O crescimento dos serviços de vídeo por streaming, a chamada TV na internet, abriu novos nichos para levar o conteúdo até os espectadores. No embalo da popularidade da Netflix e da Amazon (ainda sem operar no Brasil), surgiu a segmentação das plataformas sob demanda por público, característica similar à das TVs por assinaturas, cujos canais são adaptados para telespectadores específicos.
O Oldflix oferece seleção de filmes clássicos. Afroflix possui catálogo voltado à cultura negra. Já o MECflix foi criado para atender estudantes que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No segmento religioso, a Igreja Universal do Reino de Deus lançou o Univer. Em breve, Silas Malafaia lançará o Gospel Play. Alguns reproduzem o modelo da Netflix, com proposta de conteúdo original, como a Afroflix. "Essa coisa da segmentação lembra um pouco a TV paga nesse esforço de alcançar um nicho específico. Canal que só tem programa de comida, de saúde, canal só de reality show", compara o crítico de tevê Maurício Stycer, autor do livro Adeus, controle remoto (Arquipélago editorial, R$ 41,90).
A segmentação é uma evolução da forma de distribuir o material. "Com a banda larga, a distribuição de conteúdo não é feita para o grande público. Passou a ser segmentada. Criou-se um mercado de nicho. Tem plataformas que são específicas para mercado", complementa o pesquisador e cineasta João Massarolo, da Universidade de São Carlos (SP).
Com 81 milhões de assinantes no mundo e presente em 190 países, a Netflix é o serviço de streaming mais popular no Brasil, país com mais de 25 milhões de pessoas com acesso à banda larga. "O número ainda é pouco. No mundo inteiro, o modo de distribuição de serviços sob demanda já está chegando ao nível máximo de mercado. No exterior, as pessoas assistem a mais conteúdo por plataformas que não sejam televisão. Mas, no Brasil e na América Latina, a nossa TV aberta tem uma identidade muito forte", analisa Massarolo.
Para o pesquisador, os serviços sob demanda não penetram com mais intensidade no país porque a TV aberta é muito forte. "É muito mais lenta a propagação dos serviços de streaming no país por um fator cultural. O povo latino-americano continua gostando de assistir à TV aberta", justifica.
Apesar da audiência da TV aberta estar cada vez mais dispersa e o número de assinantes da TV paga ter caído - atualmente, conta com 18,1 milhões, o que corresponde a 43.660 a menos que em março -, a adaptação das emissoras brasileiras para o cenário digital ainda é lenta. A Globo lançou em outubro do ano passado a plataforma online Globo Play, cujo catálogo contempla produções lançadas desde 2010, como minisséries e novelas. "Eles estão começando a se adaptar a esse modelo. Entendem que têm que produzir e ser mais versáteis para qualquer plataforma", analisa Stycer. Um dos exemplos recentes é o spin-off de Totalmente demais, exclusivo para o site, que conta com atores contratados apenas para o programa, como Letícia Lima (Porta dos Fundos) e Rafael Vitti (Malhação).
"No Brasil, há um problema terrível: as emissoras esperam que a Globo lance algo para depois lançar. Enquanto a Globo experimenta plataformas como Globo Play e Gshow, as outras estão paradas", compara João Massarolo. Emissoras como Record, SBT e Band se restringem a disponibilizar conteúdos de programas - ou apenas trechos - nos sites ou em aplicativos para smartphones.
- Streaming por nicho
Afroflix
O serviço gratuito e colaborativo brasileiro tem como proposta fornecer conteúdo audiovisual no qual uma área de atuação seja protagonizada por um negro. O catálogo é restrito. A prioridade são obras nacionais. No acervo, as séries Filhos de colombo e Palavra negra e os documentários Negro lá, negro cá e Rio da fé.
Oldflix
Objetivo é atrair fãs de clássicos. Por R$ 9,90, conta com 800 títulos, entre filmes, séries e animações lançados até 1990. Um rápido garimpo leva a Lolita, de Stanley Kubrick, faroestes de John Wayne e produções de Charles Chaplin. Assim como a Netflix, oferece período gratuito de teste - por uma semana.
Univer
A Igreja Universal do Reino de Deus lançou o serviço Univer, com assinatura de R$ 14. O catálogo tem séries, palestras, programas e filmes cristãos, mas as produções da Record (do bispo Edir Macedo) - como Os dez mandamentos - ficaram de fora (e estão na Netflix). Também transmitirá cultos do Templo de Salomão.
Safada.tv
O serviço de streaming é segmentado para fãs de pornografia. Com planos a partir de R$ 9,90, é possível que o assinante escolha marcas, atrizes ou atores que os assinantes mais gostam. "Todos os seus desejos em um único lugar", diz o anúncio do site.
MECflix
Educação é um setor que atrai investimento em streaming, como a plataforma norte-americano Udemy. O MECFlix foi criado pelo Ministério da Educação em maio, com videoaulas concentradas na preparação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O catálogo conta com cerca de 1,9 mil vídeos.
