Atração do canal Multishow, Xilindró conquista o público com seus presidiários divertidos

Química vem do entrosamento do elenco e da busca de novas fórmulas para o humor na TV

por Helvécio Carlos 11/09/2016 10:30
Edu Viana/Divulgação
O mineiro Lindsay Paulino (de rosa) interpreta o travesti Xuxeta no humorístico Xilindró (foto: Edu Viana/Divulgação)

O humor na telinha tem nova estrela. Vice-líder de audiência entre os canais pagos no Rio de Janeiro durante a exibição dos primeiros capítulos inéditos (de segunda a sexta-feira, na faixa das 22h30), Xilindró deve emplacar a segunda temporada, já em estudos pelo Multishow. A atração ficou em segundo lugar entre o público na faixa de 12 aos 34 anos, segundo dados do Kantar Ibope MW. O sucesso não está apenas no texto e na direção, mas no fato de fugir da mesmice dos programas de humor. As trapalhadas de Xilindró se passam numa cadeia.

“Desde os nossos primeiros encontros, tentamos trabalhar como um grupo de teatro para que tudo funcionasse bem. Parece que deu certo”, afirma o ator mineiro Lindsay Paulino, que interpreta Xuxeta, garoto de programa que virou travesti no presídio. Seus companheiros de cadeia são Amadeus (Gustavo Mendes), Lourival (Paulinho Serra), Time Tiurri (Caike Luna), Cézar (Oscar Filho), Matusalém (Ataíde Arcoverde), Tonhão (Robson Nunes), Pudorico (Leo Castro), Marcão (Juliana Guimarães), Sandra (Luciana Fregolente) e Regininha (Simone Gutierrez).

O convite a Lindsay foi fruto da atuação dele em Treme treme, outra atração do Multishow. Uma semana antes do início da gravação do piloto, o diretor Pedro Antônio achou que o personagem deveria ser um travesti. Funcionou. Lindsay não se preocupa em ficar “marcado” por interpretar Rose, a empregada das bichas – que fez temporada de sucesso em BH, está em cartaz em São Paulo e era personagem de Treme treme –, ou o travesti Xuxeta. “Até hoje, tenho retorno do público com a Rose, criada a partir uma moça que trabalhava na casa de amigos gays”, comemora.

Xuxeta e Timi Tiurri chamam a atenção por uma certa pureza. Lindsay destaca a quimíca com Caike Luna, com quem contracenou em Treme treme. “Inventamos muita coisa no camarim. No dia a dia, ele é um palhaço. As cenas funcionam bem por causa dessa relação”, aponta o ator, formado pelo Centro de Formação Artística (Cefar) do Palácio das Artes. Por um bom tempo, Lindsay Paulino trabalhou em eventos empresariais em BH. “Nunca busquei fama, fiz mais de 100 espetáculos com os mais diferentes temas. Sempre tive facilidade de improvisar e encarar o público”, conclui.

Entrevista

Caike Luna - ator

Xuxeta e Time Tiurri formam uma dupla afinada. De onde vem o sucesso dos dois personagens?

O bom personagem tem vida própria, consegue dominar o ator em cena e usá-lo como mero instrumento de sua existência. A Xuxeta e o Time Tiurri existem muito além do que são vistos. Eles têm nos olhos as próprias histórias, e isso o público lê claramente e se apaixona. Além de amigos, eu e o Lindsay Paulino temos uma entrega parecida na composição dos nossos personagens. Isso faz com que as figuras fiquem seguras a ponto de extrapolar o que o texto sugere, e se relacionem de verdade, sem a nossa interferência. O sucesso vem da verdade que eles passam.

Como nasceu o Time Tiurri?

Ele foi criado especificamente para o Xilindró. É inspirado nos nossos vizinhos latinos-americanos, dos quais sou descendente. Meu pai é boliviano, sempre tive certa familiaridade com a língua espanhola e o sotaque castelhano. Pra mim, Time Tiurri é uma forma de homenagear nossos irmãos de continente.

Você esperava o sucesso de Xilindró?

Sempre soube que nos divertiríamos fazendo o Xilindró. Muito do sucesso do humor vem do quanto a diversão e o prazer dos atores chegam até o público em casa. No humor, sucesso é as pessoas rirem. Durante a leitura dos textos, ao perceber que tirávamos risos da equipe, pensei que talvez agradássemos. Mas não imaginei que fosse tanto.

O que Xilindró agrega ao humor da TV, que está repetitivo como se todos viessem da mesma escola?

Sinceramente, penso no público e em sua diversão, sobretudo. O quanto um trabalho vai agregar, influenciar ou modificar a maneira dos outros trabalharem não é o meu interesse. Ficarei feliz se o programa servir de inspiração para alguma criança que queira ser ator e fazer humor – mais pelo quanto ela se divertiu do que pelo quanto ela aprendeu. Tudo que faço no meu trabalho e todas as referências estão incrustados no meu registro emocional. Isso vem das coisas que vi e me fizeram rir. Elas são parte quase inerente do meu senso de humor – e não do que tentaram me influenciar.

O reconhecimento nacional veio com o Zorra total?

Acho que meu reconhecimento nacional ainda não veio, estou chegando. Ainda não mostrei muita coisa. Zorra total foi a porta para um veículo mais abrangente, que é a televisão. Fico feliz que mais pessoas tenham acesso a meu trabalho e à possibilidade de me reconhecer como bom profissional, mas ainda devo ao público muito trabalho.

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