Homens feministas

Eles mostram que a luta não é só delas

16/04/2014 09:00

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

- AMIGO + AMIGOS

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

https://imgsapp2.uai.com.br/app/foto_13395239707/2014/04/16/2418/20140414085015643020a_300x200.JPG

16 de abril de 2014 - 09:00
Full Screen
Ver todas as fotos
Fechar
Fechar

Veja também:

Bonecos Funko da série Stranger things
Natasha Dantas - suposta namorada de bonner
Idosos fazem pedidos de presentes de natal
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Jovane Nunes - 44 anos - Ator, redator, humorista e empresário: 'Há uns dois meses, abri o salão com uma sócia. Ela entra com o expertise, eu com o dinheiro. Desde então, eu estou sempre aqui, monitorando tudo. Então, eu, que já vivia rodeado de mulheres - tenho duas filhas, a esposa, a mãe e a irmã (meu irmão mora fora de Brasília)-, fiquei mais ainda, com as funcionárias e as clientes, embora o salão também receba homens. Outro dia, até me fizeram depilar as orelhas, o nariz. O resultado foi ótimo. Mais homens deveriam tentar. Eu nunca presenciei nenhum caso extremo de machismo, como violência física, briga séria. Acho que eu me meteria. Não dá para ver algo assim e não fazer nada. Mas tem a situação que vivi em casa: meu pai trabalhava fora e minha mãe em casa.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Meu pai era muito trabalhador, mas domingo era dia de descansar. Minha mãe não tinha dia de descanso, já que cuidava da casa. Era de domingo a domingo. Os tempos eram outros, mas até hoje tem gente que acha que serviço doméstico é coisa de mulher. A sociedade moderna em que vivemos, na qual as mulheres já têm mais liberdade, não comporta. Hábitos machistas nos dias de hoje geram conflitos e tudo o que vemos por aí, violência de diversos tipos contra as mulheres. Elas acabam tendo que se esforçar mais para conquistar o mercado de trabalho, mesmo ganhando menos. E elas são muito mais dedicadas. E um dia a situação vai inverter, porque os homens estão acomodados.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Luiz Henrique Aguiar - 36 anos - psicólogo - Trabalha no atendimento a mulheres vítimas de violência: 'O machismo é danoso para a sociedade como um todo, porque ensina os homens a terem esse sentimento de posse, o que favorece a violência doméstica. Para os homens, a educação machista ensina que demonstrar afeto significa fragilidade, porque seria uma característica feminina e o homem aprende desde cedo que não pode ser feminino ou mesmo homossexual. Sentimentos como carinho e afeto são limitados, ao mesmo tempo em que são incentivadas a agressividade e a violência.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Com isso, os homens desenvolvem poucas habilidades para expressar seus sentimentos, não procuram ajuda porque são incentivados a resolver seus problemas sozinhos, geralmente de maneira violenta - por isso, são as principais vítimas de violência urbana. Muitas vezes, por 'defesa da honra', (os homens) acabam se envolvendo em violência doméstica e se expõem a situações de risco e de morte violenta. O machismo limita as potencialidades de homens e de mulheres e interfere nas relações sociais, especialmente na família. Ele abre campo para a violência se manifestar.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Jairo Roberto Pinheiro Lima - 57 anos - Engenheiro - 'Nós somos menos machistas do que no passado, quando a mulher era tratada como um mero objeto de prazer para os homens. Um dos últimos papéis de José Wilker, o da novela Gabriela, demonstrava bem como era essa relação. Hoje, elas são mais respeitadas e têm conquistado sua posição na sociedade, que é de todo direito delas, em cargos decisórios. Não cabe mais você comparar os seres humanos pelo sexo: todos somos iguais. Por isso, todos devem se respeitar para que tenhamos uma sociedade harmoniosa. Respeitar o próximo faz parte da dignidade humana. O lado mais nocivo do machismo continua sendo como ele faz com que a mulher seja vista como diferente simplesmente por ser mulher.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Até pouco tempo, a engenharia não era considerada uma formação de mulher. Hoje, há várias mulheres em carreiras que antes eram tidas como masculinas. Isso é também um sinal de respeito. Não ver a mulher de forma diferente do homem é o mais fundamental para enfrentar o machismo. Tanto que me afasto de quem acha que as mulheres não são iguais aos homens, porque esses têm a mente pequena para enxergar a realidade. Meus amigos vivem na base do respeito. E é assim que uma sociedade pode viver bem. O machismo ainda é grande e forte, mas é menos forte do que era. Isso é um sinal de que estamos evoluindo.