ClapMe
No segmento musical, o catálogo possui uma oferta de shows nacionais, como de Tiago Abravanel e Supla. O valor da assinatura é R$ 15,90. A empresa começou como plataforma para artistas fazerem shows ao vivo e ganhar gorjetas de fãs. Em janeiro, adaptou o modelo de negócios para o streaming.
O Oldflix oferece seleção de filmes clássicos. Afroflix possui catálogo voltado à cultura negra. Já o MECflix foi criado para atender estudantes que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No segmento religioso, a Igreja Universal do Reino de Deus lançou o Univer. Em breve, Silas Malafaia lançará o Gospel Play. Alguns reproduzem o modelo da Netflix, com proposta de conteúdo original, como a Afroflix. "Essa coisa da segmentação lembra um pouco a TV paga nesse esforço de alcançar um nicho específico. Canal que só tem programa de comida, de saúde, canal só de reality show", compara o crítico de tevê Maurício Stycer, autor do livro Adeus, controle remoto (Arquipélago editorial, R$ 41,90).
A segmentação é uma evolução da forma de distribuir o material. "Com a banda larga, a distribuição de conteúdo não é feita para o grande público. Passou a ser segmentada. Criou-se um mercado de nicho. Tem plataformas que são específicas para mercado", complementa o pesquisador e cineasta João Massarolo, da Universidade de São Carlos (SP).
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Para o pesquisador, os serviços sob demanda não penetram com mais intensidade no país porque a TV aberta é muito forte. "É muito mais lenta a propagação dos serviços de streaming no país por um fator cultural. O povo latino-americano continua gostando de assistir à TV aberta", justifica.
Apesar da audiência da TV aberta estar cada vez mais dispersa e o número de assinantes da TV paga ter caído - atualmente, conta com 18,1 milhões, o que corresponde a 43.660 a menos que em março -, a adaptação das emissoras brasileiras para o cenário digital ainda é lenta. A Globo lançou em outubro do ano passado a plataforma online Globo Play, cujo catálogo contempla produções lançadas desde 2010, como minisséries e novelas. "Eles estão começando a se adaptar a esse modelo. Entendem que têm que produzir e ser mais versáteis para qualquer plataforma", analisa Stycer. Um dos exemplos recentes é o spin-off de Totalmente demais, exclusivo para o site, que conta com atores contratados apenas para o programa, como Letícia Lima (Porta dos Fundos) e Rafael Vitti (Malhação).
"No Brasil, há um problema terrível: as emissoras esperam que a Globo lance algo para depois lançar. Enquanto a Globo experimenta plataformas como Globo Play e Gshow, as outras estão paradas", compara João Massarolo. Emissoras como Record, SBT e Band se restringem a disponibilizar conteúdos de programas - ou apenas trechos - nos sites ou em aplicativos para smartphones.
- Streaming por nicho
Afroflix
O serviço gratuito e colaborativo brasileiro tem como proposta fornecer conteúdo audiovisual no qual uma área de atuação seja protagonizada por um negro. O catálogo é restrito. A prioridade são obras nacionais. No acervo, as séries Filhos de colombo e Palavra negra e os documentários Negro lá, negro cá e Rio da fé.
Oldflix
Objetivo é atrair fãs de clássicos. Por R$ 9,90, conta com 800 títulos, entre filmes, séries e animações lançados até 1990. Um rápido garimpo leva a Lolita, de Stanley Kubrick, faroestes de John Wayne e produções de Charles Chaplin. Assim como a Netflix, oferece período gratuito de teste - por uma semana.
Univer
A Igreja Universal do Reino de Deus lançou o serviço Univer, com assinatura de R$ 14. O catálogo tem séries, palestras, programas e filmes cristãos, mas as produções da Record (do bispo Edir Macedo) - como Os dez mandamentos - ficaram de fora (e estão na Netflix). Também transmitirá cultos do Templo de Salomão.
Safada.tv
O serviço de streaming é segmentado para fãs de pornografia. Com planos a partir de R$ 9,90, é possível que o assinante escolha marcas, atrizes ou atores que os assinantes mais gostam. "Todos os seus desejos em um único lugar", diz o anúncio do site.
MECflix
Educação é um setor que atrai investimento em streaming, como a plataforma norte-americano Udemy. O MECFlix foi criado pelo Ministério da Educação em maio, com videoaulas concentradas na preparação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O catálogo conta com cerca de 1,9 mil vídeos.
ClapMe
No segmento musical, o catálogo possui uma oferta de shows nacionais, como de Tiago Abravanel e Supla. O valor da assinatura é R$ 15,90. A empresa começou como plataforma para artistas fazerem shows ao vivo e ganhar gorjetas de fãs. Em janeiro, adaptou o modelo de negócios para o streaming.