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Final de 'Velho Chico' emociona e faz homenagem singela a Domingos Montagner

Capítulo alcançou 34 pontos de audiência na Grande São Paulo e não bateu recorde que era de 38

Ana Clara Brant
- Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press

Foi com uma lição de ética e de moral que teve início o 172º e último capitulo de 'Velho Chico'. 'Estamos cansados de tanta impunidade. Acabar com ela é o sonho de todo o brasileiro', bradou Beatriz, personagem de Dira Paes, a nova prefeita de Grotas de São Francisco, cidade fictícia da novela.

Qualquer relação com a vida real não é mera coincidência. Num momento em que o país é sacudido por uma revolução política e uma guerra contra a corrupção, a trama de Benedito Ruy Barbosa que terminou nessa sexta (30) - e que foi tachada por muitos por ser fora da realidade - mergulhou em um Brasil profundo e trouxe à baila vários temas atuais.



Trilha maravilhosa, imagens belíssimas, texto primoroso e um elenco de primeira foram um dos seus grandes trunfos, mas Velho Chico não foi uma novela fácil de se gostar. Tanto é que não há meio termo. Ou você ama ou odeia.

Mas uma coisa não se pode discutir: o folhetim sempre foi pura emoção e não foi diferente em seu desfecho.
Não faltaram acontecimentos de finais habituais das novelas como os casais felizes, a punição do vilão (em cena memorável de Marcelo Serrado, o novo coronel Saruê que teve como prisão o 'infinito do sertão'), a redenção de alguns personagens (como Luzia, da exepcional Lucy Alves em seu primeiro papel na TV) e o nascimento de crianças.

- Foto: Reprodução/TV Globo

Uma das cenas mais lindas foi, sem dúvida, o 'encontro' de Afrânio (Antônio Fagundes) e a alma de seu filho Martim (o ótimo Lee Taylor), com quem sempre teve uma relação conflituosa. Mas a grande expectativa era de como seria o tão falado casamento de Tereza (Camila Pitanga) e Santo (Domingos Montagner), já que o ator faleceu vítima de uma afogamento no último dia 15.

- Foto: Reprodução/TV Globo

Assim como aconteceu no início da semana, coube ao fotógrafo e cinegrafista Leandro Pagliaro 'interpretar' o grande herói da história.

Com sua câmera em punho e com a 'devida permissão de Montagner', Pagliaro travou diálogos com os demais atores, sendo que todos estavam visivelmente emocionados.

Uma chuva em pleno sertão abençoou a união de Santo e Tereza. Um ato simbólico mostrando que a 'água é o sangue da terra', como filosofou Miguel (Gabriel Leone), e sem ela não há vida, não há nada. A conversa entre Afrânio e a mística Ceci (Lucy Pereira) sobre a morte, os outros planos e a força do espírito eram uma alusão à Martim. Mas não deixou de ser uma referência a Domingos Montagner.

- Foto: Reprodução/TV Globo

A novela terminou de maneira bem lírica, assim como foi em boa parte dos capítulos: um poema sobre o Velho Chico lido por Lee Taylor e imagens de Santo velejando pelo São Francisco - o espelho do Brasil e verdadeiro protagonista da novela..