O grupo fala de "práticas de discriminação étnica que ocorrem em algumas produções de audiovisual que retratam o oriental de forma estereotipada, preconceituosa e distorcida da realidade." Não foi feita nenhum menção específica no texto à novela global Sol nascente, porém a ação coincide com a repercussão que o núcleo oriental da trama vem ganhando.
A novela fala da imigração japonesa e a família Tanaka é quem representa a comunidade, porém os atores principais do núcleo são Luis Melo e Giovanna Antonelli, ambos sem descendência oriental.
Luis Melo ressaltou em entrevistas que a obra é uma ficção e por isso existe certa liberdade de construção, contudo ressaltou que o convite lhe causou "certa estranheza", pelo fato dele não ter aparência oriental.
Atores com descendência, como Ken Kaneko, fizeram o teste para o papel que hoje está com Luis, porém não foram chamados. De acordo com o autor Walter Negrão, Kaneko não ficou por causa da idade, no entanto ele é dois anos mais novo do que Francisco Cuoco, protagonista do núcleo italiano. A justificativa pela escolha de Antonelli foi taxativa: "a Globo queria uma estrela" e não foi possível achar uma com descendência oriental.
Cristina Sano, Ken Kaneco, Marcos Miura, Keila Fuke, Jui Huang, Maya Hasegawa e Ken Kaneko são alguns dos atores que assinaram o manifesto do Coletivo Oriente-se. O grupo reforça que a ideia do manifesto não é incentivar "nenhum tipo de boicote ou movimento que vá contra a livre expressão e a democracia", mas sim "realizar ações que possam corrigir distorções e aproximar indivíduos".
Confira o manifesto na íntegra:
"Manifesto do COLETIVO ORIENTE-SE no Brasil pela Igualdade Étnica
Nós, artistas e profissionais das artes com ascendência oriental, seja japonesa, chinesa ou coreana, reivindicamos por igualdade no tratamento justo a todos os cidadãos, repugnando práticas de discriminação étnica que ocorrem em algumas produções de audiovisual que retratam o oriental de forma estereotipada, preconceituosa e distorcida da realidade. Em especial para produções populares de rede aberta como novelas, seriados e comerciais que atingem a maioria da parcela dos cidadãos brasileiros, influenciam diretamente a sociedade promovendo às vezes, o conceito deturpado e negativo, denegrindo a imagem dos orientais e educando as novas gerações com a visão preconceituosa contra a nossa comunidade.
Somos parte integrante da sociedade brasileira, nascemos, vivemos e contribuímos com muito trabalho para o enriquecimento e desenvolvimento de nossa nação.
Entendemos que, frente às desigualdades existentes, não basta rejeitar as práticas de discriminação, mas sim realizar ações que possam corrigir distorções e aproximar indivíduos. É responsabilidade de cada um de nós brasileiros, promover a igualdade no cotidiano, através de nossos atos, trabalhos e postura. É de extrema importância que os profissionais que atuam diretamente na concepção e produção de obras de audiovisual, tenham a consciência de que a sua criação pode influenciar positivamente a nossa sociedade e difundir a diversidade. Cabe também a nós, artistas orientais brasileiros, fomentar a imagem positiva de nossa comunidade, através de nosso trabalho artístico, para que as futuras gerações possam se olhar com a autoestima de um cidadão brasileiro pertencente a esta nação.
A partir de 01.09.16, O Coletivo Oriente-se divulgará, semanalmente, um vídeo inédito através do Canal do Youtube (www.youtube.com/coletivoorientese) retratando o oriental como cidadão brasileiro, com dilemas, humor, drama e interagindo com outras etnias, afim de promover a diversidade humana!
São Paulo, 31 de agosto de 2016."
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