini) e que recebem tratamentos diferenciados dela depois que nascem. Omar é o protegido de Zana – e isso traz consequências desastrosas à família.
Interpretá-los era desejo antigo de Cauã. O ator ganhou da mãe o livro de Hatoum. Assim que o leu, percebeu que os irmãos poderiam ser grandes personagens a ser interpretados. “Tive essa intuição. Estava no meu terceiro trabalho como ator e sabia que estava começando a carreira, mas já tinha vontade de trabalhar com o (diretor) Luiz Fernando (Carvalho). Na verdade, não era nem vontade, era sonho ainda.” Ele conta que o diretor lhe revelou que pensou em seu nome desde o início do projeto. “Quando soube que ele ia fazer a série, fiquei com vontade de fazer, mas demorou muitos anos para esse projeto ficar de pé, e fiquei muito feliz, impactado, quando recebi a notícia de que seria eu.”
ÁRABE A preparação de Cauã, assim como a do restante do elenco, foi a de praxe para os padrões de Luiz Fernando Carvalho. O diretor colocou todos numa imersão em seu galpão no Projac, no Rio, para se aprofundarem em seus personagens – e para os atores que vivem os mesmos papéis em diferentes fases alinharem suas interpretações. “O Luiz oferece para a gente uma preparação corporal, vocal, sotaque. Os gêmeos não têm sotaque, porque já nascem no Brasil. Mas aprendi árabe, o elenco estava sempre junto, é uma coisa praticamente teatral.”
Cauã diz que ele e Matheus Abreu trabalharam juntos o tempo todo, o que fez com que estivessem toda hora se observando. “Foi muito interessante, porque foi a primeira vez que me dei conta de que eu era um ator maduro. Quando a gente começou, o Matheus tinha 17 anos e eu, 34, exatamente o dobro da idade dele. Estreei na TV, então sei que amadureci na frente do público. Isso foi importante para mim, porque sempre aprendi muito no set vendo meus colegas, sempre fui observador. Realmente, não teve o trabalho mais importante para mim porque, em cada trabalho, prestei atenção em outra pessoa, com a qual, por algum motivo, eu tinha afinidade, ou por empatia pelo trabalho, por admirar a técnica e a forma como a pessoa trabalha.”
A entrega de Cauã na interpretação dos gêmeos é tão visceral que ele cresce na tela, e carrega as nuances desses irmãos tão diferentes nos pequenos gestos, na postura corporal, na voz contida de Yaqub e nas explosões de fúria de Omar. E a “fome de Dois irmãos”, como ele definiu, foi tamanha que, em uma cena, ele se machucou e precisou levar quatro pontos no pulso.
(Estadão Conteúdo)
ESTREIA com Ratton
Lançado em 2014, o longa infantojuvenil O segredo dos diamantes, dirigido por Helvécio Ratton, marcou a estreia de Matheus Abreu no cinema. Ele fez o papel de Angelo, garoto de 14 anos que descobre uma lenda sobre pedras preciosas perdidas e procura um tesouro para salvar a vida do pai. Rodada em Minas Gerais, a produção levou o prêmio de melhor filme na escolha do público no Festival de Gramado, em 2014. Na foto, Matheus (C) contracena com Rachel Pimentel e Alberto Gouvea.