O Brasil está em alta na telinha. O audiovisual brasileiro experimenta bom momento, sobretudo em relação às séries exibidas pela TV aberta e por canais pagos. Cineastas aproveitam a oportunidade e desenvolvem projetos para a televisão. É o caso dos diretores Breno Silveira, José Padilha e Cesar Charlone, por exemplo.
Uma das primeiras produções a ganhar destaque foi Mandrake, dirigida por Cláudio Torres, parceria da HBO Brasil com a Conspiração Filmes. Lançado em 2005, o seriado protagonizado por Marcos Palmeira emplacou duas temporadas.
Há quatro anos, Sessão de terapia chamou a atenção. A série do GNT, dirigida por Selton Mello, contava a história do psicoterapeuta Theo Cecatto (Zé Carlos Machado) e seus pacientes. Três temporadas foram ao ar.
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“É um drama humano muito interessante. É muito bacana exportar uma produção brasileira”, ressalta Silveira, que dirigiu 2 filhos de Francisco, megassucesso do cinema nacional. Baseada em fatos reais, 1 contra todos conta a história de Cadu (Julio Andrade), defensor público confundido com um traficante. Cidadão honesto, ele se transforma no “Doutor do Tráfico” para conseguir sobreviver na cadeia.
TV ABERTA As séries nacionais têm conquistado espaço na TV aberta. É brasileira a maioria das produções do gênero exibidas no ano passado nessas emissoras, aponta levantamento realizado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). A pesquisa monitorou a programação da Band, CNT, Globo, Record, RedeTV!, SBT, TV Brasil, TV Cultura e TV Gazeta. Em 2015, 83,3% da programação desses canais foi criada no país.
“Não podemos dizer que houve crescimento. Há uma constância. A TV aberta sempre veiculou muita produção brasileira, como telejornais, programas religiosos, séries, filmes e novelas. De maneira geral, a nossa TV valoriza, sim, a programação nacional. O que ainda não ocorreu foi a valorização das produções independentes, principalmente por parte das TVs comerciais, que costumam veicular o material feito internamente. Em outros países, a TV aberta se constituiu levando em conta a produção independente local”, informa Alex Patêz Galvão, superintendente de análise de mercado da Ancine.
A pesquisa aponta o crescimento da exibição de séries produzidas no Brasil. Em 2015, foram veiculados 85 títulos. A TV Brasil (com 53%) e a TV Cultura (com 31%) permanecem como as emissoras que mais programaram séries e minisséries brasileiras. A Globo ocupa a terceira colocação, dedicando 10% do tempo de sua grade a essas produções.
Record, Band, SBT e TV Gazeta somam 6% do tempo destinado a esse tipo de programação. CNT e Rede TV! não programaram séries e minisséries brasileiras no ano passado.
DESENHO ANIMADO O gênero animação registrou crescimento, ocupando 24,9% da grade, enquanto se reduziu o percentual de documentários (23%). Ficção teve ligeiro crescimento, atingindo 52,1%. Um dado curioso: entre as séries brasileiras mais veiculadas no ano passado, as três primeiras do ranking são infantis: Dango balango, da Rede Minas, Castelo Rá Tim Bum e Que monstro te mordeu?, essas três da TV Cultura.
“O crescimento da veiculação das séries se deve a dois fatores. Primeiro, porque elas estão em alta. Segundo, devido aos efeitos da Lei 12.485/11 (que obriga a TV por assinatura a exibir, semanalmente, três horas e meia de conteúdo nacional). Produtores independentes viram a possibilidade de negociar projetos também com os canais abertos”, comenta Alex Patêz.
Ano passado, o cinema brasileiro também se fez presente na TV aberta, com 384 veiculações e 262 longas-metragens. Dirigido por Ana Rieper, o documentário Vou rifar meu coração foi a produção mais exibida: oito vezes.
De acordo com o levantamento da Ancine, a TV Brasil foi a emissora que mais programou longas nacionais em 2015 (120 títulos), seguida pela Globo (87) e TV Cultura (55). Não houve exibição de longas brasileiros na grade do SBT, que programou 177 veiculações de filmes estrangeiros. CNT, TV Gazeta e Rede TV! não exibiram filmes.
“Não é novidade a TV Brasil e a Cultura liderarem. Historicamente, são os canais públicos que mais veiculam e valorizam conteúdo nacional, principalmente a produção nacional independente”, conclui Alex Patêz Galvão.
1 CONTRA TODOS
Às segundas-feiras, às 22h40, no canal Fox
Vem por aí
Este ano, o serviço de streaming Netflix lançará a série 3%, primeira produção da plataforma digital rodada no Brasil. Escrito por Pedro Aguilera e dirigido por Cesar Charlone, o thriller futurista fala de um país dividido entre progresso e devastação. A trama se passa num Brasil pós-apocalíptico, onde algumas pessoas são selecionadas e outras impedidas de integrar uma sociedade de privilégios. O Netflix também anunciou parceria com o cineasta José Padilha numa série inspirada na Operação Lava-jato. “Esse projeto vai narrar a operação policial em si, mostrando detalhes sobre o maior esquema de corrupção já visto no Brasil”, informou Padilha, em comunicado divulgado pelo Netflix.