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Yuri Soares - 28 anos - Historiador - Participou ativamente do movimento estudantil, do DCE da UnB e do CA de história, onde a pauta do feminismo e do machismo era frequentemente abordada: 'O machismo é uma postura histórica construída nas sociedades que, ao dividirem as tarefas por gênero, foram também construindo uma ideia de que ao homem cabem certos papéis e espaços e às mulheres, outras posturas e deveres, normalmente subalternos. Isso é bem difícil de desconstruir. Eu repudio o machismo porque ele priva as mulheres de certos espaços, por dificultar acessos. Acredito que o machismo também delimita o nosso papel. Só podemos ser de um jeito, temos de ser agressivos, procurar sempre espaços de poder, nunca recusar sexo. Acabamos enquadrados.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Obviamente, a pressão é menor do que as mulheres sofrem, o machismo acaba controlando o que o homem e a mulher querem e podem ser. Temos muito o que avançar em direitos trabalhistas, a média salarial das mulheres ainda é inferior, ainda mais se forem negras, quando o básico de qualquer sociedade democrática é garantir salários iguais para funções iguais. É difícil entender por que é tão difícil desconstruir isso, mas tenho sentido que tem mudado. Como qualquer mudança social, porém, é impossível contar em anos. É questão de gerações.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Zeu Matos - 28 anos - Assistente social - Participou do movimento estudantil durante a faculdade, onde o tema sempre foi muito recorrente, e aprendeu com as mulheres a entender o feminismo: 'Considero o machismo uma falta de respeito às mulheres em geral, incluindo também os transexuais, que são destratados como mulheres. É importante que os homens tomem a iniciativa de lutar contra a maré porque somos os principais sujeitos propagadores do machismo, ainda que muitas mulheres também sejam machistas.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Nas páginas da história, os homens que contribuíram para mudar a história sempre aparecem mais do que elas, que ficam de lado. Mas acho que, finalmente, estamos passando por uma transformação. Elas estão em cargos cada vez mais importantes, temos até uma presidente. Não dá para continuar sendo uma sociedade machista, que só traz violência e que atinge não só as mulheres, mas todas as pessoas próximas delas.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Antônio Coutinho - 46 anos - Chef: 'Eu acredito que o Brasil é machista por falta de educação. Hoje, as mães criam filhos que não podem chorar, que não podem demonstrar carinho e não podem reclamar se caem no chão. Eles já crescem machistas e aí é difícil mudar o ponto de vista - eles pensam que a mulher só existe para servir, que é uma faxineira. Mas mulher precisa de carinho, de amor. Todos temos direitos e, apesar do sexo, somos iguais. Para mudar a visão machista da sociedade, só com a educação básica.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Carlos Portocarreiro - 46 anos - Ginecologista - 'Há muitas queixas delas, quando chegam ao consultório, que envolvem o comportamento machista dos homens. O machismo causa um preconceito que faz até mesmo com que elas não cheguem a ir ao ginecologista, por pressão delas mesmas ou de seus companheiros. Com menos pressões desse tipo, até os cuidados com a saúde se tornariam melhores. Sou peruano e vejo que o comportamento latino traz ainda ensinamentos que oprimem a mulher.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Ainda vai levar tempo para que isso mude. Mas, com o avanço do acesso à informação, as mulheres conseguem falar mais e lutar mais contra o machismo. Basta ver a resposta que a pesquisa do Ipea recebeu, mesmo depois de rever os números. Mas eu creio que estamos em um caminho no qual todos seremos tratados com igualdade.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Plínio Perrú- 29 anos- Ator: 'Em relação ao machismo, a sociedade vem mudando, mas de forma muito mais lenta do que deveria. As mulheres ainda sofrem muito as consequências, com muitos problemas que ainda não estão sendo vistos da forma como deveriam. Hoje, elas sabem que têm o direito, que podem fazer o que quiserem. Mas cara feia ainda existe para muita coisa, que reflete na inversão de valores, como os salários tão desiguais entre homens e mulheres que têm a mesma função.