No palco, a mulher que ganhou a 5ª edição do The Voice Brasil, inundando os ouvidos da plateia com sua voz exuberante, marcada por graves e agudos à Whitney Houston, nem parece ter apenas 17 anos. Ao telefone, a menina é quem se mostra mais. Do Rio, ela conversou ontem à tarde com o Estado de Minas. Com o bolso recheado pelo prêmio de R$ 500 mil, a cantora, por enquanto, não quer se afastar da família.
Atualmente, ela, a mãe e o irmão residem no bairro Tupi, na Região Norte da capital Mineira. Com o dinheiro ganho no programa, ela pretende fazer uma mudança. De bairro, apenas. Não está nos seus planos no momento se transferir para o Rio ou São Paulo. “Não vou sair de BH agora.
Quando a reportagem perguntou sobre episódios marcantes de sua trajetória até chegar ao pódio do The Voice, Mylena titubeou. “São muitas histórias, mas não estou me lembrando no momento. Minha mãe é que sabe contar, vou chamá-la para você”, disse, soltando um grito de “Manhêêê”, que denuncia a garota no limbo entre a adolescência e a fase adulta.
RIFA Marlúcia de Souza Jardim, de 39 anos, emenda a conversa com voz calma e relembra as histórias dos tempos do aninomato. Cita, por exemplo, o episódio “das rifas”. “Cheguei a pedir autorização para donos de vários bares para minha filha cantar e, enquanto isso, vendia rifas de aparelhos de televisão a R$ 5. Enquanto ela cantava, eu passava de mesa em mesa, contando a história dela e de como eu investiria o dinheiro da venda. Era tudo para a carreira dela”, relata.
Com um certo pesar, Marlúcia relembra uma experiência desagradável. “Teve uma vez que a Mylena tratou um show na Praça Sete, mas chegou atrasada, porque a gente sempre foi muito humilde, depende de ônibus e tudo mais. Só que ela cumpriu as três horas de show combinadas. Mas, no final, por conta do atraso, recebeu só R$ 100”, diz. Apesar, de, por ora, não planejar sair de Belo Horizonte, Mylena tem planos ambiciosos para fincar o pé no meio artístico. Sem entrar em detalhes, a belo-horizontina revela que profissionais do entretenimento já se manifestaram para ajudá-la a conduzir a carreira com que sempre sonhou. “Canto desde os 5 anos e, desde os 12, sei que é isso que quero fazer para o resto da minha vida. Meus pais sempre acreditaram em mim, mas, em algum momento, preocupados, chegaram a me dizer: ‘Filha, nós somos tão pobres.
Nem mesmo o bullying racista que sofreu na infância conseguiu fazer com que ela perdesse a fé no próprio talento. “Quando eu estava lá pela 6ª ou 7ª série, meus colegas na escola chegaram a me dizer que eu cantava bem, mas não iria longe porque eu era negra. Hoje fico feliz de inspirar outras meninas como eu. De dar coragem pra elas seguirem seus sonhos, mostrando que nada é impossível”..