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    O machismo traz uma diminuição da autoestima, dos sonhos delas, simplesmente porque parte dessa sociedade machista não quer aceitar que elas podem e têm o direito de realizá-los. O machismo priva as mulheres porque incita uma conspiração que limita seus esforços. As pessoas que estão à minha volta pensam como eu, mas sei que isso acontece porque estou inserido em um grupo que enxerga melhor os direitos que homens e mulheres têm.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Israel Soares - 24 anos - Engenheiro florestal: 'Lutar contra o machismo não é apenas uma bandeira minha, mas de todos os que estão ao meu redor. Desde a época de universidade até depois que eu comecei a trabalhar, e com meus amigos, todos estão lutando para vencer o machismo. Mas eu tenho certeza de que a mulher ainda tem muito o que conquistar, mesmo estando inserida no mercado de trabalho, por exemplo. Eu sou bastante otimista, vejo os avanços, como o funcionamento da Lei Maria da Penha.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Só que a violência ainda é muito maior com elas e muitas mulheres que conheço têm medo de sair sozinhas na rua. Os homens têm menos receio de fazer a mesma coisa. Nesse aspecto, temos de evoluir bastante, principalmente no Brasil. Porém, consigo ver que futuramente vou educar um filho e terei de fazer com que ele respeite a todos, independentemente de sexo, cor ou orientação sexual. Somos todos seres humanos e isso eu vou passar para o meu filho.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Sílvio Pozza - 31 anos - Profissional de tecnologia da informação - Trabalhou na ONG Mulheres por um ano : 'O machismo é uma construção histórica, e eu não consigo analisar de quem é a culpa. É reprovável sob várias óticas, o impacto na sociedade é totalmente negativo, tem-se retrocesso em várias possibilidades de avanço na ciência e na política por conta desse tipo de pensamento.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Historicamente, grandes impérios, que duraram muitos anos, eram igualitários - os egípcios e os mongóis são bons exemplos. E, desde o fim do século 19, quando começamos a ter mais registros de participação feminina, principalmente no mundo ocidental, é gritante o desenvolvimento. Em 130 anos, conseguimos andar o que freamos em 300. O machismo gera atraso.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Abaetê Queiroz - 36 anos - Ator: 'O machismo é uma forma violenta de tirar vantagem. Repudio porque sou contra a injustiça, não suporto ver o outro sofrendo, não entendo como as pessoas admitem isso. Repudio todo o tipo de maltrato, tudo o que é desumano. E o machismo é mais uma forma de desumanizar o outro.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Meu país é machista e alienado, e o machismo se prolifera, suja e vaza para todas as ramificações da nossa sociedade. Mas, com a era da informação mais democrática, na qual podemos saber do que acontece tanto no país do lado quanto do outro lado do planeta, somos pressionados a mudar.'
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    Mateus Dounis Guimarães - 28 anos - Gestor público - Trabalha com projetos de geração de renda para autonomia e emancipação das mulheres: 'Há séculos, o mundo é liderado por homens e compreendo que as injustiças sociais estão diretamente relacionadas a esse fato. Creio que, se tivéssemos mulheres à frente dos espaços de poder, teríamos um mundo menos desigual, porque, em geral, as mulheres são mais solidárias e nutrem mais sentimentos de humanidade.
  • Zuleika de Souza/CB/D.A Press
    A cultura machista e patriarcal é estruturada por dogmas e preconceitos, e suas consequências se apresentam, por vezes, sutis e tidas como comuns no senso crítico de muita gente. Por partir de um olhar de subjugação ou de objetificação das mulheres, o machismo desumaniza as pessoas. Além disso, a cultura machista e patriarcal foi absorvida pelo capitalismo como um mecanismo de opressão, constituindo-se como um dos principais obstáculos para o estabelecimento da justiça e da paz social.'
Tags: machismo feminismo ipea homens feministas violência contra a mulher

Galeria de fotos

Fotos: Bloco I Wanna Love You no carnaval de BH

Fotos: Bloco do Manjericão no Carnaval de BH

Fotos: Bloco Baque de Mina - carnaval de BH

Fotos: Bloco Pisa na Fulô no Carnaval de BH

Fotos: Bloco Baianeiros no carnaval de BH

Foto: Tiozões leva grupo de pagode para ruas do Barro Preto

Fotos: Bloco 'Magnólia' leva jazz e blues ao carnaval de BH

Fotos: Bloco Zeca Pet - carnaval de BH

'Fotos: bloco 'Juventude Bronzeada' desfila no Bairro Floresta, em BH